A Guerra do Contestado foi um conflito que durou de 1912 a 1916 - durante a Primeira República - em uma região situada entre o Paraná e Santa Catarina.
A guerra levou esse nome porque ocorreu em um território incorporado pelo estado do Paraná, entretanto, contestado por Santa Catarina.
Esse foi um conflito de caráter messiânico, uma vez que teve como líder o religioso José Maria. Além disso, foi também sócio-político, já que envolveu disputas territoriais e reivindicações por melhores condições de vida da população.
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As terras da região do “Contestado” permaneceram, durante muito tempo, sem regulamentação. Ou seja, não havia uma legislação que determinava a posse dos territórios.
Sendo assim, diversas pessoas haviam ocupado as terras que foram, por muito tempo, desinteressantes para o governo.
Nos primeiros anos da República, centenas de famílias já haviam se instalado há muito tempo na região, estabelecendo ali o cultivo de erva-mate e a extração de madeira.
É nesse momento que a empresa norte-americana Brazil Railway Company, com o apoio dos coronéis da região e do governo, iniciou a construção de uma ferrovia que ligava São Paulo ao Rio Grande do Sul. A construção da ferrovia atravessava a região entre Santa Catariana e o Paraná.
Como essas terras eram ocupadas sem registro pela população que lá estava, a empresa comprou sua posse do governo e desabrigou muitas das famílias que viviam há anos na região.
Além disso, um grupo de empresários ligados à Brazil Railway Company comprou uma grande quantidade de terras para a construção de uma madeireira, deixando ainda mais desalojados.
Outro fator importante a ser considerado é que, após a construção da ferrovia, os funcionários que trabalharam nas obras permaneceram na região, na condição de desempregados.
Sendo assim, grande parte da população da região, que já era pobre, fora desalojada de suas casas e estava sem empregos.
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É nesse contexto que antigos moradores e ex-funcionários da rodovia entram em conflito com os madeireiros e as elites locais da região.
Mais tarde, acabaram por se juntar ao líder religioso José Maria de Santo Agostinho. As pregações do líder José Maria prometiam a construção de um mundo mais justo, novo, pelas leis de Deus, e angariaram milhares de seguidores. Além disso, o “monge” era conhecido por ter dons proféticos e de cura.
Assim como no caso de Canudos, guiados pela ideia de uma vida comunitária, o líder religioso e seus seguidores fundaram “cidades santas” no território do “Contestado”
O monge José Maria pregava que a República era o regime político do “fim dos tempos” e defendia o retorno do Império, considerado por ele o “governo de Deus”. Sendo assim, ele e seus seguidores tomaram territórios e fundaram comunidades autônomas, que pregavam a liberdade e a igualdade, sob desígnios religiosos.
O caráter monarquista dessas comunidades e a grande influência de José Maria desagradava as elites locais e, claro, o próprio governo republicano. Além disso, a Igreja Católica também não era a favor da existência de um líder messiânico como José Maria.
Sendo assim, o movimento passou a ser considerado pelo Governo como inimigo da ordem e da República.
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As “cidades santas” e seus moradores foram duramente reprimidos pela ação das tropas armadas do Governo Federal, com o apoio das multinacionais e dos coronéis locais.
Em 1912, na Batalha de Irani, o monge José Maria foi morto.
Seus seguidores, inconformados, radicalizam o conflito e eclode uma real guerra civil. Os integrantes do movimento do Contestado não se renderam facilmente: ergueram novas sedes e partiram para o combate às tropas militares.
Diante dessa resistência, o Governo Federal utilizou todo seu poderio militar, contingente de soldados e equipamentos para obter êxito na destruição das “cidades santas”.
Somente em 1916 a guerra teve fim, com a prisão do último líder rebelde, Adeodato. O conflito teve fim com um grande número de mortos e resultou na assinatura do Acordo de Limites Paraná-Santa Catarina.
A serraria construía ramais ferroviários que adentravam as grandes matas, onde grandes locomotivas com guindastes e correntes gigantescas de mais de 100 metros arrastavam, para as composições de trem, as toras que jaziam abatidas por equipes de trabalhadores que anteriormente passavam pelo local. Quando o guindaste arrastava as grandes toras em direção à composição de trem, os ervais nativos que existiam em meio às matas eram destruídos por este deslocamento.
(MACHADO P. P. Lideranças do Contestado. Campinas: Unicamp.
2004 (adaptado))
No início do século XX, uma série de empreendimentos capitalistas chegou à região do meio-oeste de Santa Catarina — ferrovias, serrarias e projetos de colonização. Os impactos sociais gerados por esse processo estão na origem da chamada Guerra do Contestado.
Entre tais impactos, encontrava-se: