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Crônica: o que é, exemplos e quais são os tipos de crônicas

Redação - Manual do Enem
Bianca Ferraz Publicado por Bianca Ferraz
 -  Última atualização: 22/8/2023

Índice

Introdução

O que é uma crônica?

A crônica é uma mistura única de observação, reflexão e prosa. Diferentemente de outros gêneros literários, ela não exige uma trama complexa ou personagens elaborados. Em vez disso, a crônica destaca o ordinário, encontrando significado e emoção nas sutilezas da vida diária.

Definição e etimologia da palavra "crônica"

A palavra "crônica" deriva do latim "chronica", que por sua vez origina-se do grego "khronika". Em sua raiz, o termo "khronos" significa "tempo", o que nos dá uma ideia da essência dessa forma literária e jornalística. A crônica é, em sua natureza, uma reflexão sobre o tempo, os eventos e as pessoas, geralmente centrada em episódios do cotidiano.

Caracteristicas de uma crônica

  1. Presença do Cronista: Em muitas crônicas, o autor se coloca como personagem ou observador dos acontecimentos, interagindo diretamente com o leitor.

  2. Instantaneidade: Por serem frequentemente publicadas em jornais e revistas, as crônicas muitas vezes abordam temas recentes e atuais, refletindo acontecimentos ou moods do momento.

  3. Versatilidade de Gênero: A crônica pode mesclar diferentes gêneros literários, como o lírico, o narrativo e o dissertativo.

  4. Caráter Urbano: Muitas crônicas possuem um forte elemento urbano, descrevendo cenas, personagens e peculiaridades da vida na cidade.

  5. Cunho Social: Algumas crônicas têm um forte componente social, abordando injustiças, desigualdades ou peculiaridades da sociedade.

  6. Estilo Conversacional: A crônica pode adotar um tom conversacional, como se o autor estivesse em um diálogo direto com o leitor.

  7. Empatia: Devido à sua natureza reflexiva e observacional, a crônica frequentemente evoca sentimentos de empatia no leitor, seja pela identificação com uma situação descrita ou pela capacidade do cronista de capturar nuances emocionais.

Exemplos de crônicas

  • Rubem Braga:

    • "O Conde e o Passarinho"
    • "O homem rouco"
    • "A velha contrabaixista"
  • Fernando Sabino:

    • "A última crônica"
    • "O menino no espelho"
    • "Mar de histórias"
  • Carlos Drummond de Andrade:

    • "No meio do caminho"
    • "Ser"
    • "E agora, José?"
  • Clarice Lispector:

    • "Amor"
    • "A descoberta do mundo"
    • "Feliz aniversário"

Os tipos de crônica

  1. Crônica Narrativa:

    • Descrição: Relata uma história com começo, meio e fim. Pode ter personagens e diálogos, e geralmente possui uma reviravolta ou conclusão surpreendente.
    • Exemplo: “Ai de ti, Copacabana”, de Rubem Braga. Nesta crônica, o autor narra a história de um réveillon em Copacabana, misturando realidade e ficção.
  2. Crônica Descritiva:

    • Descrição: Foca na descrição detalhada de pessoas, lugares ou situações, buscando fazer o leitor visualizar e sentir o que está sendo descrito.
    • Exemplo: “A alma encantadora das ruas”, de João do Rio. O autor descreve a cidade do Rio de Janeiro, seus habitantes e suas peculiaridades de forma detalhada e poética.
  3. Crônica Reflexiva:

    • Descrição: Faz uma reflexão profunda sobre um tema, levando o leitor a pensar e, muitas vezes, questionar certas realidades ou comportamentos.
    • Exemplo: “O Homem e a Água”, de Fernando Sabino. Esta crônica apresenta reflexões sobre a relação entre o homem e a água, abordando temas como poluição e desperdício.
  4. Crônica Humorística:

    • Descrição: Utiliza o humor, seja por meio da ironia, do sarcasmo ou de situações cômicas, para entreter e, muitas vezes, criticar.
    • Exemplo: “Gramática da Fantasia”, de Stanislaw Ponte Preta (pseudônimo de Sérgio Porto). O autor utiliza o humor para satirizar e criticar diversos aspectos da sociedade brasileira.
  5. Crônica Lírica:

    • Descrição: Apresenta um forte componente emocional, expressando sentimentos, sensações e emoções do autor.
    • Exemplo: "A última crônica", de Fernando Sabino. Nela, o autor faz uma reflexão lírica sobre a vida, a morte e o ato de escrever.
  6. Crônica de Opinião:

