8 dados que justificam a luta por igualdade de gênero nos dias de hoje
Apesar dos avanços, muitas mulheres ainda sofrem pela violência de gênero e desigualdade no mercado de trabalho
Atualizado em 06/03/2024
No dia 8 de março é comemorado o Dia Internacional da Mulher. A data foi oficializada pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 1975 para lembrar a luta e conquistas por igualdade das mulheres no mundo todo.
As reivindicações das mulheres por direitos iguais, mais oportunidades e liberdade começou no século XIX com a luta pelo sufrágio feminino, ou seja, o direito ao voto. Na década de 1960, o movimento lutou pela ampliação de direitos legais e sociais, abordando temas como família, direitos reprodutivos, sexualidade e mercado de trabalho.
No Brasil, uma das pioneiras pela luta de direitos das mulheres é a educadora Nísia Floresta. Na década de 1920, as reivindicações incluíam direito ao voto, a educação e emancipação feminina.
Luta feminina hoje
Hoje, o movimento feminista têm muitas vertentes, como o feminismo negro, liberal, marxista, radical e interseccional. A segmentação leva em conta que mulheres de diferentes condições financeiras, sociais, etnias e culturas têm diferentes necessidades.
Toda essa luta gerou muitos avanços na condição da mulher na atualidade. Mas, a equidade – igualdade de oportunidades – ainda não foi alcançada. Muitas mulheres ainda sofrem pela violência de gênero, a violência por serem mulheres, e desigualdade no mercado de trabalho.
Para entender as reivindicações do movimento das mulheres no Brasil, confira 8 dados que justificam a luta por igualdade de gênero até os dias de hoje!
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Violência contra mulher
Divulgado em 2023, o Anuário Brasileiro de Segurança Pública registrou o maior número de vítimas de violência sexual da história, totalizando 74.930 estupros, sendo que 88,7% das vítimas eram do sexo feminino.
Além disso, a maioria das vítimas (61,4%) foram meninas de até 13 anos. Um dado chocante é que 10,4% das principais vítimas são crianças de até 4 anos.
O relatório também registrou um aumento de 6,1% no número de feminicídio – homicídio contra mulheres pelo fato de serem mulheres – em relação ao ano anterior. Mais da metade das vítimas (61,1%) foram mulheres negras.
No total, mais de 1.437 mulheres foram mortas, sendo que 53,6% dos assassinos eram parceiros íntimos, 19,4% ex-parceiros íntimos e 10,7% por familiares. Além disso, 7 em cada 10 mulheres foram mortas dentro de casa, mostrando que a violência começa dentro da própria residência.
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Casamento infantil
O Brasil é quarto país do mundo no ranking de casamento infantil de meninas, atrás apenas da Índia, Bangladesh e Nigéria, de acordo com o estudo “Tirando o véu – Estudo sobre o casamento infantil no Brasil“, de 2019.
O país também está entre os cinco países da América Latina e Caribe com a maior incidência de casos. Na região, uma em cada quatro meninas menores de 18 anos se casam.
Para se ter uma ideia, apenas nos três primeiros meses de 2023, foram contabilizadas 2.764 uniões oficiais envolvendo menores de idade no Brasil, segundo levantamento da Associação Nacional dos Registradores de Pessoas Naturais – Arpen-Brasil.
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Mulheres na política
No Brasil, as mulheres são subrepresentadas na política. Segundo a página TSE Mulheres, criada em 2019 e mantida pela Comissão Gestora de Política de Gênero do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o Brasil ocupa a posição 135 de 186 países no ranking representatividade feminina na política em 2024.
No congresso brasileiro, apenas 17,5% dos representantes são mulheres. Analisando o perfil das candidatas, 45,3% do total eram brancas. As candidatas pardas representavam 34,6% e as pretas, 18,3%.
Desigualdade salarial
Apesar da queda na desigualdade salarial nos últimos anos, as mulheres brasileiras ainda ganham cerca de 22% a menos que os homens.
Isso porque a diferença de remuneração entre homens e mulheres, que vinha diminuindo até 2020, voltou a subir no país e atingiu 22% no fim de 2022, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
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Dupla jornada
Além de ganharem menos, as mulheres trabalham mais dentro de casa por conta da dupla jornada, ou seja, afazeres domésticos e criação dos filhos.
Conforme revelam os dados da Vidalink, empresa de plano de benefícios de bem-estar corporativo do Brasil, as mulheres trabalham, em média, 7,5 horas a mais que os homens por semana entre trabalho remunerado e tarefas domésticas.
Além disso, ainda segundo a pesquisa realizada em 2023, cerca de 40% (39,44%) das mulheres têm dupla jornada (trabalha e cuida da casa), contra 24% dos homens.
Mulheres em cargos de chefia
O machismo e o excesso de tarefas domésticas refletem na dificuldade de ascensão das mulheres no mercado de trabalho. De acordo com o IBGE, mesmo estudando mais tempo que os homens, elas ainda são minoria em cargos de chefia.
Em 2013, a porcentagem de mulheres em posições de liderança era de 35,7%. 10 anos depois, já em 2023, o cenário não passou por grandes mudanças: segundo levantamento da CNI (Confederação Nacional da Indústria), as mulheres ocupam hoje 39,1% dos cargos de liderança no país.
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Mulheres negras
Quando é feito um recorte de mulheres negras, a violência e desigualdade de acesso à educação e mercado de trabalho se somam ao racismo e ficam ainda maiores. De acordo com o Anuário Brasileiro de Segurança Pública de 2023, 61,1% das vítimas de feminicídio são mulheres negras. Nos casos de violência sexual, elas também são maioria das vítimas.
No mercado de trabalho, as mulheres negras recebem muito menos. Segundo a pesquisa do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV) no primeiro trimestre de 2023, a remuneração média das mulheres negras era de R$ 1.948.
Essa quantia equivale a 48% do que homens brancos ganham na média, 62% do que as mulheres brancas recebem e 80% do que os homens negros ganham. Além disso, entre as mulheres negras, o desemprego continua sendo maior. No primeiro trimestre de 2023, era de 13,1%, contra 8,8% para o total do Brasil.
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Mulheres na pesquisa acadêmica
Apesar das mulheres serem maioria no Ensino Superior (71,3%), segundo a pesquisa do Instituto de Psicologia (IP) da Universidade de São Paulo (USP) a partir de dados da Academia Brasileira de Ciências (ABC), na área de “Engenharia, Ciências Exatas e da Terra”, apenas 20,08% das bolsistas são mulheres. Nas outras áreas, a diferença é menos significativa.
A pesquisa ainda mostrou que conforme o nível das chamadas bolsas de produtividade aumenta, a porcentagem de pesquisadoras mulheres na área de “Engenharia, Ciências Exatas e da Terra” cai para menos de 10%.
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