A dissertação é, sem dúvidas, um dos gêneros textuais mais cobrados em exames e vestibulares do Brasil. Prova disso é o ENEM, que solicita aos candidatos a elaboração de um texto do gênero dissertativo-argumentativo.
Para entender como se estrutura o texto e conseguir elaborá-lo de maneira adequada, é necessário, em primeiro lugar, saber o que significa dizer que um texto é dissertativo-argumentativo.
Dissertar significa falar sobre algo, expor um assunto de maneira abrangente e aprofundada. É esse o primeiro objetivo de um texto dissertativo-argumentativo: discorrer
sobre um tema específico.
Apenas falar sobre um tema, no entanto, não é o suficiente: é necessário argumentar sobre ele. Argumentar significa apresentar dados, ideias, provas que fundamentam uma tese, ou seja, um posicionamento crítico sobre o tema em questão.
Em resumo, o texto dissertativo-argumentativo deve falar sobre um tema a partir de um ponto de vista crítico a respeito da temática e, além disso, é necessário comprovar a validade desse posicionamento por meio de uma argumentação bem fundamentada, que utiliza dados estatísticos, citações, entre outros recursos possíveis.
Esse tipo de texto é formado por três partes: a introdução, o desenvolvimento (ou argumentação) e a conclusão.
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A introdução de um texto dissertativo-argumentativo tem como papel principal apresentar o tema que será debatido ao longo do texto e mostrar qual é o posicionamento crítico que será defendido. A esse posicionamento, dá-se o nome de tese. A tese é, portanto, a principal ideia que o texto deve conseguir comprovar em sua argumentação.
A introdução pode ser construída de diversas formas. É possível, por exemplo, iniciar um texto fazendo uma alusão histórica, construindo uma comparação, por meio de uma citação (seja ela direta ou indireta), pela definição de um conceito, pela exemplificação (com dados estatísticos, por exemplo), entre outras maneiras.
O papel da introdução é de extrema importância, pois, além de mostrar aquilo que será discutido no texto, é a introdução que instiga o leitor a continuar a leitura do texto, e, por isso, ela deve ser cuidadosamente planejada. Nesse sentido, a introdução funciona como um convite ao leitor para que ele se aprofunde na discussão sobre o tema debatido.
O desenvolvimento de um texto dissertativo-argumentativo também pode ser chamado de argumentação, porque é nele que os argumentos selecionados para comprovar a tese devem ser explorados.
De modo geral, um texto dissertativo-argumentativo apresenta quatro parágrafos: o primeiro é a introdução, o último é a conclusão e os dois parágrafos centrais são dedicados a desenvolver os argumentos escolhidos.
Esse desenvolvimento deve ser bem fundamentado. Ou seja, deve-se mostrar que as ideias apresentadas não são apenas “achismos” ou opiniões, elas devem ser amparadas por elementos como dados estatísticos, estudos realizados, citações, entre outros.
O papel do desenvolvimento nesse tipo de texto é, portanto, comprovar aquilo que foi anunciado na tese, ainda no primeiro parágrafo.
A conclusão do texto dissertativo-argumentativo deve encerrar o debate realizado acerca do tema. Tendo esse objetivo, não é adequado que a conclusão apresente elementos que não foram anteriormente trabalhados no texto.
Assim, é importante que a conclusão seja coerente com o que foi dito na introdução e no desenvolvimento. Lembre-se de que a conclusão deve poder ser apreendida do texto.
Uma maneira de construir a conclusão de um texto dissertativo é a síntese. Na conclusão por síntese, é feita a retomada das principais ideias que foram trabalhadas ao longo da produção e, a partir disso, a tese é reafirmada.
Nos últimos anos, com o crescimento da importância do ENEM, um outro tipo de conclusão começou a ser bastante praticado: a conclusão por proposta de intervenção. Esse tipo de conclusão pode ser utilizado quando o tema do texto é um problema a ser resolvido.
Para construí-la, deve-se pensar em quais são as medidas necessárias para resolver o problema em questão, quais são os agentes responsáveis por colocar essas ações em prática, como isso poderia ser feito e quais os efeitos esperados a partir dessas medidas.
"É comum, no Brasil, a prática de tortura contra presos. A tortura é imoral e constitui crime.
Embora não exista ainda nas leis penais a definição do 'crime de tortura', torturar um preso ou detido é abuso de autoridade somado à agressão e lesões corporais, podendo qualificar-se como homicídio, quando a vítima da tortura vem a morrer. Como tem sido denunciado com grande frequência, policiais incompetentes, incapazes de realizar uma investigação séria, usam a tortura para obrigar o preso a confessar um crime. Além de ser um procedimento covarde, que ofende a dignidade humana, essa prática é legalmente condenada. A confissão obtida mediante tortura não tem valor legal e o torturador comete crime, ficando sujeito a severas punições." (Dalmo de Abreu Dallan)
Pode-se afirmar que esse trecho é uma dissertação: