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Euclides da Cunha

Literatura - Manual do Enem
Laisa Ribeiro Publicado por Laisa Ribeiro
 -  Última atualização: 28/7/2022

Índice

Introdução

“O sertanejo é, antes de tudo, um forte.” Essa é uma das frases mais famosas da literatura brasileira e foi dita por Euclides da Cunha na obra “Os Sertões, publicada em 1902.

Assim começa o pré-modernismo no Brasil: com uma obra que começou como uma matéria para um jornal sobre a Guerra de Canudos e terminou como uma obra-prima sobre o ser humano que vive no interior do país em plena miséria.

Ele descreve com detalhes como as tropas do governo decapitaram o líder religioso Antônio Conselheiro e foram impiedosos com a população.

As influências de Cunha foram muitas e isso ajudará a entender a sua obra. Ele era fã de Victor Hugo e de seus romances sociais, como “O Corcunda de Notre Dame” e “Os Miseráveis”. Ao mesmo tempo, o escritor brasileiro era um grande adepto das leituras de Sociologia, incluindo autores como Marx e Durkheim.

Os Sertões

Sua obra-prima também terá um pouco de romance e um pouco de tratado científico e antropológico: “Os Sertões” consegue unir todos esses gêneros dentro de si, o que é uma das inovações do pré-modernismo.

A presença do romance fica evidente na frase que usamos como exemplo: o autor descreve o sertanejo como se ele fosse um herói de um romance. Mas no começo não foi bem assim.

Quando Cunha os vê pela primeira vez acha que eles são um povo fraco, cansado, pobre. Todavia, quando eles montam em seus cavalos e vão para as vaquejadas ou para a luta, se tornam outras pessoas, parecem soldados dignos de um romance de cavalaria.

Por isso, o escritor usa uma antítese para explicar o sertanejo, porque ele é um paradoxo: Hércules-Quasímodo. Ao mesmo que ele é extremamente forte como o personagem da mitologia grega, ele também é fraco e debilitado como o corcunda que mora em Notre Dame no romance de Victor Hugo. A forma como o autor vê o sertanejo é contraditória.

Ele tem uma forte influência do naturalismo, uma vez que é determinista: acredita que o ser humano é fruto do meio em que vive. Ele não culpa a degradação do indivíduo em meio à miséria que assolava o sertão nordestino.

Nesse cenário, ele antecipa uma temática muito importante da terceira geração do modernismo: os romances regionais.

As três partes de “Os Sertões”

A terra

Cunha faz um verdadeiro relato tratado científico ao analisar o clima, o solo e a natureza presentes no cenário sertanejo. Até o relevo e a vegetação são investigados para ver como podem influenciar a vida das pessoas que ali habitam.

E o sertão é um vale fértil. É um pomar vastíssimo, sem dono.

Depois tudo isto se acaba. Voltam os dias torturantes; a atmosfera asfixiadora; o empedramento do solo; a nudez da flora; e nas ocasiões em que os estios se ligam sem a intermitência das chuvas -o espasmo assombrador da seca.

O homem

Na segunda parte, há trechos que se assemelham ao gênero romance. O autor apresenta o sertanejo, seus hábitos e cultura. É um verdadeiro estudo da antropologia.

Além disso, há a apresentação do líder messiânico Antônio Conselheiro, que reuniu tantas pessoas em uma comunidade autossuficiente, Belo Monte, atraindo a ira do governo brasileiro.

Ele quer explicar a gênese do fenômeno desse movimento religioso. O sertanejo precisava de apoio em algo, mas ele lutou para defender sua terra, seu direito. Ele lutou por igualdade e justiça.

O sertanejo é, antes de tudo, um forte. Não tem o raquitismo exaustivo dos mestiços neurastênicos do litoral.

A sua aparência, entretanto, ao primeiro lance de vista, revela o contrário. Falta-lhe a plástica impecável, o desempeno, a estrutura corretíssima das organizações atléticas.

A luta

Cunha faz um retrato fiel dos embates entre as tropas oficiais e o povo guerreiro de Belo Monte. Apesar de terem resistido bastante, acabam sendo destruídos pela impiedade do governo. Há muita morte e destruição.

Sua linguagem foi classificada como um barroco científico. Ao mesmo tempo que ele utiliza a ciência para amparar seus escritos, ele escreve de uma forma muito rebuscada e ornamentada, dando ênfase à argumentação, o que lembra bastante o movimento barroco.

Era assombroso... Como um manequim terrivelmente lúgubre, o cadáver desaprumado, braços e pernas pendidos, oscilando à feição do vento no galho flexível e vergado, aparecia nos ermos feito uma visão demoníaca.

Outras referências

Cunha buscava um realismo absoluto no que descrevia. Desejava uma precisão científica. Por isso, o livro não pode ser considerado um romance. Não há personagens ficcionais.

E em sua singularidade está sua importância: com a fusão de tantos gêneros, é feito um verdadeiro estudo sobre o povo brasileiro e sobre as lutas sociais em face da desigualdade social e do descaso dos governantes.

Entender a luta de Canudos ajuda a compreender a luta de diversos povos que lutam até hoje por moradia e outros direitos humanos que deveriam ser garantidos pelo próprio governo.

O livro foi um sucesso imediato. Ficou curiosos para conhecer melhor essa história? Assista ao filme Guerra de Canudos, de 1999. Ele é ótimo e está disponível no YouTube.

Exercício de fixação
Passo 1 de 3
ENEM

TEXTO I

Canudos não se rendeu. Exemplo único em toda a história, resistiu até o esgotamento completo. Vencido palmo a palmo, na precisão integral do termo, caiu no dia 5, ao entardecer, quando caíram os seus últimos defensores, que todos morreram. Eram quatro apenas: um velho, dois homens feitos e uma criança, na frente dos quais rugiam raivosamente cinco mil soldados.

(CUNHA, E. Os sertões. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1987.)

TEXTO II

Na trincheira, no centro do reduto, permaneciam quatro fanáticos sobreviventes do extermínio. Era um velho, coxo por ferimento e usando uniforme da Guarda Católica, um rapaz de 16 a 18 anos, um preto alto e magro, e um caboclo. Ao serem intimados para deporem as armas, investiram com enorme fúria. Assim estava terminada e de maneira tão trágica a sanguinosa guerra, que o banditismo e o fanatismo traziam acesa por longos meses, naquele recanto do território nacional.

(SOARES, H. M. A Guerra de Canudos. Rio de Janeiro: Altina, 1902.)

Os relatos do último ato da Guerra de Canudos fazem uso de representações que se perpetuariam na memória construída sobre o conflito. Nesse sentido, cada autor caracterizou a atitude dos sertanejos, respectivamente, como fruto da

A manipulação e incompetência.
B ignorância e solidariedade.
C hesitação e obstinação.
D esperança e valentia.
E bravura e loucura.
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