Na espécie humana, os indivíduos apresentam 46 cromossomos. Destes, 2 são os cromossomos sexuais, com indivíduos do sexo biológico feminino apresentando um par de cromossomos X (XX) e os indivíduos do sexo biológico masculino apresentando um cromossomo X e um cromossomo Y (XY).
A espécie humana é, portanto, diplóide (2n), apresentando os cromossomos sempre em pares. Em seus pares cromossômicos, o zigoto (2n), formado a partir da fecundação, isto é, do encontro dos gametas haplóides (n) dos indivíduos geradores, contará com um cromossomo de origem materna e outro de origem paterna. A hereditariedade é esta capacidade de receber e passar informações contidas no DNA através da reprodução.
Algumas doenças genéticas possuem caráter hereditário, ou seja, o pai ou a mãe possui a doença - ou, pelo menos, o alelo da doença, mesmo que ela não se manifeste - e passa para os seus descendentes, que podem vir a manifestar a doença. Exemplos de doenças genéticas de caráter hereditário são o daltonismo e a hemofilia.
A hemofilia é uma patologia caracterizada pela dificuldade de coagulação sanguínea. O tipo A desta patologia decorre de uma herança genética ligada ao sexo que apresenta incapacidade genética de produzir o fator VIII necessário para síntese de protrombina, que converte o fibrinogênio em fibrina, produto final da coagulação.
A hemofilia do tipo A é condicionada pelo alelo recessivo h presente no cromossomo X, enquanto o alelo dominante H condiciona a coagulação normal do sangue. Dessa forma, indivíduos do sexo biológico feminino só são hemofílicos se apresentarem dois alelos recessivos para a característica, enquanto indivíduos do sexo biológico masculino podem ser hemofílicos apresentando apenas um alelo recessivo.
- XHXH: Indivíduo feminino de coagulação normal;
- XHXh: Indivíduo feminino de coagulação normal, porém portador do alelo recessivo;
- XhXh: Indivíduo feminino hemofílico;
- XHY: Indivíduo masculino de coagulação normal;
- XhY: Indivíduo masculino hemofílico;
A hemofilia atualmente é tratada através do Fator VIII, produzido por engenharia genética e receitado aos portadores.
Esquema da hereditariedade da hemofilia.
Assim como a hemofilia e o daltonismo, há uma série de doenças genéticas relacionadas com os cromossomos sexuais do indivíduo. Ambos os cromossomos X e Y apresentam um conjunto de genes, sendo alguns deles comuns tanto a X quanto a Y (genes homólogos), enquanto outros são exclusivos de um dos cromossomos sexuais (genes heterólogos):
- Herança ligada ao sexo: Aquela determinada por genes localizados na região heteróloga do cromossomo sexual X. Em outras palavras, é o tipo de característica determinada por alelos presentes exclusivamente no cromossomo X.
- Herança limitada ao sexo: As heranças restritas ao sexo correspondem aos alelos localizados no cromossomo Y, sendo, portanto, passado de pai para filho. Um exemplo desse tipo de herança é a hipertricose, caracterizada pela presença exacerbada de pêlos nas orelhas masculinas.
- Herança influenciada pelo sexo: Esse tipo de herança ocorre nos genes autossômicos, ou seja, podem ser expressos em ambos os sexos, mas podem se comportar de modo diferente dependendo do sexo biológico, podendo apresentar caráter recessivo ou dominante. Um exemplo desse tipo de herança é a calvície, que é condicionada por gene autossômico que se comporta como dominante em indivíduos do sexo biológico masculino e como recessivo em indivíduos do sexo biológico feminino.