21 dados para entender a luta do movimento negro no Brasil
As marcas deixadas pela escravidão ainda são visíveis e comprovadas por dados em diversos setores da sociedade e no dia a dia das pessoas negras
A morte de George Floyd, um homem negro asfixiado por um policial branco nos Estados Unidos, gerou uma onda de protestos contra o racismo e a violência policial no país. Infelizmente, o caso de George entra para as estatísticas como um dos diversos outros casos de mortes decorrentes do racismo estrutural e brutalidade policial nos EUA.
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Além das manifestações do movimento Black Lives Matter (“vidas negras importam”), milhares de conteúdos e dados sobre injustiça racial e a violência policial foram compartilhados pelo movimento negro com a hashtag #BlackLivesMatter.
No Brasil, o cenário não é muito diferente. No último mês, o adolescente João Pedro Mattos Pinto, de apenas 14 anos, se tornou mais um da lista de crianças e adolescentes negras assassinadas em comunidades cariocas. João Pedro foi morto dentro de casa pela polícia durante uma operação policial no morro do Salgueiro, no estado do Rio de Janeiro.
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As marcas deixadas pela escravidão ainda são visíveis em diversos setores da sociedade e no dia a dia das pessoas negras, maioria da população do país. Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), 56,10% dos brasileiros se declaram negros (pretos ou pardos).
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Hoje, o movimento negro luta para combater a desigualdade racial no Brasil, por meio de reparação histórica, inclusão social, políticas públicas e valorização da cultura e da pessoa negra.
Para entender melhor as reivindicações do movimento negro no Brasil, confira 21 dados que revelam as desigualdades sociais decorrentes do racismo no país.
Educação
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Em 2018, de acordo com o IBGE, a taxa de analfabetismo entre pessoas brancas de 15 anos ou mais era de 3,9%, quase três vezes menor do que a taxa de analfabetismo entre negros, que ficou em 9,1%.
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O índice de reprovação na educação básica de pardos e pretos representam 23,5% do total, enquanto a taxa de brancos reprovados é de 7,3%, segundo os dados do Censo da Educação Básica de 2018.
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De acordo com o IBGE, da população total de adolescentes brancos entre 15 e 17 anos, 70,7% estão no ensino médio. Entre os adolescentes negros na mesma faixa etária, a taxa cai para 55,5%.
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O percentual de jovens negros de 18 a 24 anos cursando ensino superior era de 55,6% em 2018. Entre os jovens brancos na mesma faixa etária, o percentual de estudantes de ensino superior era de 78,8%, segundo dados do IBGE.
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Segundo um levantamento do Quero Bolsa com os dados do Censo da Educação Superior de 2018, entre as universidades brasileiras com mais de 10 mil alunos matriculados, apenas 40 possuem a taxa de representatividade de negros superior à média da população negra no país, o que representa somente 24,1% das instituições com esse perfil.
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Ainda de acordo com os censo, consultados pela Revista Quero, do total de docentes no ensino superior brasileiro, apenas 30,5% são negros.
Violência
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Segundo o Atlas da Violência 2019, 75,5% das vítimas de homicídios em 2017 foram pessoas negras (pretos e pardos), o que representa uma taxa de 43,1 mortes para cada 100 mil negros. No caso da população não negra (brancos, indígenas e amarelos), a taxa de homicídios para cada 100 mil habitantes cai para 16. Portanto, para cada pessoa não negra assassinada, aproximadamente, 2,7 negros foram mortos.
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Ainda de acordo com o atlas, entre 2007 e 2017, a taxa homicídios de pessoas negras cresceu 33,1%, ao passo que para pessoas não negras, a taxa subiu apenas 3,3%.
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De acordo com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública de 2019, 75,4% das pessoas mortas em intervenções policiais entre 2017 e 2018 era negras.
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Ainda segundo o fórum, 61% das mulheres vítimas de feminicídio no Brasil eram negras. Nos casos de violência sexual, elas também são maioria das vítimas (50,9%).
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Enquanto a taxa de homicídio de mulheres não negras cresceu 4,5% entre 2007 e 2017, a taxa de homicídio de mulheres negras teve crescimento de 29,9%, de acordo com o Atlas da Violência de 2019.
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Em 2017, o número de jovens assassinados bateu o recorde de 69,9 homicídios para cada 100 mil jovens no país. Para os jovens negros, o cenário é ainda pior. De acordo com o fórum, a chance de um jovem negro ser assassinado é 2,7 vezes maior do que a de um jovem branco.
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Segundo o IBGE, o rendimento médio mensal da população branca é 73,9% maior do que da população negra. Enquanto a média de rendimentos entre brancos é de R$ 2.796 por mês, para as pessoas negras, a média cai para R$ 1.608 mensais.
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Conforme o estudo “Desigualdades Sociais por Cor ou Raça” de 2019 do IBGE, as pessoas pretas e pardas correspondem a 64% dos desempregados e 66% dos subutilizados do país.
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Os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) e do Observatório de Igualdade do Trabalho mostram que, quando contratadas, as pessoas negras recebem 45% a menos do que as brancos. Para as pessoas com ensino superior completo, a diferença é de 31%.
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Segundo um estudo do Instituto Ethos, nas 500 empresas de maior faturamento do país, apenas 6,3% das pessoas negras ocupam cargo de gerência e 4,7% fazem parte do quadro executivo.
Política
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De acordo com o IBGE, entre as candidaturas para deputado federal, 41,8% eram de pessoas autodeclaradas pretas e pardas; nas vagas para assembleias estaduais, a taxa é de 49,6%; entre os candidatos a vereador, a taxa de autodeclarados pretos e pardos é de 48,7%.
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Já entre os eleitos em 2018, apenas 24,4% dos deputados federais se declararam negros. Entre os deputados estaduais eleitos, a taxa é de 28,9%. Dos vereadores eleitos em 2016, a taxa de negros é de 42,1%.
Sistema judiciário
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No Poder Judiciário, segundo dados do Conselho Nacional de Justiça de 2013, apenas 15,6 dos magistrados são pardos e pretos. Já a proporção de magistrados brancos era de 83,8%. Nos Tribunais Superiores, apenas 8,9% das pessoas são pretas e pardas.
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Conforme os dados do Levantamento Nacional de Informações Penitenciárias (Infopen) de 2017, 63,6% da população carcerária no Brasil é composta por pessoas negras. No mesmo período, a taxa de detentos brancos era de 34,38%.
Cultura
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De acordo com o Sistema de Informações e Indicadores Culturais de 2019, do IBGE, as pessoas brancas ocupavam 52,6% do setor cultural em 2018, enquanto que os pretos e pardos representavam 45,7%.
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