Ao abrir a página da Netflix, você e seus amigos se preparam para assistir a um filme. A primeira pergunta que você faz aos seus amigos é: “qual é o gênero do filme que assistiremos?”.
Sua amiga quer assistir a um filme de horror, como O chamado, mas o seu amigo, que é um grande fã de Adam Sandler, quer ver algo do gênero comédia romântica, como Click. Além disso, há muitos outros gêneros disponíveis - como drama, suspense, comédia...
Pensamos em gêneros dentro do cinema o tempo inteiro, mas e na Literatura? Ela também possui gêneros? A resposta é sim!
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Gêneros são categorias para classificar uma obrade acordo com a sua forma e o seu conteúdo. Obras do mesmo gênero terão características extremamente parecidas. Por exemplo, todo filme de terror tem um monstro ou algo que dê medo nos espectadores.
Na Literatura, acontece a mesma coisa. Entrar em uma biblioteca é como entrar em um grande catálogo real da Netflix, em que cada obra compartilha características com outras obras do mesmo gênero. Quer um exemplo? Toda obra literária do gênero dramático será feita para o mundo teatral, logo, sempre terá diálogos.
Dentro do mundo das palavras, há três gêneros literários:
O gênero lírico é constituído de obras escritas em versos. Ou seja: sonetos, poesias, odes, haicais…
Suas características incluem linguagem poética, caráter subjetivo e sentimental – esses são os motivos pelos quais as obras poéticas acerca do amor são tão abundantes. Esse gênero é predominantemente escrito em primeira pessoa, fator que contribui para a subjetividade.
Um exemplo está presente nos versos iniciais do primeiro dos 154 sonetos de Shakespeare, famoso dramaturgo inglês:
“Dentre os mais belos seres que desejamos enaltecer,
Jamais venha a rosa da beleza a fenecer,
Porém mais madura com o tempo desfaleça,
Seu suave herdeiro ostentará a sua lembrança”
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O gênero épico, por sua vez, é formado por narrações de grandes acontecimentos, como batalhas históricas ou o aparecimento de seres mitológicos. Um exemplo é a Odisseia, de Homero – história clássica do retorno de Ulisses para sua terra natal após a Guerra de Tróia.
Atualmente, o termo “épico” passou a ser chamado de “narrativo”. Está presente em romances, contos, fábulas, crônicas, etc.
Algumas características essenciais do gênero épico influenciaram praticamente todas as obras literárias que vieram após seu advento, como por exemplo: a presença de um narrador, de um enredo, de um tempo e de um espaço determinados e de personagens.
Exemplo disso é a primeira frase do livro Dom Casmurro, de Machado de Assis. Nele, há a narração, em primeira pessoa, de uma ação, de um local, de um tempo e de um personagem:
“Uma noite destas, vindo da cidade para o Engenho Novo, encontrei num trem da Central um rapaz aqui do bairro, que eu conheço de vista e de chapéu”.
O gênero dramático abarca todas as obras criadas para os palcos, para o teatro. Por isso, os diálogos são estruturas essenciais, uma vez que é dessa forma que os personagens e a ações são desenvolvidas.
Alguns exemplos de gênero literário que são levados para os palcos são as tragédias – que Aristóteles considerava a forma mais sublime da escrita –, as comédias e as farsas.
Citando Shakespeare novamente, segue uma cena da tragédia Hamlet, em que o personagem Marcelo declama uma das frases mais famosas da obra shakespeariana:
“MARCELO: Vamos segui-lo; é um erro obedecer agora.
HORÁCIO: Vou com você. Mas o que é que quer dizer isso?
MARCELO: Há algo de podre no Estado da Dinamarca.”
Os gêneros literários são bem específicos diante de suas particularidades. É muito fácil identificar uma obra por causa desses detalhes.
Faça um exercício: sempre que pegar um livro na biblioteca ou em uma livraria, ao abri-lo e folheá-lo, você entrará, rapidamente, em contato com a estrutura narrativa e o conteúdo da obra. Após esse contato, tente classificá-lo dentro de um dos três gêneros literários. Logo, você virará um expert no assunto.
Soneto de fidelidade
(Vinicius de Moraes)
De tudo, ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.
Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento.
E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama
Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.
Nos dois primeiros quartetos do soneto de Vinicius de Moraes, delineia-se a ideia de que o poeta: