Ansiedade pré-vestibular? Entenda o que é e como lidar
O que é ansiedade? Por que ela aparece de forma frequente no período pré-vestibular? Como lidar? Nessa matéria, você vai entender melhor essas questões.
Mãos suando, coração acelerado, insônia. Esses são alguns dos sintomas de quem está tendo ansiedade pré-vestibular, o que parece ser algo comum no Brasil, considerado o país mais ansioso do mundo pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
Mas o que é ansiedade? Por que ela aparece de forma frequente no período pré-vestibular? Como lidar? Nessa matéria, você vai entender melhor essas questões.
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Afinal, o que é ansiedade?
A ansiedade pode ser entendida como um sentimento de preocupação, medo e nervosismo. Mas, calma: isso não significa que ela é sinônimo de algo ruim. Na verdade, quando bem dosada, a ansiedade garante nossa evolução em vários sentidos.
É o que nos faz nos preparar para realizar uma apresentação, por exemplo, e também para nos deixar alerta em situações de perigo.
Uma forma fácil de entender o efeito “positivo” da ansiedade é supondo que você esteja planejando uma grande festa de aniversário na semana que vem. Um dia antes, como você estará? Provavelmente ansioso (a), certo? Afinal, sua cabeça está lá no evento futuro que você aguarda com muita empolgação. Até aí, a ansiedade é natural e “do bem”.
O problema surge quando essa ansiedade te leva à exaustão física e emocional, atrapalhando o seu dia a dia.
Veja alguns sinais de ansiedade preocupante:
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Estresse constante;
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Insônia;
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Enxaquecas;
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Falta de ar;
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Taquicardia;
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Vontade de roer as unhas;
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Dificuldade de concentração;
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Excesso de preocupação e medos;
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Sensação constante de perda de controle e de que algo ruim vai acontecer.
Nesse momento, é importante buscar uma ajuda profissional para conhecer os melhores caminhos para amenizar esses sintomas. Importante reforçar que cada pessoa é única, por isso a necessidade de buscar uma orientação personalizada, que contemple suas próprias necessidades.
Qual o impacto do pré-vestibular na ansiedade?
Uma das melhores formas de solucionar um problema é compreendê-lo. Por isso, é essencial investigar as possíveis razões por trás da ansiedade pré-vestibular. Esse foi um dos objetivos do estudo Vestibular: fatores geradores de ansiedade na “cena da prova”, que concluiu como principais motivos que geram esse sentimento são: medo da reprovação, o excessivo número de matérias para estudar e a alta concorrência por vaga.
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Somado a isso, podemos contextualizar o próprio período de transição da escola para o ensino superior, que é cheio de transformações e coloca os jovens em um momento de muita pressão. Afinal de contas, eles estão fazendo uma decisão séria que pode impactar profundamente o rumo da sua vida.
No 2º Congresso do Laboratório Inteligência de Vida (LIV), o psicólogo e autor de Inteligência Emocional, Daniel Goleman, explicou que outro fator que pode explicar determinados transtornos emocionais dos alunos é que algumas escolas enviam a mensagem errada a eles.
Isso significa que enfatizam de forma exacerbada a competitividade e a importância das provas, o que aumenta a pressão emocional e gera problemas emocionais como ansiedade e depressão.
Considerar essa e outras possíveis variáveis é vital para lidar melhor com a ansiedade. Isso ajuda a melhorar não apenas a qualidade de vida, mas também a qualidade da aprendizagem. Afinal, as emoções têm um profundo impacto nela.
Por que as emoções interferem na aprendizagem?
Imagine a cena: nervosismo, mãos suando, medo de reprovação. Chega a hora da apresentação na frente da turma e, embora tenha se preparado, bate o tão famoso (e temido) “branco”. Se você não passou por essa situação, certamente conhece alguém que já tenha passado. Essa é a maior demonstração de como as emoções interferem na aprendizagem e no desempenho cognitivo.
A ansiedade exacerbada aumenta a adrenalina e o nível de cortisol (hormônio do estresse) na corrente sanguínea, o que atrapalha o nosso raciocínio. É como se o falso sinal de alerta te levasse a uma descarga de energia em vão, te deixando sem o “combustível” cognitivo necessário para desempenhar atividades básicas, como colocar em prática o que conteúdo que você tanto estudou.
Rodrigo Rodrigues, produtor verificado da Passei Direto e especialista em educação e gestão do conhecimento, estuda neurociência e o impacto das emoções na aprendizagem.
Ele explica que o cérebro aprende de duas formas: com o impacto emocional (um exemplo é quando aprendemos a andar de bicicleta na infância, um processo que requer um grande apoio emocional para ser realizado) e com a repetição (que consiste, basicamente, em repetir uma tarefa). Das duas formas, as diversas emoções que temos, como raiva, angústia, alegria, tristeza impactam a curva de aprendizagem, de forma positiva ou negativa.
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Outra coisa que afeta profundamente a forma como vamos assimilar um conteúdo é o afeto. Sim, pode parecer estranho, mas a forma pela qual nos relacionamos com o conhecimento pode acelerar ou tolher o aprendizado. “É por isso que é fundamental que haja uma relação de confiança entre aluno e professor. Não existe aprendizagem sem relacionamento e não existe relacionamento sem emoção”, explica.
Como lidar com a ansiedade pré-vestibular?
Além dos já conhecidos exercícios físicos, que foram comprovados cientificamente como meios de produzir efeito ansiolítico, existem outras ações simples que também podem ajudar a lidar com o problema.
Mas importante: a ansiedade pode ter fator biológico, ambiental e/ou histórico. Ou seja: você pode herdar genes que te deixam com maior predisposição a esse sentimento, o que pode demandar, também, um tratamento com remédios. Por isso, é importante conhecer bem seus sintomas e procurar ajuda profissional, caso os efeitos estejam muito intensos.
No entanto, para casos mais brandos, o especialista Rodrigo apresenta três pilares importantes para lidar melhor com essa questão.
1) Foque no controlável
Ele explica que, primeiro, é essencial refletir sobre o seu estado de presença, focando nas coisas que estão sob seu controle (o que implica em autoconhecimento). Foque no que você tem controle: tempo de estudo, rotina, disciplina, planejamento. Isso já começa a diminuir, gradativamente, o estado constante de preocupação.
Outro ponto super importante, segundo o especialista, é diminuir o nível de cortisol: ou seja, não levar nenhuma preocupação para a cama, na hora de dormir. Uma boa forma de evitar isso é não olhar o celular ao se deitar, o que diminui os estímulos e impacta profundamente na qualidade do seu sono (o que também é fundamental para o processo de aprendizagem).
3) Lembre-se do autocuidado
Por último, jamais esqueça dos neurotransmissores do bem-estar: você tem que produzir serotonina (divirta-se!), dopamina (cumpra suas metas e crie recompensas pra isso) e oxitocina, hormônio do prazer e do amor (esteja sempre com alguém que você ama).
Como conselho de ouro, Rodrigo reforça a necessidade de priorizar o que estudar e não se cobrar tanto.
“É importante que o estudante lembre-se sempre de que o vestibular não é corrida de 100 metros. É corrida de quilômetros. É um grande desafio, pois são três anos de estudo em um ano. Por isso, recomendo que estude o que mais cai no Enem, pois essa priorização também vai te ajudar a manter um equilíbrio emocional”, afirma.
Texto escrito por: Ericka Kellner, redatora da Passei Direto, a maior rede de estudos do Brasil.