A prática do coronelismo se intensificou quando o voto no Brasil deixou de ser censitário (restrito por uma renda mínima), e o direito ao voto foi se alargando para a população mais pobre.
Os coronéis tornaram-se os grandes responsáveis pela manipulação, controle e fiscalização do processos políticos e das eleições, no começo da República no Brasil.
Dessa forma, os coronéis controlavam as forças policiais, a fim de manter a ordem a seu favor e a atender seus próprios interesses particulares e de seus aliados.
O espaço rural, na época, era o grande quórum das decisões políticas, o que tornou o coronel uma autoridade fundamental do funcionamento político.
Os coronéis utilizavam-se de trocas de favores, violência, pagamentos - dentre outros artifícios - para colocar no poder os candidatos que lhe interessavam. Essa prática, profundamente anti-democrática - contava ainda com intensas retaliações, inclusive físicas, aos cidadãos que não se submetiam a ela.
Além disso, era comum que os coronéis - em forma de favor - concedessem benefícios à população, patrocinando festas, apadrinhados crianças, oferecendo ajuda financeira às pessoas que precisavam etc. Dessa forma, criavam uma relação de medo e dependência entre ele e a população da vizinhança, o chamado clientelismo.
O poder de coronel dependia, portanto, de quantos eleitores ele conseguia angariar a partir das trocas de favores.
Ao conseguir manipular quem era eleito ou não, o coronel garantia que seus aliados se mantivessem no poder, ou seja, permitia a constante reeleição das elites oligárquicas. Dessa forma, o coronel conquistava privilégios junto aos governos federais e estaduais e assegurava a continuação da mesma estrutura corrupta, latifundiária e elitista no poder.
O voto de cabresto era a instituição mais comum da prática do coronelismo. O coronel garantia a proteção e inúmeros favores a população de sua vizinhança. Esta, em troca, lhe era obediente, votando nos candidatos escolhidos pelo coronel. O termo “voto de cabresto” remete justamente ao controle exercido por um homem sob um animal.
Esse período político, a Primeira República, ficou conhecido pela chamada Política dos Governadores, um arranjo político não oficial que tinha por objetivo garantir que não houvesse oposição política aos governos estaduais e federais.
Dessa forma, os governadores de cada província faziam alianças com os coronéis para garantir que fossem eleitos. Ao mesmo tempo, quem quisesse se eleger como presidente da república deveria fazer alianças com os governadores das províncias.
A Política dos Governadores teve início no governo de Campos Salles, responsável pelas bases do grande acordo político, onde as oligarquias dos estados de São Paulo e Minas Gerais se alternavam no poder do país.
Campos Salles, quarto Presidente da República do Brasil