Entende-se, por doença genética, qualquer forma de patologia associada ou resultante da expressão de genes contidos no DNA do organismo.
O material genético armazena todas as informações do organismo na forma de genes que, quando expressados, resultam em todas as características que esse organismo apresenta (visíveis e não visíveis). Dessa forma, qualquer fator que altere a forma adequada de expressão genética pode causar complicações ao organismo. Quando este fator é originado por anomalias no DNA do indivíduo que causam complicações ao seu organismo, trata-se de uma doença genética.
Algumas doenças genéticas apresentam um caráter hereditário, isto é, são passadas de um indivíduo para seus descendentes através das células reprodutoras, chamadas de gametas. Outras doenças genéticas não apresentam características hereditárias, sendo desenvolvidas a partir de alterações do DNA ocasionadas por mutações.
Atualmente, as doenças genéticas são classificadas em três tipos:
Na espécie humana, os indivíduos apresentam 46 cromossomos. Destes, 2 são os cromossomos sexuais, com indivíduos do sexo biológico feminino apresentando um par de cromossomos X (XX) e os indivíduos do sexo biológico masculino apresentando um cromossomo X e um cromossomo Y (XY).
A espécie humana é, portanto, diplóide (2n), apresentando os cromossomos sempre em pares. Em seus pares cromossômicos, o zigoto (2n), formado a partir da fecundação, isto é, do encontro dos gametas haplóides (n) dos indivíduos geradores, contará com um cromossomo de origem materna e outro de origem paterna. A hereditariedade é esta capacidade de receber e passar informações contidas no DNA através da reprodução.
Algumas doenças genéticas possuem caráter hereditário, ou seja, o pai ou a mãe possui a doença - ou, pelo menos, o alelo da doença, mesmo que ela não se manifeste - e passa para os seus descendentes, que podem vir a manifestar a doença. Exemplos de doenças genéticas de caráter hereditário são o daltonismo e a hemofilia.
A hemofilia é uma patologia caracterizada pela dificuldade de coagulação sanguínea. O tipo A desta patologia decorre de uma herança genética ligada ao sexo que apresenta incapacidade genética de produzir o fator VIII necessário para síntese de protrombina, que converte o fibrinogênio em fibrina, produto final da coagulação.
A hemofilia do tipo A é condicionada pelo alelo recessivo h presente no cromossomo X, enquanto o alelo dominante H condiciona a coagulação normal do sangue. Dessa forma, indivíduos do sexo biológico feminino só são hemofílicos se apresentarem dois alelos recessivos para a característica, enquanto indivíduos do sexo biológico masculino podem ser hemofílicos apresentando apenas um alelo recessivo.
A hemofilia atualmente é tratada através do Fator VIII, produzido por engenharia genética e receitado aos portadores.
Esquema da hereditariedade da hemofilia.
Assim como a hemofilia e o daltonismo, há uma série de doenças genéticas relacionadas com os cromossomos sexuais do indivíduo. Ambos os cromossomos X e Y apresentam um conjunto de genes, sendo alguns deles comuns tanto a X quanto a Y (genes homólogos), enquanto outros são exclusivos de um dos cromossomos sexuais (genes heterólogos):
Biologicamente, as mutações são alterações ocorridas no DNA. Essa alteração pode ocorrer em algum ou alguns nucleotídeos específicos ou em grandes trechos de DNA.
A alteração do material genético de um organismo pode gerar mudanças nas suas características, chamadas de mudanças fenotípicas.
As mutações ocorrem naturalmente nos organismos e, geralmente, ocorrem ao acaso, sendo um importante fator para garantir melhor adaptação dos indivíduos no meio em que vivem. Estão, portanto, diretamente relacionadas com os eventos de variabilidade genética e evolução.
As mutações podem, também, ser induzidas através de substâncias conhecidas como agentes mutagênicos, ou através de situações que podem aumentar a probabilidade de incidência de mutação. Os agentes mutagênicos podem ser divididos em:
As mutações podem ser classificadas quanto ao tamanho da sequência nucleotídica alterada em:
As mutações podem ser classificadas, também, quanto ao cromossomo em que ocorreram. O cariótipo humano é formado por 46 cromossomos, sendo 44 autossomos e 2 cromossomos sexuais. Dessa forma, uma mutação pode ser:
O termo síndrome é atribuído a manifestações de um conjunto de sintomas e quadros clínicos que podem ocorrer ao mesmo tempo no paciente e que não necessariamente possuem a mesma origem ou a mesma causa.
Diversos fatores podem levar ao surgimento de uma síndrome, desde fatores genéticos e hereditários, até situações traumáticas e epigenéticas.
Síndromes genéticas são aquelas causadas por alterações no DNA do paciente, geralmente devido a mutações que, quando ocorrem nas células germinativas, podem ser passadas para os descendentes. As anomalias genéticas podem se dividir em:
Muitas síndromes são ainda resultantes de processos traumáticos ou devido a exposição direta a agentes e situações específicas. A maior parte das síndromes de caráter psicológico estão relacionadas a esses agentes e traumas.
Atualmente, a principal síndrome autossômica que se conhece é a trissomia do 21, chamada de Síndrome de Down, causada pela existência de um cromossomo a mais: ao invés de possuir um par de cromossomos 21, um de herança paterna e outro de herança materna, indivíduos com a síndrome possuem três cromossomos 21.
Essa síndrome está associada com atraso no desenvolvimento infantil, feições faciais características (olhos separados, fendas palatais com atraso de desenvolvimento), deficiência mental leve e, em alguns casos, convulsões.
A cariotipagem é um método que analisa células de um indivíduo para determinar seu padrão cromossômico. Essa técnica consiste na montagem fotográfica, em sequência, dos pares de cromossomos e permite identificar um indivíduo normal (46, XX ou 46, XY) ou com alguma alteração cromossômica. A investigação do cariótipo de uma criança do sexo masculino com alterações morfológicas e comprometimento cognitivo verificou que ela apresentava fórmula cariotípica 47, XY, +18. A alteração cromossômica da criança pode ser classificada como