Em “Dom Casmurro”, conhecemos Bentinho, um garoto cuja mãe prometera que ele se tornaria padre. O que ela não esperava é que ele fosse se apaixonar por Capitu, a vizinha com olhos oblíquos e dissimulados.
A partir de um plano engenhoso, eles se livram da promessa e se casam, mas Bentinho, louco de ciúme, acredita que Capitu está cometendo adultério. Bentinho passa a acreditar que seu filho é, na verdade, fruto da relação de Capitu com seu melhor amigo, Escobar.
Nunca saberemos se Capitu traiu ou não, Machado de Assis fez questão de deixar essa questão em aberto, afinal, só temos o ponto de vista de um narrador não-confiável, que era motivado por um ciúme avassalador. Mas esse não é o ponto mais importante.
O relevante é perceber esse retrato de um homem da elite brasileira, que se afundou na melancolia e na tristeza ao ponto de ser conhecido como Dom Casmurro. Um homem que tenta voltar ao passado de todas as formas, mas não consegue, pois todos já morreram e ele está sozinho com as suas lembranças.
Por meio de divagações e conversas constantes com o leitor, o narrador provoca, ironiza e insulta o seu público-alvo. O leitor vira motivo de chacota, mas continua lendo. O objetivo de Machado de Assis era manter a atenção de quem estava lendo a obra.
Aqui, não há o sentimentalismo das obras românticas. Os personagens têm mais defeitos do que virtudes. Todos, de certa forma, são mesquinhos e interesseiros. Mas o que cativa o leitor é a ousadia do narrador em lhe mostrar tais personagens sob um ângulo irônico.