“— Remorsos... remorsos de quê? Pensa, Gervásio, que, desde o primeiro ano de casado, o meu marido não me traiu também? Qual é a mulher, por mais estúpida, ou mais indiferente, que não adivinhe, que não sinta o adultério do marido no próprio dia em que ele é cometido?...”.
A falência é um romance realista-naturalista da autora Julia Lopes de Almeida, publicado em 1901 e considerado o mais famoso de sua carreira.
A partir da obra, a autora levanta questionamentos sobre as diferenças de papéis sociais entre os gêneros, abordando principalmente a questão do adultério.
Por tocar nesses assuntos e incluir no romance personagens femininas com características que fugiam aos papéis impostos pela sociedade da época, A falência é considerada uma obra feminista e carrega consigo questões até hoje presentes na sociedade.
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Contemporânea de Machado de Assis, muito conhecida em sua época, foi uma intelectual bastante prestigiada por seu trabalho como escritora, que pôde viver de suas obras ao longo da vida, fato que bastante difícil até para os autores do período.
A escritora participou ativamente das discussões para a constituição da Academia Nacional de Letras, mas, apesar disso, não foi convidada para ser uma das integrantes da instituição exclusivamente pelo fato de ser mulher.
Ao longo de sua vida, Julia Lopes de Almeida lutou por causas relacionadas aos diretos das mulheres e incluiu temáticas sobre os papéis sociais de gênero em suas obras.
Narrada em 3º pessoa por um narrador onisciente, a obra se passa no Rio de Janeiro, aos finais do século XIX. No contexto histórico, o país passava por um período de transição e de modernização bastante acelerada, sendo o plano de fundo da trama.
O romance gira em torno do núcleo familiar das personagens Francisco Teodoro e Camila. O título faz referência tanto à questão financeira do empresário que se desdobra ao final do romance, quanto à parte do relacionamento extraconjugal de Camila, evidenciando a falência dos valores sociais da época.
Desta maneira, ao longo do romance, a autora também tem a delicadeza de apresentar os contrastes sociais ligados a diversos âmbitos, concentrando-se no retrato de uma sociedade machista e patriarcal que também beneficiava somente uma parcela da população: a elite. Assim, Julia Lopes de Almeida, em sua obra, aborda a crescente modernização do país, ao passo que nas questões sociais o conservadorismo ainda prevalecia.
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Francisco Teodoro é um português que chega pobre ao Brasil e constrói sua riqueza trabalhando como empresário do café, aproveitando-se do contexto nacional. Em determinado momento de sua vida, o personagem sente a necessidade de se casar como forma de cumprir o seu papel social. Assim, Teodoro conhece Camila, uma jovem que aceita casar-se com ele.
Dessa maneira, como era de costume ser retratado em romances da época, o casal se une por conveniência: Camila por saber que Francisco era um homem rico que poderia ajudar a ela e a sua família, e Francisco por ver em Camila uma boa opção de esposa, trazendo-lhe o status social que necessitava. Sendo assim, a relação dos dois tinha a ver com interesses e não com a relação amorosa. Fruto do casamento, Francisco Teodoro e Camila têm quatro filhos: Mário, Ruth, Raquel e Lia.
Na trama, a consolidação da fortuna de Francisco Teodoro é abordada em paralelo ao seu relacionamento amoroso com Camila, que não era de grande importância para ele. Sendo assim, a jovem esposa começa a ter um relacionamento extraconjugal com Dr. Gervásio, um médico muito erudito e amigo próximo da família, muito considerado por Teodoro justamente por seu prestígio social.
Em dado momento, Francisco Teodoro decide abandonar o comércio e investir seu dinheiro na bolsa de valores da época, a exemplo do que se observava de Gama Torres, investidor que acumulava riqueza a partir de seus investimentos em especulações financeiras. No entanto, ao fazê-lo, o ex-empresário não consegue perde todo o seu capital, indo à falência. Ao ver-se nessa situação considerada inaceitável, Francisco Teodoro se suicida.
