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Vestibular e Enem

Atualidades Enem: aborto legal

por Juliana Gottardi em 05/07/22 680 visualizações

Em junho de 2022, uma criança de 11 anos estuprada foi impedida de fazer aborto num hospital de Florianópolis (SC). A justificativa era de que a menina já estava na 22ª semana de gravidez, além do que o indicado pelo Ministério da Saúde para realizar o procedimento.

O caso tornou assunto nacional quando a vítima teve o pedido de aborto negado pela juíza Joana Ribeiro Zimmer, do Tribunal de Justiça de Santa Catarina (TJSC). Em vídeo divulgado pelo The Intercept Brasil, a juíza induz a criança a prosseguir com a gravidez. Após a repercussão, a menina conseguiu realizar o procedimento com uma recomendação do Ministério Público Federal ao hospital.

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“Este caso reflete uma violação a um direito expressamente assegurado em nosso ordenamento jurídico e nos mostra que a sociedade e as instituições ainda estão marcadas por valores patriarcais que impedem que a Lei seja cumprida”, comenta a advogada Juliana Quillinan, do perfil no Instagram  Advogada para Elas.

Rovena Rosa/Agência Brasil
aborto legal
Protesto de 2017 contra a PEC 181, que tinha como proposta criminalizar o aborto

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Atualidades Enem: Cultura do estupro

Paralelamente, no dia 24 de junho de 2022, a Suprema Corte dos Estados Unidos (EUA) derrubou a decisão que assegurava o direito ao aborto. A partir de agora caberá aos estados decidir sobre a permissão do procedimento.

“Um enorme retrocesso aos direitos humanos e aos direitos das mulheres, ocasionado pelo crescente avanço do fundamentalismo e do conservadorismo na política mundial” define a advogada Juliana Quillinan sobre a mudança nos Estados Unidos.

Todos esses acontecimentos no mundo colocaram em evidência a temática do aborto legal. Confira a seguir os aspectos mais importantes sobre o tema!

O que é aborto legal?

Aborto legal é o termo utilizado para se referir ao procedimento de interrupção da gestação em casos previstos pela legislação brasileira. 

Apesar de não ser feito em todos os hospitais, o procedimento é oferecido gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Se o município não disponibiliza o serviço, ele deve encaminhar a pessoa ao atendimento de referência mais próximo.

Ao chegar no hospital, a mulher deve passar por uma equipe multidisciplinar, composta por: médico ginecologista, obstetra, anestesista, enfermeiro, psicólogo e assistente social. Pelo menos é o que recomenda uma norma técnica do Ministério da Saúde.

Imagens/TV Brasil
Aborto legal

Em quais casos o aborto é permitido?

No Brasil, a prática do aborto é autorizada em três casos. Vale destacar que a Lei não prevê qual o período de gestação máximo para a realização do procedimento. Confira quando a interrupção da gravidez é legalizada:

Gravidez de risco à vida da gestante

Algumas gestações geram risco de vida para a progenitora. Em casos assim, há amparo da lei para realização de um aborto legal. 

Apesar de não haver idade gestacional máxima para a interrupção da gravidez, quanto mais cedo o aborto for realizado, menores serão os riscos para a mulher. 

Gravidez resultante de violência sexual

O aborto legal também é autorizado quando a mulher engravida por conta de um estupro ou outra forma de violência sexual.

Para realizar um aborto legal, nesse caso, não é preciso autorização judicial, nem de Boletim de Ocorrência Policial. O relato da vítima à equipe médica já é suficiente para realização do procedimento.

“É direito da gestante vítima do crime de estupro realizar o aborto, bastando  seu livre consentimento ou de seu representante legal. Não há necessidade de autorização judicial mas, caso o pleito chegue ao judiciário, só resta ao magistrado conferi-la”, esclarece a advogada Juliana

Anencefalia fetal

A gestação também pode ser interrompida quando existe malformação no feto, incompatível com a vida extrauterina.  

Nesse caso,  para que o aborto possa ser feito, é preciso apresentar um diagnóstico de anencefalia do feto.

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Aborto legal: origem do direito

O aborto legal entrou na legislação brasileira há mais de 80 anos. O marco desse direito é o Código Penal Brasileiro, de 1940, que tipifica o aborto como crime e coloca algumas exceções. Na época, essas exceções eram a gestação resultante de violência sexual e a gravidez de risco à vida da mulher.

Somente em 2012 a interrupção da gravidez em caso de feto anencefálico foi legalizada, por meio de uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF).

Rovena Rosa/Agência Brasil
aborto legal

Quais questões envolvem o aborto?

O aborto envolve diversas questões importantes para quem vai prestar vestibular. A professora de Filosofia do Curso Anglo, Renata Esteves, traz alguns pontos que devem ser observados:

  • O acesso ao direito do aborto legal, uma vez que, em diversos casos, a mulher tem a própria dignidade afetada pela burocracia jurídica, pela falta de estrutura dos hospitais ou por algum tipo de violência sofrida durante o procedimento;

  • A ampliação dos direitos relacionados ao aborto, pois o procedimento é considerado crime em muitas outras circunstâncias, exceto as três listadas anteriormente;

  • Os impactos das penalidades sofridas pelas mulheres que abortam voluntariamente na sociedade;

  • As clinicas de aborto clandestinas que, por operarem na ilegalidade, trazem uma série de consequências negativas para a sociedade como um todo;

  • A prática do aborto voluntário que, por ser ilegal na maioria das circunstâncias, faz com que

     muitas mulheres se submetam a procedimento inadequados. Assim, torna-se um problema de saúde pública, porém encarado apenas dentro da ordem jurídica criminal. 

