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Carta argumentativa: o que é, estrutura e características

Veja o que você precisa saber sobre esse gênero textual que pode ser cobrado no vestibular

Você já escreveu uma carta? Tão antiga quanto o começo da civilização, as cartas já existiam na época dos reis do antigo Oriente Médio e segue até hoje como uma importante forma de comunicação. 

No Brasil, a primeira carta foi escrita por Pero Vaz de Caminha, a fim de avisar que a esquadra de Pedro Álvares de Cabral havia encontrado terra. 

Sendo considerada até mesmo por alguns pesquisadores como a origem de todos os gêneros textuais, a carta é um tipo de texto que pode ser cobrado no vestibular, principalmente, a carta argumentativa.

Veja também: Como escrever uma carta de apresentação para o vestibular?

carta argumentativa

“A carta argumentativa é um gênero discursivo em que o autor se dirige a um interlocutor com o objetivo de defender um ponto de vista”, explica Gabrielle Cavalin, coordenadora de redação do curso Poliedro.

No vestibular, esse tipo de gênero já foi cobrado por universidades como Unicamp, UFPR, UEM, e UFU. Veja qual é a sua estrutura, características e exemplos de cartas argumentativas conhecidas:

Estrutura da carta argumentativa

A carta argumentativa é escrita para que o remetente expresse problemas enfrentados ou uma opinião, buscando convencer o destinatário com argumentos que comprovem o seu ponto. 

“É importante destacar que esse ponto de vista pode ser, por exemplo, uma tentativa de fazer o interlocutor mudar de opinião, agir de uma determinada maneira, participar de um evento e, para isso, o autor sustenta o posicionamento por meio de argumentos”, explica Cavalin. Para isso, a carta segue a seguinte estrutura:

  • Cabeçalho: indicação de local e data de escrita;
  • Vocativo: apontando para quem se dirige o texto;
  • Corpo do texto: motivo para escrita da carta e dos argumentos que sustentam tal motivação;
  • Saudação final: despedida;
  • Assinatura: nome de quem escreveu, seja ele indivíduo, grupo ou Instituição.

Para garantir que a carta seja argumentativa, é ainda preciso que exista a defesa de um ponto de vista. Para não descaracterizar o gênero, a professora e coordenadora indica que o aluno trabalhe na construção da imagem de quem escreve e para quem escreve.

“Há um perigo do aluno, principalmente vestibulando, muito treinado para execução da estrutura da dissertação argumentativa, ignorar o pressuposto mais importante da carta que é justamente o processo de interlocução. Quem escreve e para quem se dirige o texto é elemento fundamental para escolha da formalidade, dos argumentos e da linguagem empregada neste gênero”, explica.

Características da carta argumentativa

“Um aspecto importante é a manutenção das marcas de primeira pessoa (seja do plural ou do singular, de acordo com quem é o autor da carta) que podem ser mantidas por meio dos verbos, pronomes e expressões de valor vocativo, além, claro, da própria seleção do conteúdo dos argumentos”, aponta Gabrielle.

A coordenadora de redação ainda ressalta que o estudante deve se atentar se o que defenderá no texto está compreensível ao leitor e se há bons argumentos para que seja possível o convencimento do interlocutor. Veja algumas características de gênero textual:

  • Uso da primeira pessoa do singular ou plural;
  • Introdução do tema e tese nos primeiros parágrafos;
  • Possuir interlocutor definido;
  • Apresentar argumentos que justifiquem o posicionamento do remetente.

Outra dica da professora é evitar expressões cristalizadas e que engessam a carta como, por exemplo, “venho por meio desta”.

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A carta possui título?

Diferentemente de outros gêneros, a carta argumentativa não tem título. No lugar do título, utiliza-se o vocativo, deixando claro a quem se dirige o texto. 

A exceção são as cartas abertas: “esse tipo de carta, modalidade de carta argumentativa que tem por característica a publicação do conteúdo, podem conter uma espécie de título que é, na verdade, uma referência ao leitor – um público amplo, que não é o interlocutor específico da carta – sobre do que se trata o texto”, explica a coordenadora de redação.

Exemplo de referência ao leitor: “Carta aberta ao Presidente da República sobre o desmatamento na Amazônia”

Exemplo de carta dissertativa

Alguns exemplos de carta argumentativa indicadas por Gabrielle é a Carta ao povo brasileiro”, escrita pelo ex-presidente Lula, e a “Valsinha, e não Valsa hippie (2)”, escrita por Chico Buarque para Vinícius de Moraes, em 1971, em que o compositor defende mudanças na letra da música Valsinha. 

