Sabe aqueles quadros em que as pessoas não parecem pessoas de verdade e tudo parece um sonho? Eles fizeram parte das vanguardas europeias! Além disso, elas influenciaram diretamente a literatura com seu espírito de ruptura em relação às tradições do passado.
As vanguardas europeias surgiram em um contexto histórico extremamente conturbado: a Primeira Guerra Mundial acontecia e deixava a sociedade em um constante estado de incerteza.
Por outro lado, várias descobertas mudaram a forma como os seres humanos compreendiam a realidade – nesse momento, ocorreu o advento do telefone, do telégrafo sem fio, dos aparelhos de raio X, do cinema, do automóvel, do avião, do microscópio e da descoberta de novas doenças e estruturas como os vírus e as bactérias...
Einstein acabara de descobrir que o tempo era relativo e Freud criava a psicanálise, que dizia que todas as atitudes do ser humano, tomadas conscientemente, na realidade, eram frutos de desejos inconsciente que não tinham nenhuma relação com a lógica ou com a razão.
Nesse momento, os indivíduos já não queriam ser representados pelas ideias do passado, eles queriam compreender a realidade com base nas mudanças e nas incertezas em que viviam. Era o fim do passado e o início do futuro.
As vanguardas europeias surgiram como movimentos artísticos que estabeleceram novas referências para o mundo da arte dentro de áreas como a pintura, a literatura, a música e a escultura.
Eles fizeram uma arte que nunca havia sido feita antes, de uma forma completamente nova, antecipando o futuro. Surgiram novos padrões estéticos que chocaram uma sociedade conservadora.
Cada vanguarda tem um projeto e características completamente diferentes. O que elas têm em comum? A necessidade de romper drasticamente com o passado e implementar o futuro.
O cubismo, o futurismo, o expressionismo, o dadaísmo e o surrealismo surgem para expressar a realidade de uma forma diferente. O ser humano não deveria pintar a vida de uma forma simples, reconhecível, linear. Tudo deveria ter uma nova perspectiva. O quanto mais diferente, melhor.
Eles precisavam de uma nova linguagem para expressar as ideias de velocidade, a essência da eletricidade e o dinamismo dos automóveis que tomavam conta da nova sociedade.
Eles queriam romper com o passado, chocar o público e construir aberturas para novos olhares sob a realidade.
A capital que deu espaço para essas transformações foi Paris. Já no final do século XIX, na belle époque, Paris era o grande centro urbano onde a arte acontecia. Artistas e filósofos se reuniam nos cafés literários para debater as mudanças que aconteciam no mundo. Muitos artistas saem de seus países para conhecer essa Paris que fervilhava de novidades.
A própria cidade estava de cara nova, afinal, havia sido reformada e modernizada de acordo com os planos de do Barão Haussmann. A torre Eiffel que parece tão tradicional para nós era uma novidade para eles. Ela havia sido inaugurada em 1889.
Começam a surgir nos jornais, manifestos que revelam as características marcantes das novas vanguardas que surgiam. Assim, o povo começava a se chocar com as novidades e a entender o que elas começavam a ver nas exposições de arte.
Movimento artístico que visa mostrar figuras distorcidas e sem relação com a realidade. A preocupação é em apresentar as relações e não as formas acabadas. O público deve aprender a olhar um objeto sob diversos pontos de vistas, além do tradicional ângulo único.
O grande nome dessa vanguarda é o de seu fundador, Pablo Picasso, que gera uma grande repercussão com o quadro Les demoiselles d'Avignon. Outros grandes nomes do cubismo foram Georges Braque e Juan Gris.
Essa vanguarda fazia um culto ao futuro. Tudo o que remetesse à modernidade deveria ser usada nas obras de arte: eletricidade, automóveis, aviões, velocidade, máquinas... Eles queriam romper bruscamente com o passado. Todos os símbolos de uma era anterior e toda a memória deveria ser destruída, mostrando o fascínio que os futuristas tinham pela violência e pela guerra.
Os grandes nomes dessa vanguarda foram Giacomo Balla, Umberto Boccioni, Luigi Russolo, Enrico Prampolini, Nikolay Diulgheroff, Carlo Carrá e Fortunato Depero.
Esse movimento pregava que a realidade deveria ser compreendida através de expressões. Influenciado pela Primeira Guerra Mundial, ele via o lado sombrio do ser humano, sempre com faces angustiadas e cheias de medo. A realidade distorcida de uma forma grotesca e as cores fortes são outras características marcantes que faziam com que o público reagisse às expressões impactantes marcadas nas obras expressionistas.
Os grandes nomes do movimento são Edvard Munch – com o famoso quadro O grito –, Van Gogh, Diego Rivera, Marc Chagall, Georges Rouault e Paul Klee.
O Dadá, como é conhecido entre os íntimos, é a vanguarda mais radical e menos compreensível de todas. Ela prega a total falta de lógica, de organização e razão. A espontaneidade era o único elemento permitido.
A obra de arte deveria ser incompreensível, portanto os artistas geralmente usavam objetos encontrados na rua, que foram descartados, para usar em suas obras.
Os grandes nomes do Dadá foram Tristan Tzara, Marcel Duchamp, Hans Arp e Francis Picabia.
Essa vanguarda valorizava o mundo dos sonhos, das fantasias e da loucura.
Completamente influenciada pela descoberta do inconsciente humano, feita por Freud, ela queria explorar esse terreno tão pouco conhecido na época. Não havia espaço para lógica ou razão. A arte deveria vir da alucinação e do mundo onírico.
mo foram Salvador Dalí, Juan Miró, Giorgio de Chirico e René Magritte.
Móveis de uma sala feitos por Salvador Dalí
Os grandes nomes do surrealis
As vanguardas europeias vieram para romper com o tradicionalismo do passado e mostrar os novos pontos de vista, a influência da modernização, a falta de lógica e as dores da guerra e o mundo do inconsciente e dos sonhos que começara a ser descoberto pela psicanálise. Esses movimentos reverberam até os dias de hoje e se temos liberdade para criar no mundo da arte, é porque as vanguardas europeias se rebelaram no início do século XX.
Ficou interessado nesse mundo de manifestos e quer até mesmo escrever o seu? Assista ao filme Manifesto (2015) para se inspirar! Nele, Cate Blanchett atua como diversos personagens, cada um representando um movimento artístico diferente na nossa sociedade atual. Já pensou como o dadaísmo seria se fosse uma pessoa? Então assista ao filme!
Máscara senufo, Mati. MAE/USP.
As formas plásticas nas produções africanas conduziram artistas modernos do início do século XX, como Pablo Picasso, a algumas proposições artísticas denominadas vanguardas. A máscara remete à: