No 2º Congresso do Laboratório Inteligência de Vida (LIV), o psicólogo e autor de Inteligência Emocional, Daniel Goleman, explicou que outro fator que pode explicar determinados transtornos emocionais dos alunos é que algumas escolas enviam a mensagem errada a eles.
Isso significa que enfatizam de forma exacerbada a competitividade e a importância das provas, o que aumenta a pressão emocional e gera problemas emocionais como ansiedade e depressão.
Considerar essa e outras possíveis variáveis é vital para lidar melhor com a ansiedade. Isso ajuda a melhorar não apenas a qualidade de vida, mas também a qualidade da aprendizagem. Afinal, as emoções têm um profundo impacto nela.
Por que as emoções interferem na aprendizagem?
Imagine a cena: nervosismo, mãos suando, medo de reprovação. Chega a hora da apresentação na frente da turma e, embora tenha se preparado, bate o tão famoso (e temido) “branco”. Se você não passou por essa situação, certamente conhece alguém que já tenha passado. Essa é a maior demonstração de como as emoções interferem na aprendizagem e no desempenho cognitivo.
A ansiedade exacerbada aumenta a adrenalina e o nível de cortisol (hormônio do estresse) na corrente sanguínea, o que atrapalha o nosso raciocínio. É como se o falso sinal de alerta te levasse a uma descarga de energia em vão, te deixando sem o “combustível” cognitivo necessário para desempenhar atividades básicas, como colocar em prática o que conteúdo que você tanto estudou.
Rodrigo Rodrigues, produtor verificado da Passei Direto e especialista em educação e gestão do conhecimento, estuda neurociência e o impacto das emoções na aprendizagem.
Ele explica que o cérebro aprende de duas formas: com o impacto emocional (um exemplo é quando aprendemos a andar de bicicleta na infância, um processo que requer um grande apoio emocional para ser realizado) e com a repetição (que consiste, basicamente, em repetir uma tarefa). Das duas formas, as diversas emoções que temos, como raiva, angústia, alegria, tristeza impactam a curva de aprendizagem, de forma positiva ou negativa.
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Outra coisa que afeta profundamente a forma como vamos assimilar um conteúdo é o afeto. Sim, pode parecer estranho, mas a forma pela qual nos relacionamos com o conhecimento pode acelerar ou tolher o aprendizado. “É por isso que é fundamental que haja uma relação de confiança entre aluno e professor. Não existe aprendizagem sem relacionamento e não existe relacionamento sem emoção”, explica.
Como lidar com a ansiedade pré-vestibular?
Além dos já conhecidos exercícios físicos, que foram comprovados cientificamente como meios de produzir efeito ansiolítico, existem outras ações simples que também podem ajudar a lidar com o problema.
Mas importante: a ansiedade pode ter fator biológico, ambiental e/ou histórico. Ou seja: você pode herdar genes que te deixam com maior predisposição a esse sentimento, o que pode demandar, também, um tratamento com remédios. Por isso, é importante conhecer bem seus sintomas e procurar ajuda profissional, caso os efeitos estejam muito intensos.
No entanto, para casos mais brandos, o especialista Rodrigo apresenta três pilares importantes para lidar melhor com essa questão.
1) Foque no controlável
Ele explica que, primeiro, é essencial refletir sobre o seu estado de presença, focando nas coisas que estão sob seu controle (o que implica em autoconhecimento). Foque no que você tem controle: tempo de estudo, rotina, disciplina, planejamento. Isso já começa a diminuir, gradativamente, o estado constante de preocupação.