Mulheres na pós-graduação: perspectivas e desafios
Entenda qual é o cenário brasileiro das mulheres na pós-graduação, as principais causas da desigualdade de gênero e saiba como fazer pós com bolsa de estudos
Atualizado em 05/03/2024
No cinema e nos livros, é possível encontrar uma variedade enorme de histórias que representam uma parte significativa da sociedade: a desigualdade de gênero.
No best-seller “Os setes maridos de Evelyn Hugo”, por exemplo, a personagem principal, Evelyn Hugo, precisa encarar situações que homens jamais passariam para conquistar um lugar em Hollywood.
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Só que essas situações não estão restritas à ficção, tanto é que os problemas de desigualdade de gênero atingem também as mulheres na pós-graduação. Veja quais são as perspectivas e os desafios do tema.
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Mulheres na pós-graduação: perspectivas e desafios
Apesar dos avanços, ainda há o que ser feito quando o assunto é igualdade de gênero no meio acadêmico. Ao menos, é o que mostram os dados a respeito da citação de artigos publicados por mulheres.
Segundo o levantamento feito pelas médicas Paula Chatterjee e Rachel Werner, da Universidade da Pensilvânia, somente 36% dos autores principais de artigos de revistas médicas eram do sexo feminino. Para essa conclusão, foram analisados mais de 5.000 materiais de 2015 até 2018.
Apesar disso, conquistas aconteceram: dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que, proporcionalmente, existem mais mulheres do que homens com nível superior completo na faixa etária dos 25 anos ou mais, sendo 19,4% das mulheres e 15,1% dos homens.
A professora Diana Azevedo, vice-diretora do Centro de Tecnologia da Universidade Federal do Ceará (UFC), também constata a situação: “houve avanços significativos em uma geração, mas observa-se alguma estagnação quanto a presença de mulheres nas áreas de Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática em toda a trajetória de uma carreira científica”.
Pensando na proximidade do Dia Internacional da Mulher e no cenário da mulher na pós-graduação no Brasil, conversamos com duas mulheres que convivem nesse meio para entender as motivações, as esperanças, as percepções e os desafios.
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Entenda a questão de gênero na ciência brasileira
A distribuição de bolsas de produtividade em pesquisa do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) mostra como a desigualdade de gênero ainda marca a sociedade.
Segundo dados levantados pelo projeto Parent in Science, em 2023, as mulheres representam apenas 35,6% do total de acadêmicos com a bolsa de produtividade (PQ) do CNPq, que contempla aqueles que se destacam na sua área de conhecimento. Os homens são maioria, com 66,4%.
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Isso acontece por conta de diversos fatores, tais como:
Janela Reprodutiva
Segundo Diana, um empecilho para as mulheres chegarem em níveis mais avançados de pós-graduação é o fato da janela reprodutiva da mulher coincidir com o período que requer maior dedicação à carreira como pesquisadora.
Também é preciso considerar o caso das mulheres que não desejam engravidar: “mesmo aquelas que fazem opção por não ter filhos enfrentam um problema mais sutil, que é adquirir visibilidade e credibilidade em altas esferas de poder e decisão dentro da carreira científica”, acrescenta Diana Azevedo.
Múltiplas jornadas de trabalho
Além disso, a professora Diana explica que as múltiplas jornadas de trabalho também atrapalham a vivência de uma pós-graduação. Isso porque as tarefas domésticas ainda recaem sobre as mulheres; e lidar com as demandas de uma carreira científica enquanto cuida da casa e da família é muito difícil.
Preconceito contra mulheres
A jornalista e doutoranda em Ciência da Comunicação na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Camilla Machuy, vê que ainda existe preconceito contra as mulheres na ciência, mas percebe que o corpo de resistência é cada vez maior. “A academia só se beneficia do olhar e da atitude das mulheres no campo científico. Eu espero que as oportunidades se abram cada vez mais para a diversidade na pesquisa brasileira”, analisa a jornalista.
Falta de valorização
Ainda segundo Camilla, outro problema é a falta de valorização da pós-graduação, que tem bolsas de pesquisa com valores defasados, numa realidade sem férias e sem licença-maternidade. Juntamente a isso, muitas empresas não aliviam as jornadas, não dão compensação financeira por ter estudado mais, nem flexibilizam os horários.
“Então, para a parcela da população que já é mais vulnerável graças à nossa sociedade patriarcal, fica ainda mais inalcançável”, afirma Camilla.
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Mulheres conquistam espaço na pós-graduação
A luta de séculos feita pelas mulheres fez com que muitas outras conquistassem espaços.
Diana Azevedo, por exemplo, fez parte da consolidação de um dos melhores cursos de graduação em Engenharia Química do Nordeste do país e da criação do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Química com conceito de excelência. Além disso, varias de suas pesquisas foram reconhecidas internacionalmente.
Já Camilla viu a pós-graduação como o próximo passo da própria carreira. Buscando aprimorar seus conhecimentos, a jornalista deixou um emprego numa empresa para voltar ao meio acadêmico, atuando como professora em uma faculdade e fazendo um doutorado.
Muitas pessoas estranharam a decisão de trocar o jornalismo corporativo por uma carreira de professora, mas Camilla entende a situação como mais uma etapa de sua vida profissional.
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Caminhos para inclusão
Camilla Machuy vê que o combate ao machismo na academia passa por um maior investimento na Ciência: “A melhoria da qualidade de vida da mulher na pós-graduação está de mãos dadas com a valorização da Ciência no Brasil”.
Apesar de tudo, a jornalista, professora e doutoranda, demonstra esperança. “Se a gente sabe do machismo estrutural na nossa sociedade é porque pesquisadores, entre eles, inúmeras mulheres, tiveram suporte para se debruçar sobre o tema.
O Brasil precisa do olhar de suas cientistas. E, profundamente, eu acredito que nós poderemos nos reerguer enquanto país a partir da força delas. Eu preciso crer nisso para seguir em frente enquanto mulher, enquanto pesquisadora e enquanto cidadã”, avalia Camila.
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Como fazer uma pós-graduação?
As mulheres estão cada vez mais entrando na pós-graduação. Esse nível de ensino é ótimo para quem procura seguir carreira acadêmica, entender melhor algum conceito visto na graduação ou conseguir uma promoção no trabalho.
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