Após a morte do marido, Camila e sua família ficam pobres e se veem obrigados a trabalhar. A filha do casal, Ruth, antes da falência da família, pede ao pai que dê uma casa de herança a Nina, sobrinha de Camila. O pai atende o pedido da filha e, ao final da trama, é nessa casa simples, da sobrinha antes rechaçada por todos, que a família toda vai morar.
Camila, após a morte do marido e vendo-se livre, vai atrás do médico com quem tinha relações extraconjugais. Ao propor a Dr. Gervásio que se casem, descobre que ele já era um homem casado.
Ao final do romance, última cena se mostra bastante importante dada as temáticas abordadas pela autora, pois nela todas as mulheres da trama aparecem exercendo algum tipo de trabalho para sobreviverem de seu próprio sustento.
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Personagem protagonista, de nacionalidade portuguesa, chega ao Brasil no auge do ciclo do café e consegue enriquecer como comerciante no Rio de Janeiro. Extremamente conservador, era monarquista e crítico à república. Sendo um grande empresário bem sucedido, buscava uma esposa para se encaixar aos moldes sociais da época.
Jovem de beleza muito notável que possui uma família prestes a retornar ao estado de Sergipe por dificuldades financeiras. Ao conhecer Francisco, aceita a proposta de casar-se com ele e, em troca, conseguir apoio financeiro para a sua família.
Filho mais velho do casal, jovem rebelde que descobre o caso da mãe com o amigo próximo da família e encontra uma maneira de chantageá-la. O personagem se aproveita da informação para conseguir dinheiro e se safar de qualquer cobrança da mãe. Ao final da trama, consegue um casamento rico, distanciando-se da família falida.
Filha do meio, adolescente pianista e voltada para as artes, permanece até o fim da trama junto da mãe, desconhecendo sobre o caso extraconjugal.
Gêmeas mais novas do casal, que não possuem uma participação muito grande na trama.
Governanta da casa e testemunha silenciosa de todos os acontecimentos, permanece com Camila até o final da trama.
Sobrinha de Camila, abandonada pelos pais e criada pela tia, vai morar de favor na casa do casal e é tratada como empregada, desenvolvendo uma paixão por Mário, que é mantida em segredo. Para que Francisco pudesse se casar com Camila, um dos acordos era ter que cuidar também de Nina.
Homem aventureiro e apaixonado por Camila que decide se afastar por conta das circunstâncias. Entendendo que Camila é casada e que mantém uma paixão por outro homem, Rino desiste de enfrentar as consequências de seus sentimentos, sabendo que sempre estaria em segundo plano.
Médico de bastante prestígio social e muito próximo da família. Por se achar um homem distinto e de muita cultura, tem um temperamento egocêntrico, sentindo-se no direito de corrigir a tudo e a todos. Francisco, por achar importante manter relações com pessoas como Dr. Gervásio, tem ele como um amigo muito próximo, não sabendo que o médico possuía um caso com sua esposa.
Personagem que está financeiramente em ascensão, aumentando a sua riqueza em consequência de seus investimentos na bolsa de valores da época. Francisco Teodoro, ao perceber como Gama Torres enriquecia a partir de seus investimentos, tenta seguir o mesmo caminho.
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"Era Noca, que vinha toda alterada. ─ Nossa Senhora! Quebrou-se o espelho grande do salão! ─ Quem foi que o quebrou? Perguntou Nina, para dizer alguma coisa. ─ Ninguém sabe. Veja só, que desgraça estará para acontecer! Espelho quebrado: morte ou ruína. ─ Morte! Se fosse a minha...”
(Júlia Lopes de Almeida, A Falência. Campinas: Editora da Unicamp, 2018, p. 257.).
O diálogo apresenta a reação das personagens femininas ao incidente doméstico com o objeto de decoração no palacete de Botafogo. Assinale a alternativa que justifica a fala final de Nina.