Um estudo desenvolvido pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) indicou quais são os países do mundo que mais investem em educação. O relatório de 2019 analisa a educação dos seus 36 países membros e de mais dez países parceiros, entre eles, Brasil, Argentina, China e Rússia.
Entre os dados fornecidos, chamam atenção a situação do Brasil, que é um dos países que mais investem em educação em relação à proporção do PIB, mas é um dos que menos gasta anualmente com alunos da rede pública de ensino. Outro dado que chama atenção é o salário médio dos professores, que estão entre os mais baixos do países analisados.
Veja os países com o maior gasto anual por aluno no ensino básico:
1° Luxemburgo;
2° Áustria;
3° Bélgica;
4° Noruega;
5° Estados Unidos;
6° Coreia do Sul;
7° Suécia;
8° Canadá;
9° França;
10° Holanda.
Quanto o Brasil gasta com Educação
Em relação ao Brasil, os dados não são animadores. Segundo o relatório, o país investiu uma média de 5,6% do seu Produto Interno Bruto (PIB) na área de educação, uma porcentagem acima da média de 4,4% dos países da OCDE. O percentual investido pelo Brasil está atrás apenas da Suécia, Bélgica, Islândia, Finlândia e Noruega .
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No entanto, apesar do percentual ser elevado, o valor investido por aluno é bem abaixo da média dos países da OCDE. De acordo com o relatório, o investimento público por aluno nas instituições públicas de ensino brasileiras é um dos mais baixos entre os países analisados.
Média do gasto anual do Brasil por aluno do Ensino Superior e Básico: US$ US$ 4.500;
Gasto anual do Brasil por aluno do ensino Superior: US$ 14.202;
Gasto anual do Brasil por aluno do ensino Fundamental e Médio: US$ 3.866.
O investimento médio dos países da OCDE é de US $9,300 anuais por aluno do ensino básico, um valor maior do que o dobro do montante investido pelo Brasil. No ensino superior a diferença é menor, já que a média dos países analisados é de US $16,100. O valor médio por aluno dos ensinos Básico e Superior é de US $ 10,400, entre os países membros da organização.
Já entre os países da América Latina, a Argentina e o Chile investem mais por aluno do que o Brasil. A Colômbia e o México, no entanto, investem menos.
Confira abaixo quanto os países da América Latina investem anualmente por aluno:
1° Chile: US $ 7.706
2° Argentina: US $ 5.680
3° Brasil: US $ 4.500
4° Colômbia: US $ 3.594
5° México US $ 3.550
Salário dos professores no Brasil
O relatório aponta uma realidade já conhecida pelos profissionais da Educação. Os salários da área são baixos, sendo um dos menores entre os países analisados.
Professores de Ensino Fundamental, no Brasil, ganham US $ 22.500 anuais; a média da OCDE é de US $ 36.500
Professores de Ensino Médio no Brasil, ganham US $ 23.900 anuais; a média na OCDE é de US $ 45.800 anuais.
O valor apresentado no relatório considera o poder de compra de cada moeda, e não a taxa cambial.
Gasto e qualidade: um equilíbrio necessário
Segundo o relatório, o Brasil não investe pouco em educação, ao menos não em relação ao PIB, que corresponde à realidade econômica do país. Um dos problemas, porém, está na qualidade e na execução dos gastos da área de educação.
O desempenho do Brasil PISA, que é a principal avaliação internacional de desempenho escolar, é ruim. A prova avalia três áreas de ensino: Ciência, Leitura e Matemática. Entre os 79 países analisados na prova de 2018, o Brasil ficou na 58º posição em Leitura, 71º em Matemática e 67º em Ciências.
As notas baixas obtidas pelos estudantes brasileiros no PISA indicam que o montante investido em educação pelo Brasil, embora insuficiente, não condiz com a qualidade do ensino, que é pior do que o esperado. Ao menos esta é a análise do próprio relatório da OCDE.
“Apesar da forte pressão social para a elevação do gasto na área de educação, existem evidências de que a atual baixa qualidade não se deve à insuficiência de recursos. Tal observação não é específica ao Brasil, tendo em vista que já é estabelecida na literatura sobre o tema a visão de que políticas baseadas apenas na ampliação de insumos educacionais são, em geral, ineficazes”, afirma a pesquisa.
Desse modo, é necessário investir em políticas públicas educacionais que sejam mais efetivas e comprometidas com resultados, e não apenas de universalização do ensino, como também de qualidade.
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