O cordel, também chamado de literatura de cordel, é um gênero literário relacionado à cultura popular brasileira, mais especificamente a da região nordeste do Brasil. O gênero é grande destaque principalmente em Pernambuco, Alagoas, Paraíba, Pará, Rio Grande do Norte e Ceará.
O cordel vem ganhando maior atenção desde o século XX, e, recentemente, foi reconhecido como patrimônio cultural brasileiro. Além disso, o gênero influenciou diversos escritores importantes, como Ariano Suassuna, Guimarães Rosa e João Cabral de Melo Neto.
Muito popular, o cordel é um tipo de literatura muito acessível, principalmente pelo baixo custo de sua produção. Assim, muitas pessoas buscam-no para aprenderem a ler ou para serem inseridas no mundo da literatura, fazendo com que o cordel seja um grande instrumento de combate ao analfabetismo e à falta de informação.
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O cordel tem origem no Renascimento, quando se inicia a impressão de relatos tradicionalmente orais feitos pelos trovadores medievais. Seu nome está ligado à forma como os folhetos eram vendidos em Portugal, pois eram pendurados em cordões para serem expostos aos compradores.
Quando os portugueses colonizaram o Brasil, trouxeram para cá a literatura de cordel, e já na metade do século XIX, os folhetos brasileiros começaram a ser impressos, passando a se popularizar por todo o país.
O cordel tem como principal característica o uso de uma linguagem ligada à oralidade (geralmente com muitos regionalismos, já que o cordel é uma tradição literária regional), além da presença de diversos elementos da cultura brasileira. Seus textos sempre buscam informar e divertir os leitores ao mesmo tempo.
O gênero é geralmente apresentado na forma de folhetos, pequenos livros que podem ou não estar pendurados por barbantes ou cordas, sendo vendidos em várias feiras ou exposições culturais, geralmente divulgados por meio dos próprios cordelistas (escritores dos cordéis), que recitam os poemas ao som de algum instrumento musical. Além disso, os folhetos podem vir acompanhados de xilogravuras, que ilustram as histórias do cordel.
Em relação ao modo como é escrito, o cordel é feito em versos, podendo ter rimas ou métrica, de modo a se parecer um pouco com o gênero poema. Porém, ele se afasta da literatura tradicional, pois se utiliza de uma linguagem popular, coloquial e regional.
Os temas dos cordéis são bem variados, podendo incluir fatos do cotidiano, episódios históricos, lendas, temas religiosos, etc. Os assuntos mais populares que já circularam no Brasil foram as aventuras do cangaceiro Lampião e o suicídio de Getúlio Vargas. Também podem trazer consigo um tom de crítica social, com textos que tratam sobre temas políticos, contando com a opinião do autor.
Por conta da oralidade presente no cordel, muitas pessoas acabam confundindo-o com o repente. Apesar de algumas semelhanças, os dois gêneros são bem diferentes um do outro.
O repente é uma manifestação popular composta por uma poesia falada e improvisada, geralmente acompanhada por algum instrumento musical.
Já o cordel é um texto, na forma de versos, expresso em folhetos e com traços de oralidade em sua linguagem.
Não tem mais como confundir, não é?
Abaixo, vamos ver um exemplo de cordel, para que possamos nos familiarizar melhor com o gênero. É claro que, aqui, só poderemos ter acesso ao texto, mas não é por isso que as outras características visuais ou materiais do cordel devam ser ignoradas.
A chegada de Lampião no céu
Autor: Guaipuan Vieira
As gravuras talhadas em madeira (imburana, cedro ou pinho) possibilitaram aos artistas populares o domínio de todo o processo de edição dos folhetos. Os desenhos acompanham o conteúdo do folheto. A simplicidade das formas, as cores chapadas, a presença de motivos, paisagens e personagens nordestinas, transportam os leitores para o mundo da fantasia, imprimindo aos reis e rainhas, criaturas fantásticas e sobrenaturais, características que se aproximam do universo de experiências dos leitores.
(MARINHO, Ana Cristina; PINHEIRO, Hélder. O Cordel no cotidiano escolar. São Paulo: Cortez. 2012, 47-47).
De acordo com a Xilogravura, isto é, gravura talhada em madeira assinale a alternativa correta: