Biologicamente, as mutações são alterações ocorridas no DNA. Essa alteração pode ser em um ou mais nucleotídeos específicos ou em grandes trechos de DNA.
A alteração do material genético de um organismo pode gerar mudanças nas suas características, chamadas de mudanças fenotípicas.
As mutações ocorrem naturalmente nos organismos, e geralmente ocorrem ao acaso, sendo um importante fator para garantir melhor adaptação dos indivíduos no meio em que vivem. Estão, portanto, relacionadas diretamente com os eventos de variabilidade genética e evolução.
As mutações também podem ser induzidas através de substâncias conhecidas como agentes mutagênicos ou através de situações que aumentam a probabilidade de incidência de mutação.
Os agentes mutagênicos podem ser divididos em:
O DNA é um ácido nucleico (Ácido DesoxirriboNucleico) formado por estruturas monoméricas de nucleotídeos. Estes, por sua vez, são constituídos por bases nitrogenadas (Adenina, Citosina, Guanina e Timina).
A ordem das bases nitrogenadas estabelecem a informação genética, ou seja, é um manual sobre como serão produzidas todas as proteínas existentes em um organismo.
A mutação ocorre a partir da alteração desses nucleotídeos, seja por destruição de algum deles, que é substituído por outro, seja pela quebra das ligações que estabilizam a molécula de DNA e permite a troca de nucleotídeos.
Alterando a ordem das bases nitrogenadas, pode expressar-se uma proteína diferente da que deveria ser produzida. Essa alteração ocorre tanto através do contato com agentes mutagênicos quanto ao acaso, devido aos poucos e improváveis erros que ocorrem durante a replicação do DNA, evento que antecede a divisão celular.
As mutações podem ser classificadas quanto ao tamanho da sequência nucleotídica alterada:
As mutações também podem ser divididas quanto ao cromossomo em que ocorreram. O cariótipo humano é formado por 46 cromossomos, sendo 44 autossomos e 2 cromossomos sexuais. Dessa forma, uma mutação pode ser:
Além da classificação quanto ao tamanho da sequência alterada, a mutações podem ser divididas quanto às células em que ocorrem, sendo classificadas em:
As células, principalmente eucarióticas, se detêm de mecanismos de defesa contra essas alterações.
Mecanismos de reparo do DNA modulado por enzimas presentes no núcleo, conhecidas como endonucleases, corrigem o DNA ao encontrar algum erro no pareamento, diminuindo a incidência de mutações pontuais.
Ao sinal de alteração de grandes trechos do DNA, a célula pode sinalizar para as células vizinhas sua situação e, não havendo outra forma de corrigir a mutação, a célula pode morrer, ativando o processo de apoptose (morte celular programada).
Outra maneira de lidar com as alterações cromossômicas é aumentar as chances das mutações serem de caráter silencioso, não alterando a estrutura protéica formada a partir dela. Dessa forma, vários códons diferentes conferem a característica do mesmo aminoácido, fazendo com que o código genético seja degenerado.
As mutações podem ocorrer em células somáticas. Neste caso, ela não é hereditária, isso é, o indivíduo portador não passará essa mutação aos seus descendentes. Se a mutação ocorrer nas células germinativas do indivíduo, essas células mutadas gerarão gametas mutados que passam essa informação adiante, podendo gerar descendentes com a mesma mutação.
Temos, como exemplo, a Anemia falciforme:
Esse tipo de anemia é caracterizado pelo formato de foice das hemácias, além de estrutura mais rígida, que dificulta o transporte de oxigênio entre os vasos de menor calibre.
A origem dessa patologia é uma mutação hereditária que substitui duas bases nitrogenadas na estrutura do DNA responsável pela síntese da hemoglobina. Na estrutura do DNA sem a mutação, temos uma sequência de bases na ordem de: Citosina-Timina-Citosina.
No processo de transcrição, essa região será transcrita como Guanina-Adenina-Guanina no RNAm. E esse códon (GAG) é correspondente ao aminoácido Ácido Glutâmico (glutamato).
Em indivíduos portadores da anemia falciforme, a Timina presente no segmento de DNA é substituída pela Adenina. O RNAm gerado, portanto, terá como sequência Guanina, Uracila (o RNA não possui Timina) e Guanina, códon este (GUG) que codifica a Valina.
Então, a alteração de um único nucleotídeo no DNA gera um códon para um aminoácido diferente, que altera toda a estrutura da hemoglobina e, consequentemente, da hemácia.
Mas não apenas eventos ruins ocorrem a partir das mutações. São as mutações que tornam os indivíduos diferentes entre si e selecionam os mais adaptados a sobreviver em um determinado ambiente.
Algumas alterações fazem do indivíduo mais apto para sobreviver, fazendo com que sua mutação acabe se tornando uma característica adaptativa que, ao ser submetida ao processo de seleção natural, gera indivíduos mais adaptados a determinadas condições.
A cariotipagem é um método que analisa células de um indivíduo para determinar seu padrão cromossômico. Essa técnica consiste na montagem fotográfica, em sequência, dos pares de cromossomos e permite identificar um indivíduo normal (46, XX ou 46, XY) ou com alguma alteração cromossômica. A investigação do cariótipo de uma criança do sexo masculino com alterações morfológicas e comprometimento cognitivo verificou que ela apresentava fórmula cariotípica 47, XY, +18. A alteração cromossômica da criança pode ser classificada como: