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Introdução
O ácido lático é uma substância essencial tanto para o funcionamento do nosso corpo quanto para a conservação de diversos alimentos presentes no dia a dia.
Ele está diretamente ligado ao metabolismo, especialmente durante atividades físicas intensas, e também é produzido por microrganismos durante a fermentação de alimentos como iogurte, queijo e vegetais em conserva.
Essa dupla presença — no organismo humano e na indústria alimentícia — torna o ácido lático um tema importante para estudantes que se preparam para o Enem, especialmente nas áreas de biologia e química.

O que é o ácido lático e como ele é produzido?
O ácido lático é um composto orgânico classificado como um ácido carboxílico, de fórmula molecular C₃H₆O₃. Ele é produzido naturalmente no corpo humano e em alguns alimentos por meio de um processo chamado fermentação lática, que ocorre na ausência de oxigênio — ou seja, é um processo anaeróbico.
Durante esse processo, a glicose (açúcar) é transformada inicialmente em piruvato e, na ausência de oxigênio, o piruvato é convertido em ácido lático.
Essa conversão ocorre nos tecidos musculares durante atividades físicas intensas, quando o fornecimento de oxigênio não é suficiente para sustentar a respiração celular aeróbica.
Esse mesmo tipo de fermentação é utilizado por bactérias lácticas na produção de alimentos fermentados, como o iogurte e o chucrute.
Esse processo pode ser representado de forma simplificada pela seguinte sequência:
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Glicose → Piruvato → Ácido lático (em ambiente anaeróbico)
Essa transformação é fundamental tanto para a sobrevivência de células em ambientes com pouco oxigênio quanto para a produção de alimentos com propriedades sensoriais e microbiológicas aprimoradas.
Qual a função do ácido lático no corpo humano?
No corpo humano, o ácido lático desempenha um papel importante no metabolismo muscular. Durante exercícios intensos, o fornecimento de oxigênio para os músculos pode ser insuficiente, o que leva à ativação do metabolismo anaeróbico.
Nesse contexto, o ácido lático é produzido para permitir que a célula continue gerando energia (na forma de ATP) rapidamente, mesmo na ausência de oxigênio.
No entanto, quando produzido em grandes quantidades, o ácido lático se acumula nos músculos, provocando uma diminuição do pH local. Essa acidificação temporária é associada à fadiga muscular, tornando os movimentos mais difíceis e provocando aquela sensação de “queimação” comum após treinos intensos.
Embora muitas pessoas associem o ácido lático diretamente às cãibras musculares, pesquisas recentes mostram que ele não é o causador direto desse incômodo. As cãibras geralmente estão mais relacionadas a desequilíbrios eletrolíticos ou neuromusculares do que ao acúmulo de ácido lático em si.
Ácido lático e os exercícios físicos
Durante exercícios físicos intensos, especialmente de curta duração e alta intensidade (como sprints ou levantamento de peso), o corpo recorre ao metabolismo anaeróbico como forma rápida de produção de energia.
Esse processo gera o ácido lático como subproduto. Ao contrário do que se pensava antigamente, o ácido lático não é um "vilão", mas sim uma solução eficiente que o corpo encontra para continuar produzindo energia em situações de esforço extremo.
Apesar da sensação de fadiga associada ao seu acúmulo, o ácido lático é rapidamente metabolizado após o fim do exercício. O próprio fígado pode reconvertê-lo em glicose por meio de um processo chamado ciclo de Cori, contribuindo novamente para o fornecimento de energia.
Aplicações do ácido lático na indústria alimentícia
Além do papel no corpo humano, o ácido lático tem grande importância na indústria alimentícia. Ele é utilizado principalmente em processos de fermentação lática, realizados por bactérias específicas que produzem esse ácido ao metabolizarem açúcares presentes nos alimentos.
Na prática, o ácido lático atua como um conservante natural. Ao acidificar o meio, ele inibe a proliferação de microrganismos indesejados, aumentando a durabilidade dos alimentos. Além disso, confere sabor característico, melhora a textura e contribui para a segurança microbiológica de produtos como:
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Iogurtes e outros leites fermentados
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Queijos (especialmente os maturados)
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Vegetais fermentados, como chucrute, kimchi e picles
A acidez proporcionada pelo ácido lático também pode ser utilizada como regulador de pH em alimentos processados e bebidas, garantindo estabilidade e qualidade sensorial. Assim, ele combina propriedades funcionais com benefícios tecnológicos, sendo indispensável em muitas cadeias produtivas da indústria de alimentos.
Outras aplicações e curiosidades sobre o ácido lático
Além do uso alimentar, o ácido lático é amplamente utilizado em outras áreas industriais. Na cosmética, ele está presente em cremes e esfoliantes devido ao seu efeito hidratante e renovador da pele, sendo recomendado para o tratamento de manchas, rugas e acne. Isso acontece porque o ácido lático ajuda a remover células mortas e estimular a regeneração da pele.
Na indústria farmacêutica, ele é empregado na formulação de medicamentos e suplementos, especialmente os voltados para o equilíbrio da flora intestinal e recuperação muscular. Também é utilizado na fabricação de bioplásticos biodegradáveis (como o PLA, ácido polilático), que representam uma alternativa sustentável aos plásticos convencionais.
Essas múltiplas aplicações mostram que o ácido lático vai muito além do ambiente escolar ou das academias, integrando-se a diversas soluções tecnológicas e científicas da atualidade.
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