No dia 13 de fevereiro, a elite paulista se reuniu no grande Teatro Municipal em um evento de gala para conhecer a arte moderna. O que eles não esperavam é que se chocariam com as novas formas artísticas.
A confusão começou logo na segunda noite. Vendo que o público estava reprovando o que era apresentado, Menotti del Picchia declarou, em alto e bom som, que o público conservador queria enforcar os modernistas com o som fino do assobio de suas vaias.
Quando Ronald de Carvalho leu o poema “Os sapos”, enviado por Manuel Bandeira, o caos tomou conta do evento. Veja os trechos iniciais do poema:
Enfunando os papos,
Saem da penumbra,
Aos pulos, os sapos.
A luz os deslumbra.
Em ronco que aterra,
Berra o sapo-boi:
- "Meu pai foi à guerra!"
- "Não foi!" - "Foi!" - "Não foi!".
O sapo-tanoeiro,
Parnasiano aguado,
Diz: - "Meu cancioneiro
É bem martelado.
Vede como primo
Em comer os hiatos!
Que arte! E nunca rimo
Os termos cognatos.
O poema nitidamente criticava os poetas do parnasianismo e sua característica de precisão na hora de compor os poemas. Bandeira os comparou a sapos. A plateia foi à loucura e houve uma recepção bastante acalorada.
Para completar a confusão, no terceiro dia, Villa-Lobos faria um conserto. Contudo, ele estava com um calo no pé e não achava nenhum sapato que fosse confortável e combinasse com o traje de gala.
A solução encontrada foi se apresentar de casaca e chinelo. O público achou que aquela era uma atitude tomada propositalmente e que era algo “futurista”. Resultado: as pessoas ficaram extremamente ofendidas.