9 de julho: entenda por que a data é feriado
O dia 9 de julho remonta a Revolução Constitucionalista de 1932. Entenda o conflito e saiba se a data é feriado no Brasil
O dia 9 de julho marcou o início da Revolução Constitucionalista de 1932, um movimento organizado pelo Partido Republicano Paulista (PRP), apoiado pelo Partido Democrático (PD) contra o presidente Getúlio Vargas.
“Os dois partidos, no caso, formaram juntos a Frente Única Paulista (FUP)”, explica o professor de História Marcus Vinícius de Moraes, do Curso Pré-Vestibular da Oficina do Estudante de Campinas (SP).
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Descubra a seguir por que 9 de julho é feriado. Saiba também o que foi esse movimento, quais resultados ele teve e como o tema pode cair no Enem e em outros vestibulares!
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O que é o feriado de 9 de julho?
O dia 9 de julho tornou-se feriado no Estado de São Paulo em 1997. A concretização da data aconteceu quando o Projeto de Lei nº 710/1995, do deputado estadual Guilherme Gianetti, foi aprovado pela Assembleia Legislativa. Com a sanção do então governador Mário Covas, o dia 9 de julho foi oficializado como feriado por meio da Lei Estadual nº 9.497.
A Revolução Constitucionalista de 1932 foi um movimento armado contra o então presidente, Getúlio Vargas, que estava no poder desde 1930. As manifestações ocorreram entre os meses de julho e outubro, sendo que o dia 2 de outubro marcou a derrota dos revolucionários, de acordo com o Governo do Estado de São Paulo.
O feriado de 9 de julho é nacional?
Não! O feriado do dia 9 de julho só é válido para as cidades do Estado de São Paulo. Vale lembrar também que, por lei, a data é considerada feriado e não ponto facultativo.
O professor de história Marcus explica que o feriado é somente paulista por “resgatar um certo orgulho paulista e trabalhar com uma memória bem específica a respeito desses eventos.”
Qual foi o motivo da Revolução Constitucionalista de 1932?
A população do Estado esperava que Francisco Morato, líder do Partido Democrático (PD), fosse indicado como interventor militar de São Paulo. Porém, Getúlio Vargas colocou nesse cargo João Alberto, um militar e nordestino, o que desagradou grande parte dos paulistas.
Segundo o professor de história, essa insatisfação foi um dos motivos que provocaram o movimento, juntamente com outros pontos: “Havia um ressentimento do Partido Republicano Paulista (PRP), a medida em que Vargas, em 1930, havia derrubado dois de seus membros da presidência da República: Washington Luís, deposto, e Júlio Prestes, impedido de tomar posse”.
Além disso, os revolucionários que lutavam contra o governo de Getúlio Vargas tinham as seguintes razões:
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Reivindicação de novas eleições;
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Reivindicação pela promulgação de uma nova constituição;
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Insatisfação com o autoritarismo de Vargas;
Todos esses fatores vieram à tona quando quatro estudantes foram mortos numa manifestação contra o governo de Vargas, em 23 de maio de 1932. Esse acontecimento teve um grande impacto, tanto que as iniciais dos sobrenomes dos estudantes viraram um símbolo da revolução: M.M.D.C (Martins, Miragaia, Dráusio e Camargo).
Além disso, a comoção gerada pelo fato foi utilizada para atrair apoiadores para a causa. E a ideia realmente funcionou: a prova disso foi que a população doou ouro e dinheiro para bancar o armamento das tropas.
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O que significou a Revolução de 1932?
O episódio pode ser visto de várias formas, dependendo de quem está o analisando. O professor de história explica que, na década de 1930, o evento significou uma vitória política sobre Getúlio, pois o movimento acabou conseguindo o que queria: a elaboração de uma nova Constituição para o Brasil.
“Já para os getulistas, a revolução representou uma vitória militar das forças do Estado federal sobre São Paulo e uma demonstração de que Getúlio não era um ditador, como diziam os paulistas, na medida em que fez a Constituição, manteve as leis trabalhistas e estendeu o voto para as mulheres, em diálogo com o movimento feminista e sufragista brasileiro”, afirma o professor Marcus Vinícius.
Quais foram os resultados da Revolução de 1932?
A Revolução Constitucionalista de 1932 deixou impactos na história do Brasil. Confira algumas consequências do movimento:
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Em 1934, uma nova Constituição foi promulgada;
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Partidos políticos voltaram a atuar;
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Congresso foi reaberto.
O professor de história Marcus ressalta ainda outros resultados do movimento: “A criação de um sentimento de superioridade paulista em relação ao resto do Brasil; a valorização de uma narrativa racial, que via o paulista como civilizado, urbano, trabalhador e corajoso; e a ênfase contra a presença dos nordestinos, vistos e narrados como a barbárie”.
Além disso, a Revolução Constitucionalista de 1932 teve como saldo muitas mortes: mais de 800 soldados do lado paulista e cerca de 400 aliados do governo perderam a vida, segundo o portal do Estado de São Paulo.
Qual o legado da Revolução Constitucionalista de 1932?
Pela capital do Estado de São Paulo encontram-se diversas homenagens a esse momento histórico. O “Obelisco do Ibirapuera” é um exemplo, assim como as avenidas “9 de julho” e “23 de maio” e as ruas “MMDC” e “Pedro de Toledo”.
Revolução Constitucionalista de 1932: como cai no Enem?
Por ser um momento histórico importante para o Brasil, a Revolução Constitucionalista de 1932 pode cair no Enem.
Segundo o professor de história Marcus Vinícius, os vestibulandos devem prestar atenção nas questões que motivaram o movimento: “Sobretudo, ao uso que a Frente Única Paulista (FUP) fez do mito do bandeirante, símbolo do movimento”.
Cartazes e propagandas utilizados durante o episódio também costumam ser cobrados. Confira a questão a seguir, que caiu no Enem 2012:
Há, ainda, outro ponto que pode ser abordado nos vestibulares: o das teorias raciais. O professor detalha: “De acordo com o discurso do movimento, os paulistas seriam herdeiros dos bandeirantes e dos imigrantes europeus e, por isso, seriam corajosos e trabalhadores. Essa narrativa também cria um outro lado, invertido: os nordestinos, descendentes de indígenas e africanos seriam, então, narrados como indolentes e selvagens”.
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