    • Descrição: O autor expõe sua opinião sobre um tema atual, muitas vezes com uma postura crítica ou analítica.
    • Exemplo: Muitas das crônicas de Carlos Heitor Cony têm essa característica. Em suas colunas para jornais, ele frequentemente comentava sobre a política e a sociedade brasileira, expondo suas opiniões de forma crítica e incisiva.
  7. Crônica Social:

    • Descrição: Aborda aspectos da sociedade, denunciando injustiças, desigualdades ou retratando costumes e comportamentos.
    • Exemplo: “As Meninas”, de Lygia Fagundes Telles. A autora aborda a vida de jovens mulheres na São Paulo dos anos 70, refletindo sobre os desafios, as pressões sociais e as transformações da época.

Estrutura de uma crônica

  1. Tema do Cotidiano: A crônica geralmente aborda temas da vida diária, transformando o ordinário em algo extraordinário através da perspectiva do cronista. Pode ser um acontecimento simples, uma observação de algo corriqueiro ou uma reflexão sobre algo que afeta a todos.

  2. Tonalidade Pessoal: O cronista imprime sua personalidade e perspectiva no texto, tornando a crônica um gênero muito pessoal e subjetivo. Isso pode se manifestar em opiniões, humor, sarcasmo, ironia ou reflexões profundas.

  3. Linguagem Simples e Direta: Em geral, a crônica utiliza uma linguagem próxima da fala cotidiana, tornando-a acessível e fácil de ser compreendida. Isso não significa que não possa haver riqueza linguística ou recursos estilísticos; muitos cronistas são mestres na arte de jogar com as palavras.

  4. Brevidade: Crônicas são, em sua maioria, textos curtos, pensados para serem lidos em poucos minutos. Isso se deve, em parte, à sua origem em jornais e revistas, onde o espaço era limitado.

  5. Estrutura Narrativa: Muitas crônicas possuem uma estrutura narrativa, com começo, meio e fim. Podem apresentar personagens, diálogos e descrições, semelhantes a um conto, mas sempre com um olhar voltado para o cotidiano.

  6. Conclusão ou Reflexão Final: Muitas crônicas terminam com uma conclusão ou reflexão, que pode ser uma observação aguda, uma piada ou uma mensagem mais profunda. Esta "moral da história", muitas vezes, é o que fica na mente do leitor.

  7. Contextualização: Devido à natureza cotidiana da crônica, ela frequentemente reflete o contexto social, político e cultural da época em que foi escrita. Por isso, crônicas de décadas passadas podem oferecer insights valiosos sobre a sociedade da época.

 

Exercício de fixação
Passo 1 de 3
ENEM/2008

São Paulo vai se recensear. O governo quer saber quantas pessoas governa. A indagação atingirá a fauna e a flora domesticadas. Bois, mulheres e algodoeiros serão reduzidos a números e invertidos em estatísticas. O homem do censo entrará pelos bangalôs, pelas pensões, pelas casas de barro e de cimento armado, pelo sobradinho e pelo apartamento, pelo cortiço e pelo hotel, perguntando:

— Quantos são aqui?

Pergunta triste, de resto. Um homem dirá:

— Aqui havia mulheres e criancinhas. Agora, felizmente, só há pulgas e ratos.

E outro:

— Amigo, tenho aqui esta mulher, este papagaio, esta sogra e algumas baratas. Tome nota dos seus nomes, se quiser. Querendo levar todos, é favor... (...)

E outro:

— Dois, cidadão, somos dois. Naturalmente o sr. não a vê. Mas ela está aqui, está, está! A sua saudade jamais sairá de meu quarto e de meu peito!

(Fragmento de: Rubem Braga. Para gostar de ler. v. 3. São Paulo: Ática, 1998, p. 32-3)

O fragmento acima, em que há referência a um fato sócio-histórico — o recenseamento —, apresenta característica marcante do gênero crônica ao:

A expressar o tema de forma abstrata, evocando imagens e buscando apresentar a ideia de uma coisa por meio de outra.
B manter-se fiel aos acontecimentos, retratando os personagens em um só tempo e um só espaço.
C contar história centrada na solução de um enigma, construindo os personagens psicologicamente e revelando-os pouco a pouco.
D evocar, de maneira satírica, a vida na cidade, visando transmitir ensinamentos práticos do cotidiano, para manter as pessoas informadas.
E valer-se de tema do cotidiano como ponto de partida para a construção de texto que recebe tratamento estético.
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