A escansão é o processo de contar as sílabas poéticas de um poema. Trata-se de uma técnica utilizada para estudar os efeitos musicais da composição e analisar o ritmo imposto à leitura. A escansão é especialmente importante para a poesia clássica, como sonetos, trovas e haicais.
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A escansão é o exercício de contar as sílabas poéticas que compõem os versos de um poema, geralmente para conferirmos sua métrica e podermos classificá-lo ou não em um poema de forma fixa, como soneto, ode, balada, etc.
Quando precisamos fazer uma escansão, temos que ter em mente que essa contagem possui algumas coisas bem específicas, o que faz com que as sílabas poéticas nem sempre coincidam com as sílabas gramaticais (aquelas que a gente separa quando vamos aprender a ler nas aulas de português, lembram?).
Por isso, devemos prestar bastante atenção em como fazer a escansão e em como não confundir os dois tipos de sílabas. Assim, as sílabas poéticas são mais relacionadas com os sons (já que os poemas têm uma preocupação grande com o ritmo, pois, quando esse gênero foi inventado, ele era lido em voz alta ou cantado), e por isso, a última sílaba tônica do verso sempre vai indicar o fim da escansão. e em alguns casos, pode haver união fonética, pois os sons são lidos como juntos quando lemos em voz alta.
Eu sei que deve estar parecendo algo meio difícil, mas calma! Abaixo você pode conferir algumas dicas para fazer a escansão e logo você irá aprendê-la de cor.
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Vamos ver alguns exemplos mais simples para vermos como isso funciona:
Nesse caso, vamos contar apenas até “mei”, que é a última sílaba tônica, já que a seguinte (“ras”) é muito mais fraca, e deve ser excluída da contagem.
Nesse caso, vamos contar apenas até “man”, pois é a última sílaba tônica do verso. Além disso, é importante notarmos que, na terceira sílaba poética, o “que” e o “es” se juntaram numa sílaba só, porque temos duas vogais juntas. Viu, não é tão complicado, né?
Aqui, vamos escandir um poema inteiro para que possamos praticar um pouco as nossas habilidades e vermos como podemos aplicar a escansão em cada verso. Vamos fazer a escansão do Soneto da Fidelidade, escrito por Vinícius de Moraes e que, por ser um soneto, tem 10 sílabas poéticas em cada verso (já que é um tipo de poema de forma fixa).
Note que eu vou colocar em negrito quando temos junções fonéticas (quando duas vogais se juntam) e quando temos a última sílaba poética no verso, sublinhando a sílaba que vai ser ignorada na contagem.
“De/ tu/do ao/ meu/ a/mor/ se/rei/ a/ten/to
An/tes/, e/ com/ tal/ ze/lo, e/ sem/pre, e/ tan/to
Que/ mes/mo em/ fa/ce/ do/ mai/or/ en/can/to
De/le/ se en/can/te/ mais/ meu/ pen/sa/men/to.
Que/ro/ vi/vê-/lo em/ ca/da/ vão/ mo/men/to
E em/ seu/ lou/vor/ hei/ de es/pa/lhar/ meu/ can/to
E/ rir/ meu/ ri/so e/ de/rra/mar/ meu/ pran/to
Ao/ seu/ pe/sar/ ou/ seu/ con/ten/ta/men/to.
E a/ssim/, quan/do/ mais/ tar/de/ me/ pro/cu/re
Quem/ sa/be a/ mor/te, an/gús/tia/ de/ quem/ vi/ve
Quem/ sa/be a/ so/li/dão/, fim/ de/ quem/ a/ma.
Eu/ po/ssa/ me/ di/zer/ do a/mor/ (que/ ti/ve):
Que/ não/ se/ja i/mor/tal,/ pos/to/ que é/ cha/ma
Mas/ que/ se/ja in/fi/ni/to en/quan/to/ du/re.”
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Além de tudo isso que aprendemos, é importante sabermos que, ao contarmos as sílabas poéticas de cada verso, podemos dar um nome para esse verso (dependendo desse número de sílabas poéticas). Assim, temos os seguintes nomes para os versos:
1 sílaba – Monossílabo
2 sílabas – Dissílabo
3 sílabas – Trissílabo
4 sílabas – Tetrassílabo
5 sílabas – Pentassílabo ou Redondilha Menor
6 sílabas – Hexassílabo
7 sílabas – Heptassílabo ou Redondilha Maior
8 sílabas – Octossílabo
9 sílabas – Eneassílabo
10 sílabas – Decassílabo
11 sílabas – Hendecassílabo
12 sílabas – Dodecassílabo
13 ou mais sílabas poéticas – Bárbaro
Além disso, quando diferentes versos têm o mesmo número de sílabas poéticas, podem ser nomeados de versos isométricos, enquanto os que têm irregularidade nesse número são chamados de versos heterométricos.
Por fim, temos também os versos livres, que não se preocupam com a métrica, ou seja, não se preocupam com quantas sílabas poéticas cada verso terá, sendo muito comuns em poemas do Modernismo.
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A questão aborda um poema do português Eugênio de Castro (1869-1944).
MÃOS
Mãos de veludo, mãos de mártir e de santa,
o vosso gesto é como um balouçar de palma;
o vosso gesto chora, o vosso gesto geme, o vosso gesto canta!
Mãos de veludo, mãos de mártir e de santa,
rolas à volta da negra torre da minh’alma.
Pálidas mãos, que sois como dois lírios doentes,
Caridosas Irmãs do hospício da minh’alma,
O vosso gesto é como um balouçar de palma,
Pálidas mãos, que sois como dois lírios doentes...
Mãos afiladas, mãos de insigne formosura,
Mãos de pérola, mãos cor de velho marfim,
Sois dois lenços, ao longe, acenando por mim,
Duas velas à flor duma baía escura.
Mimo de carne, mãos magrinhas e graciosas,
Dos meus sonhos de amor, quentes e brandos ninhos,
Divinas mãos que me heis coroado de espinhos,
Mas que depois me haveis coroado de rosas!
Afilhadas do luar, mãos de rainha,
Mãos que sois um perpétuo amanhecer,
Alegrai, como dois netinhos, o viver
Da minha alma, velha avó entrevadinha.
(Obras poéticas, 1968.)
Verifica-se certa liberdade métrica na construção do poema. Na primeira estrofe, tal liberdade comprova-se pela: