A terra
Cunha faz um verdadeiro relato tratado científico ao analisar o clima, o solo e a natureza presentes no cenário sertanejo. Até o relevo e a vegetação são investigados para ver como podem influenciar a vida das pessoas que ali habitam.
E o sertão é um vale fértil. É um pomar vastíssimo, sem dono.
Depois tudo isto se acaba. Voltam os dias torturantes; a atmosfera asfixiadora; o empedramento do solo; a nudez da flora; e nas ocasiões em que os estios se ligam sem a intermitência das chuvas -o espasmo assombrador da seca.
O homem
Na segunda parte, há trechos que se assemelham ao gênero romance. O autor apresenta o sertanejo, seus hábitos e cultura. É um verdadeiro estudo da antropologia.
Além disso, há a apresentação do líder messiânico Antônio Conselheiro, que reuniu tantas pessoas em uma comunidade autossuficiente, Belo Monte, atraindo a ira do governo brasileiro.
Ele quer explicar a gênese do fenômeno desse movimento religioso. O sertanejo precisava de apoio em algo, mas ele lutou para defender sua terra, seu direito. Ele lutou por igualdade e justiça.
O sertanejo é, antes de tudo, um forte. Não tem o raquitismo exaustivo dos mestiços neurastênicos do litoral.
A sua aparência, entretanto, ao primeiro lance de vista, revela o contrário. Falta-lhe a plástica impecável, o desempeno, a estrutura corretíssima das organizações atléticas.
A luta
Cunha faz um retrato fiel dos embates entre as tropas oficiais e o povo guerreiro de Belo Monte. Apesar de terem resistido bastante, acabam sendo destruídos pela impiedade do governo. Há muita morte e destruição.
Sua linguagem foi classificada como um barroco científico. Ao mesmo tempo que ele utiliza a ciência para amparar seus escritos, ele escreve de uma forma muito rebuscada e ornamentada, dando ênfase à argumentação, o que lembra bastante o movimento barroco.
Era assombroso... Como um manequim terrivelmente lúgubre, o cadáver desaprumado, braços e pernas pendidos, oscilando à feição do vento no galho flexível e vergado, aparecia nos ermos feito uma visão demoníaca.