Ficou curioso? Veja na íntegra a carta argumentativa de Chico Buarque:

Caro poeta,

Recebi as duas cartas e fiquei meio embananado. É que eu já estava cantando aquela letra, com hiato e tudo, gostando e me acostumando a ela. Também porque, como você já sabe, o público tem recebido a valsinha com o maior entusiasmo, pedindo bis e tudo. Sem exagero, ela é o ponto alto do show, junto com o “Apesar de você”. Então dá um certo medo de mudar demais. Enfim, a música é sua e a discussão continua aberta. Vou tentar defender, por pontos, a minha opinião. Estude o meu caso, exponha-o a Toquinho e Gesse, e se não gostar foda-se, ou fodo-me eu.

“Valsa hippie” é um título forte. É bonito, mas pode parecer forçação de barra, com tudo que há de hippie por aí. “Valsa hippie” ligado à filosofia hippie como você a ligou, é um título perfeito. Mas hippie, para o grande público, já deixou de ser filosofia para ser a moda pra frente de se usar roupa e cabelo. Aí já não tem nada a ver. Pela mesma razão eu prefiro que o nosso personagem xingue ou, mais delicado, maldiga a vida, em vez de falar mal da poesia. A sua solução é mais bonita e completa, mas eu acho que ela diminui o efeito do que se segue. Esse homem da primeira estrofe é o anti-hippy. Acho mesmo que ele nunca soube o que é poesia. É bancário e está com o saco cheio e está sempre mandando sua mulher à merda. Quer dizer, neste dia ele chegou diferente, não maldisse (ou “xingou” mesmo) a vida tanto, e convidou-a pra rodar.

“Convidou-a pra rodar” eu gosto muito, poeta, deixa ficar. Rodar que é dar um passeio e é dançar. Depois eu acho que, se ele já for convidando a coitada para amar, perde-se o suspense do vestido no armário e a tesão da trepada final. “Pra seu grande espanto”, você tem razão, é melhor que “para seu espanto”. Só que eu esqueci que ia por itens.

Vamos lá: Apesar do Orestes (vestido de dourado é lindo), eu gosto muito do som do vestido decotado. É gostoso de cantar “vestido decotado”. E para ficar dourado, o vestido fica com o acento tendendo para a primeira sílaba. Não chega a ser um acento, mas é quase. Esse verso é, aliás, o que mais agrada, em geral. E eu também gosto do decotado ligado ao “ousar” que ela não queria por causa do marido chato e quadrado.

Escuta, ô poeta, não leva a mal a minha impertinência, mas você precisava estar aqui para ver como a turma gosta, e o jeito dela gostar dessa valsa, assim à primeira vista. É por isso que estou puxando a sardinha mais para o lado da minha letra, que é mais simplória, do que pelas suas modificações que, enriquecendo os versos, talvez dificultem um pouco a compreensão imediata. E essa valsinha tem um apelo popular que nós não suspeitávamos.

Ainda baseado no argumento acima, prefiro o “abraçar” ao “bailar”. Em suma, eu não mexeria na segunda estrofe. A terceira é a que mais me preocupa. Você está certo quanto ao “o mundo” em vez de “a gente”. Ah, voltando à estrofe anterior, gostei do último verso onde você diz “e cheios de ternura e graça” em vez de “e foram-se cheios de graça”. Agora, estou pensando em retomar uma idéia anterior, quando eu pensava em colocá-los em estado de graça. Aproveitando a sua ternura, poderíamos fazer “em estado de ternura e graça foram para a praça e começaram a se abraçar”. Só tem o probleminha da junção “em-estado”, o “em-e” numa sílaba só. Que é o mesmo problema do “começaram-a”. Mas você mesmo disse que o probleminha desaparece dependendo da maneira de se cantar. E eu tenho cantado “começaram a se abraçar” sem maiores danos.
Enfim, veja aí o que você acha de tudo isso, desculpe a encheção de saco e responda urgente.

Há um outro problema: o pessoal do MPB-4 está querendo gravar essa valsa na marra. Eu disse que depende de sua autorização e eles estão aqui esperando.

Eu também gostaria de gravar, se o senhor me permitisse, por que deu bolo com o “Apesar de você”, tenho sido perturbado e o disco deixou de ser prensado. Mas deu para tirar um sarro. É claro que não vendeu tanto quanto a “Tonga”, mas a “Banda” vendeu mais que o disco do Toquinho solando “Primavera”.

Dê um abraço na Gesse, um beijo no Toquinho e peça à Silvana para mandar notícias sobre shows etc. Vou escrever a letra como me parece melhor. Veja aí e, se for o caso, enfie-a no ralo da banheira ou noutro buraco que você tiver à mão.

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