A Revolta da Armada foi uma rebelião ocorrida entre 1893 e 1894 - anos iniciais da Primeira República no país - organizada por integrantes da Marinha do Brasil.
A historiografia divide a Revolta da Armada em duas fases: a primeira, durante o governo de Deodoro da Fonseca, primeiro presidente do Brasil, e o segundo, durante o governo de Floriano Peixoto, seu sucessor.
Iniciada no Distrito Federal do país na época, o Rio de Janeiro, a rebelião se espalhou também para a região sul. A Revolta da Armada ficou conhecida por esse nome justamente porque seus integrantes utilizaram armas para fazê-la acontecer.
Dentre os objetivos dessa revolta, destaca-se a manutenção dos militares no poder, as discordâncias políticas entre os próprios grupos de militares e a reivindicação de equidade salarial entre marinha e exército.
📚 Você vai prestar o Enem? Estude de graça com o Plano de Estudo Enem De Boa 📚
A Primeira República foi o período da história do Brasil compreendido entre os anos de 1889 a 1930. Esse foi o primeiro momento após a Proclamação da República e compreendeu importantes transformações políticas, econômicas, culturais e sociais no país.
O período entre 1889 e 1898 foi marcado por uma forte crise política e econômica. As forças políticas estavam ainda muito fragmentadas, gerando muitas disputas. Além disso, a moeda brasileira passou por um processo de desvalorização muito grande enquanto a inflação cresceu subitamente. Entretanto, foi também um momento de consolidação das instituições republicanas.
As revoltas populares, civis e militares, estiveram por toda extensão do período da Primeira República. As insatisfações giravam em torno de questões amplas, como o sistema político e social implementado; e de questões mais específicas decorrentes da relação entre o povo e o Estado. Dentre essas revoltas, podemos destacar, além da Revolta da Armada, a Revolta de Canudos, a Guerra de Contestado, o Movimento do Cangaço, a Revolta da Vacina, entre outros.
A primeira fase da Revolta da Armada aconteceu no ano de 1891. Na época, o então presidente Marechal Deodoro da Fonseca havia fechado o Congresso Nacional e declarado estado de sítio, desrespeitando veementemente a Constituição.
Em desacordo com as medidas do presidente, unidades da marinha se reuniram na Baía de Guanabara, no Rio de Janeiro, e ameaçaram um bombardeio. Temendo a realização da ameaça, Deodoro da Fonseca acabou renunciando.
Depois da renúncia do então presidente, seu vice, Floriano Peixoto, assumiu o cargo. Após dois anos cumprindo o mandato, deveria convocar novas eleições para presidente. Entretanto, nos meses finais desses dois anos, Floriano Peixoto indicou que novas eleições não aconteceriam, alegando que, como ele e Deodoro da Fonseca haviam sido eleitos de maneira indireta, as normas da constituição não valeriam para este caso.
Durante o governo de Floriano Peixoto aconteceu uma intensa renovação do quadro político, o que abriu caminho para o aumento do poder dos grandes cafeicultores de São Paulo. Essa mudança foi causa de intenso descontentamento para muitos grupos de militares que esperavam a manutenção do poder militar no governo do país, especialmente da Marinha, inaugurando a segunda fase da revolta.
Por isso, quando Floriano Peixoto indicou que não deixaria o poder, 13 oficiais-generais da Marinha, como Saldanha da Gama e Custódio de Melo, elaboraram uma carta, exigindo que novas eleições fossem convocadas. A carta foi enviada em março de 1892. Em contrapartida, o presidente foi severo com o que considerou ser um golpe contra o governo, e mandou prender os principais nomes do levante.
Mais tarde, já no final de 1893, um grupo de oficiais da Marinha, liderados por Custódio de Melo e apoiados por outras figuras importantes, como Saldanha da Gama e Eduardo Wandenkolk, iniciou bombardeios na costa do litoral do Rio de Janeiro e Niterói. Os bombardeiros foram suficientes para que a sede do governo fosse transferida temporariamente para Petrópolis.
Os revoltosos foram fortemente reprimidos pelo exército. Alguns fugitivos acabaram por migrar para o sul e uniram-se à Revolução Federalista. Por fim, Floriano Peixoto, graças ao apoio da população (temerosa pela violência dos bombardeios) e do Partido Republicano Paulista, acabou por vencer e abafar a Revolta da Armada. Vários revoltosos foram perseguidos mesmo após o fim da revolta e acabaram mortos.
Leia o excerto abaixo.
O almirante, também, tinha grande confiança nos talentos guerreiros e de estadista de Floriano. A sua causa não ia lá muito bem. Perdera-a em primeira instância, estava gastando muito dinheiro... O governo precisava de oficiais de Marinha, quase todos estavam na revolta (BARRETO, Lima. Triste fim de Policarpo Quaresma. Rio de Janeiro: Record, 2009. p. 152).
O trecho citado tem como pano de fundo um importante episódio da História do Brasil, conhecido como: