No último sábado (26), estudantes do curso de Medicina Veterinária do Centro Universitário Una receberam animais de famílias que moram nas ruas de Belo Horizonte (MG) para oferecer cuidados básicos e preventivos de saúde dos bichos.
A ação faz parte do projeto de extensão universitária da Una Linha Verde, que busca atender demandas de recursos e de corpo técnico de ONGs que atuam junto à população animal. A última ação foi realizada em parceria com a ONG Focinho Solidário e recebeu os animais no Abrigo São Paulo, na capital mineira. Foram cerca de 60 animais atendidos.
O campus é "pet friendly", adaptado a receber os pets em seus corredores. "Não queremos apenas estar aptos a receber animais, mas a levar nossos estudantes em diversos pontos da cidade, principalmente em regiões carentes, para que eles habilitem tutores e criadores a terem animais adotando boas práticas de criação", afirma o diretor da Una Linha Verde e médico veterinário, Bruno Antunes Soares.
Além de professores e voluntários das ONGs, essa imersão conta com a participação de 60 alunos da Una. Cada ação conta com cerca de 15 estudantes, que revezam a participação quando a atividade acontece.
Conhecimento e sensibilidade desde o começo do curso
Estudante do primeiro período de Medicina Veterinária na Una, Raíssa de Paula Reis foi uma das colaboradoras da ação do último dia 26, a segunda em setembro. Foi o primeiro contato prático da aluna com a profissão e seu desejo de ajudar a sociedade, que fez com que ela ingressasse no curso em 2020.
"Diante de todo o cenário de discriminação no mundo em si, acredito que a população vulnerável sinta que não faça parte das oportunidades prestadas por parte da sociedade. Levar os serviços a essa população e mostrar que nos importamos com eles e os animais nos desenvolve a sensibilidade para os problemas sociais, acolhe essa população e também influencia na saúde pública", conta a aluna.
Além de oferecer a estrutura necessária para dar o conhecimento técnico aos alunos e receber os animais, Bruno acredita que ações de práticas veterinárias com a comunidade desenvolvem habilidades necessárias para atuar nessa área.
"Acreditamos que o aluno, vivenciando essas atividades, consegue desenvolver a resiliência para a tomada de decisões técnicas, considerando a diversidade social da nossa população, além de vivenciar um grande leque de situações clínicas e patológicas da Veterinária e conseguir contribuir com a comunidade local", diz o diretor.
Durante as ações, os principais atendimentos realizados são banho, alimentação, vermifugação, aplicação de defensivos contra parasitas e avaliações médicas, além de doação de ração de acordo com a necessidade dos tutores.
Para Raíssa, praticar a profissão desde o primeiro semestre do curso será um diferencial em sua formação. "Não posso ser médica veterinária sem acreditar que posso fazer o mundo de alguém melhor. Praticar a medicina veterinária desde o primeiro período me dá segurança do nível de formação que estou adquirindo. Quanto maior a nossa vivência na prática profissional, melhor seremos."
O atendimento a um cachorro de um casal que mora na rua foi o que mais marcou a aluna nessa sua primeira experiência. "No atendimento eles relataram que, quando estavam dormindo, sentiram um focinho frio no pé. Quando perceberam era seu novo amiguinho de estimação", conta Raíssa, que disse que o cão realizou exames clínicos, estava saudável e ainda tomou banho dado pelos voluntários.
" A atitude e o carinho deles falaram por si só", ela completa.
O diretor da Una Linha Verde conta que pretende ampliar as atividades com a comunidade. "Nosso intuito é fomentar essas ações semanalmente em diversos pontos de Belo Horizonte", afirma Bruno.
Após a pandemia, ele conta que a ideia é receber a comunidade com os seus animais para atendimentos no Laboratório de Habilidades Veterinárias da Una.
Leia mais:
+ Hospitais veterinários de universidades atendem o público e capacitam estudantes
+ Medicina Veterinária: o que esperar do curso?