A advogada Júlia Trotta, do perfil no Instagram Advogada para Elas, acrescenta ainda que o aborto se relaciona aos direitos das mulheres: “A autonomia em relação ao próprio corpo é um  dos direitos que mais têm sido batalhados pelas mulheres. E dentro dessa discussão, não há como não mencionar a legalização do aborto e a ampliação dos direitos reprodutivos e sexuais”.

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Quais são as polêmicas ao redor do aborto?

 A professora Renata explica que o aborto envolve posicionamentos polarizados, que não tratam sobre aspectos pragmáticos dos direitos reprodutivos.

”De um lado temos grupos conservadores e religiosos que partem do pressuposto de que a concepção é uma dádiva divina e desde o seu início já abriga um espírito. De outro lado, temos um grupo progressista que encara a proibição do aborto como uma forma de domínio sobre o corpo e a autonomia das mulheres”, explica Renata.

Além disso, a advogada Julia esclarece que o aborto não trata somente da sexualidade, mas sim da saúde, da segurança e do direito à vida da própria mulher.

Tomaz Silva/Agência Brasil
aborto legal
Protesto em 2017 contra PEC que pretendia proibir todas as formas de aborto no país

Renata ressalta que caminhos mais produtivos passam pelas políticas públicas e medidas preventivas. Alguns exemplos de pontos importantes para ela são:

  • Pesquisas que identifiquem as causas dos abortos voluntários no Brasil 

  • Segurança das mulheres;

  • Acesso à saúde e aos contraceptivos;

  • Planejamento de uma educação sexual adequada nas escolas;

  • Políticas que acolham mães e crianças garantindo o acesso à saúde, creches e direitos trabalhistas de maternidade.

Como outros países tratam o aborto legal?

A Advogada Bruna Cardoso, do perfil no Instagram Advogada para Elas, traça o cenário do aborto legal fora do Brasil: “Na Europa, o direito à interrupção voluntária da gravidez é garantido em grande parte dos países, que apenas divergem quanto a semana limite pra realização do procedimento”. 

Ainda segundo a profissional, esses países vão ao encontro de uma legislação mais humanitária e permissiva, diferentemente do Brasil que é classificado como “um  pais  com a legislação extremamente restritiva em relação ao aborto”.

Já na América do Sul, a advogada destaca o Uruguai, que foi o primeiro a flexibilizar a legislação sobre o aborto. Lá, o direito foi aprovado no ano de 2012.

“Nesses países a Lei e as instituições garantem a redução da burocracia do estado, visando assegurar a segurança e a saúde de meninas e mulheres que se encontram em circunstâncias sociais, médicas, ou econômicas que, ao próprio ver, são incompatíveis com a gestação”, explica Bruna.

Como o aborto legal pode cair na prova de atualidades do Enem?

O Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) tem como característica a cobrança de temas da atualidade. Os últimos eventos ocorridos no Brasil e no mundo, dessa forma, podem cair na prova. 

A professora de Filosofia do Curso Anglo, Renata Esteves, aposta nas alterações e ampliações na lei e no direito ao aborto na Argentina, Chile e Colômbia e na decisão da Suprema Corte dos Estados Unidos que deu o poder de decisão sobre a proibição do aborto aos Estados.

Além disso, a professora Renata destaca as “alterações na portaria que o Ministério da Saúde executou nos últimos anos referente aos procedimento de aborto legal e de que maneira isso pode impactar no exercício de direitos e dignidade das mulheres vítimas de violência sexual”.

Mas vale pontuar que os vestibulares tendem a cobrar questões sobre o tema de maneira mais interpretativa e pragmática. “Questões sobre o aborto são consideradas muito polêmicas e a nossa sociedade trata do tema de forma muito delicada”, declara a professora.

Como a questão do aborto pode cair na redação do Enem?

A redação do Enem costuma abordar fatos e dilemas da atualidade. Dessa forma, o aborto pode cair na prova. A professora de Filosofia do Curso Anglo, Renata Esteves, comenta duas possibilidades:

  • A trajetória histórica da conquista do direito ao aborto legal no Brasil e os impactos dessa lei no exercício de direitos e autonomia das mulheres

O tópico trata do código penal de 1940, que permitiu o exercício legal de interrupção da gravidez com assistência do Estado em dois casos: quando a gestação oferece risco à vida da mulher; ou quando a gestação resulta de violência sexual. Em 2012, o direito de aborto legal se estendeu para as gestantes de fetos anencéfalos, por meio de uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF).

  • Dificuldades no acesso ao abortamento legal no Brasil e os impactos disso na saúde física e mental de meninas e mulheres

Esse tema traz questões relacionadas ao preparo dos médicos, dos enfermeiros  e do Estado para atender as mulheres que buscam o aborto legal. Isso porque, muitas vezes, há algum tipo de omissão que dificulta o acesso a esse direito. 

“A conduta omissiva acaba por gerar ainda mais traumas físicos e psicológicos nas mulheres, que na grande maioria das vezes são vítimas de violência sexual, além de violar diversos de seus direitos e sua dignidade humana”, afirma a professora Renata.

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