Apesar do módulo da velocidade não variar no Movimento Circular Uniforme, sua direção varia (está girando). Assim, há aceleração no MCU!
Em um movimento curvilíneo genérico, podem haver duas acelerações, a tangencial e a centrípeta.
Representação da força centrípeta.
-
Aceleração tangencial: é responsável por alterar o módulo da velocidade. Assim, ela está sempre na mesma direção da velocidade instantânea (direção tangencial), no mesmo sentido (acelerando) ou em sentido oposto (retardando, como na figura acima). No MCU ela não está presente, pois o módulo da velocidade não se altera.
-
Aceleração centrípeta: está sempre normal (perpendicular) à tangencial e à velocidade, e sua função é alterar a direção do vetor velocidade. Ela está sempre apontando para o centro de curvatura da trajetória (direção radial, no caso do MCU, para o centro da circunferência).
Utilizando um pouco de cinemática vetorial, é possível determinar o valor da aceleração centrípeta (única aceleração presente em um MCU):
O triângulo ABC é isósceles com ângulo \(\theta\), assim como o triângulo das velocidades (V1 = V2), pois a velocidade é constante. Para um movimento qualquer, pode-se considerar que, em um intervalo infinitesimal de tempo, não houve variação de velocidade).
Assim, pela semelhança dos dois triângulos, e sabendo a expressão da aceleração vetorial média:
\[ \dfrac{|\Delta \vec{V}|}{AB}=\dfrac{|\vec{V_{1}|}}{R}\]
\[ |\vec{a}_{m}|= \dfrac{|\Delta \vec{V}|}{\Delta t} \]
Contudo, considerando um intervalo de tempo muito pequeno (infinitesimal, tendendo a zero), o ângulo \(\theta\) será muito pequeno. Assim, o segmento de reta AB será igual ao arco AB. Por sua vez, esse arco é dado por \(\nu.\Delta\tau\) (velocidade escalar vezes o tempo = deslocamento escalar). Além disso, V1 = V = constante (MCU).
Então, recuperando a equação da semelhança dos triângulos:
\[ \dfrac{|\Delta \vec{V}|}{V \cdot \Delta t}=\dfrac{|\vec{V|}}{R}\qquad \xrightarrow{}\qquad \dfrac{|\Delta \vec{V}|}{V \cdot \Delta t}=\dfrac{V}{R}\qquad \xrightarrow{}\qquad \dfrac{|\Delta \vec{V}|}{\Delta t}=\dfrac{V^{2}}{R} \]
Como o lado esquerdo da equação é igual ao módulo da aceleração vetorial média:
\[ |\vec{a}_{m}|= |\vec{a}_{cp}|=\dfrac{V^{2}}{R} \]
A direção da aceleração centrípeta é radial, e o sentido é apontando para o centro da circunferência da trajetória. Como uma aceleração, sua unidade no Sistema Internacional é m/s2.
É possível perceber que, quanto maior a velocidade ao fazer uma curva, maior a aceleração centrípeta necessária, e quanto maior o raio, menor a centrípeta. É muito importante lembrar dessa fórmula, aplicada diretamente nos problemas, e das relações de proporcionalidade que ela guarda.