De maneira geral, define-se atitude filosófica como um comportamento de um grupo ou indivíduo em que são adotadas posturas críticas pautadas na racionalidade em relação aos acontecimentos. A atitude filosófica é, então, romper com o senso comum, com aquilo que é imposto socialmente. É problematizar a partir da racionalidade, fatos, acontecimentos e elementos do cotidiano.
A racionalidade e o agir racional são imprescindíveis para que o grupo ou indivíduo desenvolvam posturas críticas. Por pensar e agir racionalmente, entende-se que os indivíduos devam desenvolver pensamentos a partir da razão, a partir do uso de métodos e de lógica.
Faz parte da atitude filosófica colocar em dúvida as imposições e regras sociais. A partir disso, a sociedade fundamenta o comportamento crítico e passa a atuar como questionadora e problematizadora das imposições, das regras e das padronizações sociais.
O posicionamento crítico determina a atitude filosófica, pois o ser humano, enquanto ser racional, passa a entender o mundo e sua realidade e consequentemente, estabelece a crítica ao modelo em que vive. São as perplexidades e incômodos cotidianos que permitem ao cidadão entender e adotar um posicionamento crítico e racional, que, por sua vez, colaboram para a reação do indivíduo ou grupo diante de problemas e questões que abalam direta ou indiretamente a vida cotidiana.
A partir do posicionamento, o grupo social talvez consiga realizar mudanças e posteriormente, garantir que os resultados alcançados façam parte da vida e do cotidiano.
O homem racional passa a agir ativamente e deixa de ser levado e dominado pelo outro. Toda atitude do próprio ser social e dos outros atores que convivem no seu meio passam a ser racionalmente questionadas. A racionalidade pauta, portanto, a ação dos indivíduos.
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Apesar de possuir uma definição geral, a atitude filosófica apresenta quatro aspectos que podem complementar sua definição: o espanto, a dúvida, o rigor e a insatisfação.
O espanto é considerado o ponto de partida para uma atitude filosófica. A partir do espanto, o indivíduo deixa de ser indiferente à sua realidade, as ações e os acontecimentos. Assim que o espanto é gerado há a impulsão para que seja construída a atitude crítica, racional, contestadora e problematizadora.
Aristóteles foi um dos primeiros a defender a origem da filosofia a partir do espanto do ser social, da estranheza e da perplexidade em relação aos acontecimentos da natureza, do universo e da vida. Para Aristóteles, o espanto é o ponto de partida para a formulação de perguntas críticas e racionais e, consequentemente, para a busca por respostas e soluções que possam minimizar ou solucionar definitivamente as questões que geram dúvidas, incômodos e desconfortos.
A dúvida também é elemento essencial para a construção da filosofia e da atitude filosófica. É preciso que o filósofo duvide de todos os conceitos, todas as verdades e todas as imposições sociais. O filósofo não deve naturalizar os conhecimentos, deve problematizar tudo que é posto e apresentado, sempre usando a racionalidade.
Se não houver dúvida, não será possível repensar e discordar do que já está estabelecido. Sem a dúvida, não é possível reformular, já que todas as respostas e teorias deixariam de ser questionadas.
A atitude filosófica depende basicamente do rigor para garantir bases sólidas para seus questionamentos e atitudes. É preciso rigor para evitar ambiguidade, informações e críticas contraditórias aos fatos que são postos em xeque.
O rigor é um dos elementos importantes para que o filósofo ou o questionador não use de falsas informações ou lógica rasa e falaciosa para basear suas críticas e atitudes. O rigor, aliado à racionalidade, garante as bases para sustentação das críticas ao modelo socialmente imposto, que é o alvo principal daqueles que adotam a atitude filosófica.
Não é tarefa da filosofia garantir respostas prontas e satisfatórias às questões e dúvidas pessoais. O que mais se encontra na filosofia são questionamentos e dúvidas. Não há certezas, as teorias não estão prontas e acabadas. É preciso sempre que o filósofo duvide do senso comum, duvide das informações que recebe, duvide de suas próprias conclusões e certezas.
O filósofo deve evitar a satisfação diante das respostas que encontra, pois a insatisfação garantirá a busca por outras respostas, por outros pontos de vista, outras teorias e outras visões de mundo diante da sociedade e das práticas que estão sendo questionadas.
A atitude filosófica é, portanto, um posicionamento, um modelo de ação que discorda, questiona e busca respostas e possíveis ações para o padrão social imposto pela sociedade na qual o filósofo vive. Assim, ao questionar, duvidar ou se espantar de forma racional, o indivíduo ou o grupo social passam do estado de atitude costumeira, aquela que já tem sua imposição normalizada, e passa a adotar o comportamento de quem tem atitude filosófica.
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Para ajudar no trabalho de passar da atitude costumeira para a filosófica, Marilena Chauí apresenta ao pensador três questionamentos que devem ser levantados para auxiliar na tarefa de iniciar um comportamento baseado na atitude filosófica. A seguir, estão apresentadas as questões:
Alguns pensadores desenvolveram suas próprias teorias e definições para caracterizar a atitude filosófica. Dentre eles, destaca-se o filósofo e pedagogo Dermeval Saviani, que determina que adotar uma atitude filosófica significa ter posturas críticas frente às imposições sociais, colocar em dúvida e questionar todo tipo de determinação e regra imposta.
O pensador atrela a necessidade de desenvolver atitude filosófica, a partir da educação, como uma das posturas necessárias às classes marginalizadas, para que consigam superar a condição de dominação e subalternidade. No desenvolvimento de suas ideias, Saviani apresenta as seguintes características da atitude filosófica: busca da verdade e sabedoria.Tanto a busca da sabedoria e da verdade, principalmente a partir da educação, colaboram para a superação da dominação das classes. Em determinados pontos, o pensamento de Saviani aproxima-se ao do educador Paulo Freire.
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O ser humano, desde sua origem, em sua existência cotidiana, faz afirmações, nega, deseja, recusa e aprova coisas e pessoas, elaborando juízos de fato e de valor por meio dos quais procura orientar seu comportamento teórico e prático. Entretanto, houve um momento em sua evolução histórico-social em que o ser humano começa a conferir um caráter filosófico às suas indagações e perplexidades, questionando racionalmente suas crenças, valores e escolhas. Nesse sentido, pode-se afirmar que a filosofia: