Como é a rotina de um estudante no doutorado?
Saiba mais sobre os afazeres da rotina de alguém que está no doutorado
Se você quer ser chamado de “doutor” sem ninguém questionar seu título, fique sabendo que não será nada fácil. Isso porque é preciso muita disciplina e esforço na rotina para encarar qualquer programa de doutorado – a pós-graduação stricto sensu de maior complexidade hoje no Brasil.
Com duração de quatro a cinco anos, o curso exige muita leitura e estudos, além da realização de uma tese ao final. Esse trabalho traz um ponto de vista inédito para determinado assunto e é desenvolvido de todo o programa pelo estudante com o auxílio de um orientador.
Ao realizar o doutorado, o estudante adquire um vasto conhecimento teórico voltado para o meio acadêmico e, por isso, é uma ótima opção para quem deseja seguir pelo caminho da pesquisa científica ou tecnológica ou, então, pela docência. Foi justamente essa a escolha de Amira Amaral do Sim, de 28 anos.
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A jovem, que na graduação completou a licenciatura em Física e realizou o mestrado posteriormente, hoje participa do Programa de Educação para a Ciência da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (Unesp), em Bauru, no interior do estado de São Paulo. “Iniciei o doutorado em 2016 e defenderei a tese, a principio, em 2020”, diz. Ela conta ter iniciado o o doutorado para poder lecionar para o Ensino Superior e também para contribuir com a formação de novos profissionais.
Rotina no doutorado
Amira dá aulas tanto para o Ensino Superior, quanto para o Básico. Por conta dessa rotina e por não querer parar de trabalhar, escolheu não concorrer a bolsas de estudo públicas para o doutorado. “Quando a gente ganha bolsa, a dedicação tem que ser exclusiva para o doutorado, mas escolhi continuar dando aulas e tendo meu sustendo”, ela conta.
Segundo ela, o curso de doutorado que está fazendo é composto por diversas disciplinas optativas que são escolhidas de acordo com o interesse do aluno. Por ter realizado o mestrado antes, Amira conseguiu alguns créditos para compor sua grade.
“Consegui terminar as disciplinas no primeiro ano do doutorado, mas, para isso, dediquei-me quase que exclusivamente à elas”, afirma.
Ainda, em razão do programa ser voltado à educação, dificilmente as matérias incluem provas, mas sim, muitos trabalhos e artigos a serem lidos semanalmente. “Nas disciplinas são selecionados artigos para a leitura em casa que depois são discutidos em sala, tendo em vista os referenciais trabalhados e a vivência dos alunos e professores.”
Além dos textos para embase teórico, Amira conta que sempre são demandados trabalhos para os alunos. Eles podem envolver apresentações de temas propostos ou artigos, e ao final da disciplina, o desenvolvimento de um artigo que relacione o que foi estudado.
“Além das disciplinas, participamos de congressos e eventos para compartilhar sobre as nossas pesquisas, aprendermos sobre outras e participarmos de discussões, mesas redondas, palestras e mini cursos”, afirma Amira.
A correria por causa de sua escolha é muito grande e, ao longo do curso, seu tempo foi ficando cada vez mais curto.
“Durante todo o curso do doutorado eu lecionei, o que deixou tudo um pouco mais corrido. No começo eu dava poucas aulas, então era mais tranquilo, conseguia me dedicar ao doutorado e às disciplinas quase todos os dias da semana, mas a demanda de aulas foi aumentando e, precisando me sustentar e criar minha carreira, fui aceitando as aulas”, conta.
Segundo ela, ainda, por causa da rotina pesada acaba fazendo todas as refeições enquanto escreve no computador. “Por vezes, passo o final de semana ‘enclausura’, tentando correr atrás das coisas, já que meu tempo é curto”, afirma.
Tese
A doutoranda conta que sua tese do doutorado está focando nos aspectos que ajudam no interesse e aplicação de novas tecnologias, com a de um laboratório remoto, aos professores.
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“Durante o mestrado, estudei sobre a aplicação de um experimento remoto em salas de aulas. O experimento remoto é um experimento real, mas que é manipulado via internet e, assim, é possível vê-lo por uma página da web (com a ajuda de uma câmara) e executar os comandos”, explica Amira, que complementa: “ele possui todas as vantagens de um experimento real, sem a necessidade do professor ter que desenvolvê-lo e, por ser real, não apresenta dados ideais como as simulações, que geralmente encontramos na Internet.”
A doutoranda afirma que seu orientador não é da mesma cidade que a faculdade que realiza o programa de pós-graduação. Apesar disso, eles se falam bastante por e-mail e vídeoconferência. “Apesar dele estar distante, sempre me dá o suporte necessário e faz a revisão de tudo o que escrevo”, conta.