Dentre as doutrinas autoritárias que chegaram ao poder na Europa, após a Primeira Guerra Mundial, a mais importante talvez tenha sido o nazismo na Alemanha. Seu principal líder e ideólogo, Adolf Hitler, foi responsável direto pela expansão alemã e pelo início da Segunda Guerra Mundial.
De origem austríaca, Hitler mudou-se com a família ainda na infância para uma área rural na Alemanha. Lá, viveu por alguns anos, quando tentou ingressar na carreira artística, sem obter sucesso.
Após a morte de seu pai, retornou para a Áustria e passou a viver em Viena, uma das principais cidades da Europa à época e um grande centro de difusão de ideias.
Ainda que fosse cidadão austríaco, Hitler tinha um sentimento de pertencimento à Alemanha, a ponto de se voluntariar para o exército alemão durante a Primeira Guerra Mundial. Após o fim da guerra, Hitler retorna à Alemanha e passa a se interessar por atividades políticas.
Entre 1919 e 1920, funda com aliados o Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães, mais conhecido como Partido Nazista.
Desse modo, a compreensão da ascensão de Hitler, assim como do próprio nazismo, devem ser buscadas nas consequências da Primeira Guerra Mundial.
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Após a derrota na Grande Guerra, a Alemanha, então chamada de República de Weimer, passou por uma intensa crise econômica e social, em decorrência dos termos impostos pelo Tratado de Versalhes.
Além de impor limitações a seu desenvolvimento militar, o acordo de paz a penalizava com severas indenizações aos países invadidos, inviabilizando sua recuperação econômica.
Embora Inglaterra e França tivessem como objetivo arruinar a Alemanha enquanto potência, as consequências econômicas, políticas e sociais que surgiram da humilhação imposta pelo Tratado de Versalhes causaram a proliferação de diversos movimentos na disputa pelo poder no país.
Dentre eles, o movimento espartaquista, de caráter socialista e liderado por Rosa Luxemburgo, tentou comandar uma revolução nos moldes da Revolução Russa, mas acabou fracassando.
A intensa agitação política, as dificuldades econômicas e o sentimento de revanchismo em relação à derrota na guerra, alimentaram os movimentos de direita nacionalistas, que também surgiam.
Esses movimentos, como o nazismo, eram contrários não apenas ao socialismo, mas também ao liberalismo, que entendiam como responsável por levar a Alemanha àquela situação.
Em 1923, já no comando do partido nazista, Hitler e seus aliados planejam tomar o poder através de um golpe de Estado. Mal sucedido, Hitler acaba condenado à prisão, onde fica até 1924.
Durante os meses em que esteve na prisão, Hitler escreveu a obra que seria a mais representativa sobre o que pensava o futuro líder alemão e o nazismo. O livro foi intitulado Mein Kampf (Minha Luta).
Algumas ideias presentes no livro se assemelhavam ao fascismo que crescia na Itália, mas traziam elementos particulares, como a superioridade racial ariana, o antissemitismo (discriminação aos judeus), e a defesa do espaço vital alemão, ou seja, a ideia de que a Alemanha deveria expandir seu território.
Já em liberdade, Hitler passa a se dedicar integralmente ao fortalecimento do Partido Nazista, tanto no parlamento como no interior da sociedade alemã.
Em 1933, os nazistas dividem os votos com os comunistas, acirrando a polarização política na Alemanha.
No mesmo ano, um incêndio atinge o Reichstag, parlamento alemão, e, imediatamente, Hitler aciona sua máquina de propaganda para culpar os comunistas. A partir desse episódio, os nazistas vão rapidamente ganhando apoio e acabando com toda a oposição política.
Hitler, que já havia assumido o posto de chanceler, é alçado a führer (líder), título ao qual ficou associado e que lhe deu poderes ditatoriais. Ainda hoje, persistem dúvidas se o incêndio foi causado pelos nazistas, com o intuito de culpar os comunistas e conquistar o poder.
A política do nazismo se caracterizou como um regime totalitário, de caráter nacionalista e racista.
No campo econômico, diversas cláusulas do Tratado de Versalhes foram descumpridas. A Alemanha se recuperou economicamente e fez pesados investimentos militares.
A defesa do espaço vital foi colocada em prática, e territórios como a Áustria e os Sudetos, na Tchecoslováquia, foram anexados. Durante os anos em que teve poder praticamente absoluto, o führer perseguiu e assassinou opositores, como os comunistas, além de povos que não pertenciam ao seu conceito de raça pura germânica, como judeus e ciganos.
Estima-se que durante o Holocausto, política de genocídio comandada pela Alemanha nazista, cerca de seis milhões de judeus tenham morrido em campos de concentração.
A conduta de Alemanha, sob comando de Hitler e da política nazista, acirrou rapidamente os conflitos com os países vizinhos, em especial França e Inglaterra. Resultou na Segunda Guerra Mundial, iniciada em 1939.
Já em 1945, com a derrota iminente da Alemanha após o cerco de Berlim por tropas soviéticas, o líder nazista se refugiou em um bunker na capital alemã, e em 30 de abril de 1945 se suicidou.
O legado deixado pelo nazismo foi de milhões de vítimas, tanto em guerra quanto nos campos de concentração. Em virtude disso, a apologia ao nazismo ainda é considerada um crime em muitos países.
Nas primeiras sequências de “O triunfo da vontade” (filme alemão de 1935), Hitler chega de avião como um esperado Messias. O bimotor plaina sobre as nuvens que se abrem à medida que ele desce sobre a cidade. A propósito dessa cena, a cineasta escreveria:
“O sol desapareceu atrás das nuvens. Mas quando o Führer chega, os raios de sol cortam o céu, o céu hitleriano”.
(Alcir Lenharo. Nazismo, o triunfo da vontade, 1986)
O texto mostra algumas características centrais do nazismo: