Mães narcisistas: quais as consequências para as crianças?
Mães narcisistas demonstram impactam a saúde mental dos filhos. Saiba quais as consequências e aprenda identificar se você está sendo uma.
A maternidade pode parecer uma fase recheada de amor e sentimentos bons. Mas, além dessa romantização não condizer com a realidade, tem também o comportamento de algumas mulheres que chamam a atenção: são as mães narcisistas.
Antes de entender o que é uma mãe narcisista, é importante atentar-se ao narcisismo. Esse termo diz respeito a traços de grandiosidade e egocentrismo em uma pessoa, o que muitas vezes faz ela agir de forma tóxica e até cruel.
De acordo com a professora Valéria Barbieri, do Centro de Psicologia Aplicada da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto (FFCLRP) da USP, o narcisismo materno pode caracterizar um transtorno de personalidade.
O que é uma mãe narcisista?
Também conhecido como narcisismo materno patológico, as mães narcisistas acreditam que são superiores aos demais, inclusive aos próprios filhos. Elas exigem atenção e bajulação constante, o que gera uma relação abusiva com os pequenos.
“Por ter a personalidade incompleta, o narcisista depende muito do olhar do outro, seja para ser admirado ou para competir, e isso pode ser refletido na relação entre mãe e filho” — Valéria Barbieri
Entre as consequências às crianças, estão a destruição da autoestima, autoconfiança e autonomia; negligência ou distrato; traumas e prejuízos à saúde mental, inclusive quando ainda são muito novos.
Quais são os sinais de uma mãe narcisista?
Geralmente, as mães narcisistas possuem o transtorno de personalidade narcisista. Isso faz com que elas ajam de forma abusiva, por acreditarem que são superiores.
O abuso psicológico costuma ser o mais presente, porém é comum haver agressão verbal e até mesmo violência física em casos mais graves.
Como mães narcisistas agem
-
Costumam comparar o filho com outras pessoas, especialmente da mesma faixa etária;
-
Fazem chantagem emocional;
-
Possuem inveja da criança ou jovem;
-
Tem autoestima frágil, apesar de tentarem esconder a todo custo;
-
Falta de empatia e solidariedade, principalmente com o filho;
-
Exibicionismo;
-
Não reconhece erros e, consequentemente, não pede desculpas;
-
Discussões e brigas constantes;
-
Distanciamento emocional.
Os filhos não possuem culpa alguma e são vítimas dessa situação. Para as crianças mais novas, é muito difícil reconhecer esse cenário e conseguir sair dele, tendo em vista que elas são controladas pelas próprias mães.
Já para os mais velhos, pré-adolescentes e jovens, as mães narcisistas tendem a entrar em mais conflitos. Se eles repudiam esse tipo de comportamento, são vistos como rebeldes; se acatam em silêncio, são julgados como frágeis.
Cabe aos outros responsáveis e adultos que convivem com as crianças (escola, vizinhos) notarem esse comportamento, tanto da mãe quanto dos filhos, a fim de ajudar a família a lidar com o transtorno e buscar ajuda profissional.
É importante deixar os julgamentos e oferecer apoio. A pessoa narcisista também passou por situações que a deixaram assim.
Sintomas do transtorno de personalidade narcisista
Segundo a edição lançada em 2014 do DSM-5 – Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, livro referência na área da psiquiatria ao redor do mundo, o quadro pode ser caracterizado a partir dos seguintes sintomas:
-
Sensação de grandiosidade sob a própria pessoa;
-
Preocupação com fantasias de sucesso ilimitado, poder, beleza ou amor ideal;
-
Acredita ser especial e único e que pode ser compreendido, somente por pessoas ou instituições especiais;
-
Demanda admiração constante de quem está ao redor;
-
Mostra, constantemente, sentimentos de ter sempre direitos;
-
Explorador em relações interpessoais;
-
Tem dificuldade em entender os sentimentos dos outros, ou seja, falta empatia;
-
Sente inveja frequentemente ou acredita que os outros o invejam;
-
Possui comportamentos e atitudes arrogantes ou insolentes.
Apesar desses traços se destacarem nessa condição, apenas um profissional da área é capaz de diagnosticar o paciente com transtorno de personalidade narcisista.
Fatores genéticos e contextos sociais, como fatos da infância e de toda a trajetória de vida da pessoa, também são levados em consideração na hora do diagnóstico.
Como age uma mãe narcisista?
Valéria Barbieri diz que quando observamos mães narcisistas, é comum notar que elas depositam seus sonhos, frustrações e desejos nos filhos. Para esse tipo de mãe, a criança passa a ser uma extensão dela própria.
“É como se o filho tivesse vindo ao mundo para realizar os sonhos da mãe e com isso ele fica aprisionado nesta relação” — Valéria Barbieri
Esse tipo de comportamento impacta diretamente a autonomia do pequeno, já que a mulher se torna controladora. E mais: as mães narcisistas tendem a se autovangloriar, agindo de forma abusiva sob os mais novos.
Por não conseguirem se identificar com o filho, elas passam a ideia de que a criança não tem valor, principalmente por não corresponder às expectativas que elas mesmas criaram.
Sequelas de filhas de mães narcisistas
É natural que existam sequelas de filhas de mães narcisistas. A família costuma ser a base social na vida de uma criança, e os traumas tidos na infância serão levados para o resto da vida, se não forem tratados adequadamente.
Entre as sequelas de filhas de mães narcisistas, podemos notar obstáculos ligados às emoções e relacionamentos.
6 consequências em filhos de mães narcisistas
-
Problemas na autoestima e autoconfiança;
-
Dificuldade em relacionamentos amorosos, de amizade e até mesmo familiares;
-
Padrões autodestrutivos, como vícios;
-
Sentimento constante de inferioridade;
-
Repetição do comportamento da mãe narcisista, de maneira involuntária;
-
Transtornos psicológicos que englobam desde ansiedade, estresse, depressão e transtornos de personalidade (borderline, narcisista).
Por fim, a professora Valéria afirma que tanto as mães narcisistas quanto as crianças precisam de acompanhamento psicológico, e muitas vezes psiquiátrico também.
Somente com ajuda profissional é possível quebrar esse ciclo e garantir qualidade de vida para a família, especialmente no quesito de saúde mental.