Índice
Introdução
A figura da Rainha de Sabá ocupa um lugar de destaque entre os enigmas da Antiguidade, unindo tradição religiosa, diplomacia e mitologia. Mencionada em textos do Antigo Testamento da Bíblia, sua visita ao rei Salomão tornou-se símbolo de uma busca por sabedoria e conhecimento.
Apesar de seu nome verdadeiro e sua origem exata permanecerem incertos, sua história ecoa em culturas do Oriente Médio e da África, especialmente na Etiópia e na Arábia. Seu legado atravessa séculos, inspirando lendas, interpretações religiosas e reflexões sobre o poder feminino no passado.

Foto: Pinterest
Origens e teorias sobre a identidade da Rainha de Sabá
A origem da Rainha de Sabá é tema de debate entre estudiosos e teólogos. A narrativa bíblica a descreve como soberana de uma terra rica e distante chamada “Sabá”, mas não especifica sua localização exata.
Duas regiões disputam historicamente essa origem: a Arábia do Sul (atual Iêmen) e a Etiópia, no Chifre da África.
De acordo com tradições árabes, Sabá seria o Reino de Sabá, um próspero centro comercial no sul da Península Arábica.
Registros arqueológicos apontam para uma sociedade avançada que dominava rotas de especiarias e era governada por uma elite poderosa. Já para os etíopes, a Rainha de Sabá — conhecida localmente como Makeda — é considerada ancestral da monarquia etíope, de onde descenderia o imperador Menelik I.
No Alcorão, texto sagrado do Islã, ela é chamada de Bilqis, e também é retratada como uma rainha sábia que reconheceu o Deus de Salomão após visitá-lo. Esses diversos relatos refletem a importância da Rainha de Sabá nas tradições religiosas e culturais do Oriente.
Encontro com Salomão e o teste da sabedoria
A história mais famosa envolvendo a Rainha de Sabá é sua visita a Jerusalém, registrada no Primeiro Livro dos Reis (1Rs 10) e no Segundo Livro das Crônicas (2Cr 9).
Movida pela fama da sabedoria do rei Salomão, ela teria empreendido uma longa viagem bíblica com uma caravana carregada de especiarias, pedras preciosas e ouro — uma forma de diplomacia praticada por monarcas da época.
Durante o encontro, a Rainha propôs enigmas e questões difíceis a Salomão, a fim de testar sua inteligência. O rei teria respondido a todas com maestria, impressionando profundamente a visitante.
O diálogo entre os dois simboliza o intercâmbio cultural e espiritual entre diferentes povos da Antiguidade, além de evidenciar o papel da sabedoria como valor supremo na condução dos reinos.
O encontro também envolveu a troca de presentes, consolidando uma aliança respeitosa entre as nações. Esse episódio é tão relevante que inspirou inúmeras representações na arte, literatura e teologia — tornando-se parte da mitologia de várias civilizações.
A relação entre Salomão e a Rainha de Sabá
Segundo algumas versões da tradição etíope, a Rainha de Sabá e Salomão não apenas compartilharam sabedoria, mas também um vínculo pessoal mais íntimo.
O texto etíope Kebra Nagast afirma que a rainha de Sabá teve filho com Salomão na Bíblia, e esse filho, Menelik I, teria se tornado o primeiro imperador da Etiópia. Essa linhagem seria responsável por fundar uma realeza antiga que governou o país por séculos.
A história sugere uma conexão espiritual e dinástica entre Jerusalém e a Etiópia, o que reforça o papel da rainha como símbolo de espiritualidade e continuidade histórica.
Rainha de Sabá como símbolo cultural e espiritual
Ao longo do tempo, a Rainha de Sabá ultrapassou os limites da história e se transformou em um ícone multifacetado. Em várias culturas, ela representa a união entre inteligência, beleza e poder.
Seu nome é associado ao misticismo e à capacidade de liderança feminina em sociedades dominadas por homens.
Na arte europeia medieval e renascentista, ela aparece frequentemente como figura exótica e refinada, remetendo à sua ligação com o patrimônio cultural africano e asiático. No imaginário popular, sua história ganhou contornos de lenda, sendo recontada em contos, peças teatrais e obras literárias.
A Rainha de Sabá simboliza a realeza que não depende apenas de títulos, mas da capacidade de tomar decisões sábias e estabelecer pontes entre diferentes mundos. Sua sabedoria e presença continuam sendo fonte de fascínio e inspiração.