Pais superprotetores: sinais, consequências e como evitar

O excesso de proteção pode fazer com que os responsáveis percam o equilíbrio, impedindo que as crianças enfrentem desafios.

Ser mãe e pai, é uma das experiências mais belas e complexas que recebemos neste mundo. A missão da parentalidade é um presente, mas também um desafio. Em meio ao sentimento de cuidado, proteção e amor, pode surgir a figura dos pais superprotetores. 

A superproteção dos pais é uma característica que vem do sentimento e necessidade, principalmente dos pais de primeira viagem, de proteger seus filhos da exposição a qualquer perigo ou frustração. 

Embora a superproteção possa parecer um ato de amor e cuidado,ela pode ter um impacto negativo e prejudicial para saúde física e emocional da criança, podendo seus efeitos serem sentidos até a vida adulta. 

Neste artigo você vai ver:

  • O que são pais superprotetores?
  • O que a psicologia diz sobre pais superprotetores?
  • Como saber se seus pais são superprotetores?
  • O que fazer quando os pais são superprotetores?

O que são pais superprotetores?

Pais superprotetores são aqueles que, motivados por sentimentos intensos de amor e cuidado, acabam excedendo na proteção dos filhos durante a criação. Sabe-se que a proteção dos pais é natural e necessária quando aplicada na medida certa. 

No entanto, o excesso de zelo pode fazer com que os responsáveis percam o equilíbrio, impedindo que as crianças enfrentem desafios e aprendam com as consequências naturais de suas ações, o que é fundamental para o desenvolvimento de sua autonomia e autoconfiança

Os pais com características de superproteção têm medo excessivo de causar sofrimento e frustração nas crianças e, por isso, agem de forma a evitar o desconforto a todo custo. 

Os pais superprotetores não consideram as decisões dos filhos, têm medo de que eles errem e se frustrem, e por isso, acabam direcionando suas escolhas. Num primeiro momento, essa atitude parece inofensiva e bem intencionada, mas as consequências a longo prazo, podem ser graves.  

Com essas atitudes, o pai ou a mãe superprotetora, estão constantemente alertando seus filhos sobre possíveis perigos, impedindo-os de cometer erros e, muitas vezes, limitando sua liberdade de escolha, especialmente em relação às amizades ou relacionamentos na adolescência, na tentativa de mantê-los sempre seguros.

O que a psicologia diz sobre pais superprotetores?

A atitude do excesso de proteção, de acordo com a psicologia, mais atrapalha do que ajuda. Os pais superprotetores agem de forma a impedir que os filhos recebam as consequências de seus comportamentos, muitas vezes para preservar suas próprias emoções. 

Contudo,  essa superproteção impede a criança de entender o que está sentindo e de como agir a partir de seus atos. Do ponto de vista psicológico, a criança exposta a superproteção pode crescer com medo do novo, com dificuldades de relacionamento, dependência excessiva e desenvolver até mesmo problemas de saúde mental. 

Uma pesquisa publicada pelo Journal of Child and Families Studies, apontou que a superproteção dos pais aumenta o risco da criança se sentir incompetente, sofrer depressão e ansiedade a longo prazo e está ligada a um aumento nos problemas emocionais em adolescentes. 

Outro estudo publicado na Scientific Reports por pesquisadores da Universidade Federal de São Carlos, também revelou que filhos de pais superprotetores tendem a ter uma expectativa de vida reduzida, com maior risco de morte prematura, chegando a 22% para mulheres e 12% para homens que receberam esse excesso de proteção na infância.

Aline Fernanda de Souza Canelada, participou da pesquisa durante o mestrado e durante uma entrevista à Agência FAPESP, falou sobre a importância de encontrar o equilíbrio entre a proteção e a superproteção:

“Trata-se de achar o meio do caminho. Nem ser intrusivo a ponto de fazer com que a criança ou adolescente perca a autonomia, nem ser negligente e distante emocionalmente dos filhos. Essa questão do cuidado que tratamos neste estudo é justamente não negligenciar, cuidar com zelo, ser presente, mas não superproteger”.

Em um artigo sobre esse mesmo tema, a psicóloga Franciane Bortoli, especialista em terapia cognitivo-comportamental, explicou que tomar decisões pelos filhos pode gerar problemas de insegurança e autonomia:

“Ao tomar todas as decisões e resolver todos os problemas, os pais superprotetores não permitem que os filhos desenvolvam autonomia e autoconfiança. Isso pode resultar em indivíduos inseguros e dependentes, incapazes de lidar com as pressões do dia a dia por conta própria”. 

A  psicologia também aponta que a superproteção dos pais pode gerar um adolescente e um adulto egocêntrico e inseguro, que acredita que sempre haverá alguém para resolver seus problemas e oferecer suporte. 

Essa pessoa acredita que tais atitudes são função dos que vivem ao seu redor, o que pode gerar imposição, abuso e dificuldades de relacionamento. 

Como saber se seus pais são superprotetores?

O sentimento de superproteção e de querer impedir os filhos de passarem por qualquer sofrimento no mundo é normal e faz parte do que significa ser pai e mãe.

Só que os pais não são super-heróis e precisam entender a diferença entre proteger os filhos da vida e prepará-los para ela.

Os pais superprotetores erram quando assumem tarefas que os filhos já teriam condições de realizar na sua idade, e isso impede o desenvolvimento e a noção de responsabilidade da criança. 

Eles também tendem a tomar decisões pelos filhos, interferindo em suas amizades, atividades ou até escolhas escolares, sempre com a intenção de evitar qualquer tipo de frustração ou desconforto.

Outros sinais comuns de superproteção incluem:

  • Monitoramento constante: pais superprotetores verificam frequentemente a localização dos filhos, mantendo um controle excessivo sobre suas atividades diárias.
  • Resolução de problemas pelos filhos: tomam as rédeas de qualquer situação conflitante, não permitindo que os filhos resolvam questões por conta própria.
  • Decisões controladas: pais superprotetores interferem nas escolhas dos filhos, como amizades, atividades extracurriculares e até em decisões acadêmicas, para evitar frustrações.
  • Excesso de controle sobre a rotina: estabelecem regras muito rígidas para garantir a segurança, restringindo a autonomia da criança.
  • Prevenção de pequenos desafios: evitam expor os filhos a situações que possam causar frustração ou desconforto, impedindo-os de aprender a lidar com adversidades.

Quando uma mãe superprotetora não permite que seus filhos experimentem pequenos desafios ou frustrações, ela acaba privando-os de aprender lições valiosas e de desenvolver uma sensação de competência. 

Isso pode fazer com que, ao longo da vida, essas crianças se tornem adultos inseguros, dependentes e com dificuldades para tomar decisões ou lidar com situações adversas.

O que fazer quando os pais são superprotetores?

Existem diversas maneiras de garantir a segurança dos filhos sem ultrapassar os limites. A chave está em encontrar um equilíbrio saudável entre cuidado e liberdade, permitindo que as crianças experimentem a vida e aprendam com suas experiências. 

Para isso, os pais podem adotar algumas abordagens que promovem o desenvolvimento emocional e social dos filhos, enquanto ainda garantem sua segurança.

Aqui estão algumas atitudes que podem ajudar a educar sem superproteger

1 – Fomentar a autonomia 

Permita que as crianças tomem decisões adequadas à sua idade, como escolher suas roupas ou decidir sobre atividades extracurriculares. Isso as ajudará a desenvolver um senso de responsabilidade.

2 – Estimular a resolução de problemas

Quando surgirem desafios, incentive os filhos a encontrar soluções por conta própria, em vez de intervir imediatamente. Isso promove habilidades críticas de pensamento e autoconfiança.

3 – Apoiar a exploração

Crie um ambiente seguro onde as crianças possam explorar e fazer descobertas. Estimule-as a brincar ao ar livre, interagir com outras crianças e participar de atividades diversas.

4 – Definir limites claros 

Estabeleça regras que ajudem a guiar o comportamento, mas deixe espaço para que as crianças entendam as consequências de suas ações. Isso ajuda a equilibrar proteção e liberdade.

5 – Falar sobre sentimentos 

Encoraje as crianças a expressar seus sentimentos e preocupações. Ao ter diálogos abertos, os pais podem oferecer apoio emocional sem controlar excessivamente a situação.

6 – Modelar comportamentos saudáveis 

Demonstre como lidar com desafios e frustrações de maneira construtiva. As crianças aprendem observando os pais, então mostrar resiliência e adaptabilidade é fundamental.

7 – Incentivar a socialização

Proporcione oportunidades para que as crianças façam novas amizades e interajam em diferentes contextos sociais, o que é crucial para o desenvolvimento de habilidades interpessoais.

Essas práticas não apenas ajudam a prevenir os efeitos negativos da superproteção dos pais, mas também preparam os filhos para se tornarem adultos independentes e maduros emocionalmente

Ao proporcionar amor e apoio, enquanto permite que as crianças vivam suas próprias experiências, os pais podem educar de forma eficaz e equilibrada.

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