A arte está muito presente no filme “Titanic” (1996). Não apenas na cena em que Kate pede para Jack pintá-la como uma de suas garotas francesas. A personagem, em uma das cenas, aparece segurando um quadro cubista, de Pablo Picasso. O quadro em questão é “Les demoiselles d'Avignon”, que gerou uma reação surpresa e crítica em uma sociedade conservadora, que estava acostumada com quadros realistas e clássicos.
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O cubismo foi uma das vanguardas europeias do início do século XX e, como tal, visava antecipar novos padrões estéticos e artísticos, rompendo bruscamente com as ideias tradicionais do passado.
Em 1907, o criador do cubismo, Pablo Picasso, gera burburinho ao expor sua obra “Les demoiselles d'Avignon”. Imagine a reação de um público acostumado com pessoas sendo pintadas de forma realista ao ver uma obra em que prostitutas foram pintadas de maneira distorcida e deformada. Elas pareciam ter sido talhadas por golpes de machado.
O mito da beleza feminina e o padrão estético europeu são rompidos. O rosto de algumas mulheres, no quadro, lembram as máscaras tribais africanas.
Picasso rompe com as tradições de harmonia, proporção, beleza e perspectiva.
A ideia central do cubismo era apresentar relações e não formas acabadas. O objeto pintado no quadro deveria ser apreciado de diversos pontos de vistas, e não apenas de um.
O público deveria questionar os ângulos pelos quais via a obra, e não se entregar ao comodismo de olhar de apenas uma forma. Havia várias maneiras de olhar para algo.
Essa foi uma saída crítica e política para o que acontecia naquele contexto. Em face da Grande Guerra, os indivíduos se recusavam a questionar e olhar o contexto de mais de um ponto de vista.
O cubismo surgia para quebrar isso e mostrar que o ser humano deveria ser capaz de olhar por vários pontos de vistas, além de ser mais tolerante.
Os artistas cubistas procuravam representar a realidade tridimensional de maneira fragmentada, utilizando formas geométricas e uma abordagem inovadora para representar objetos, pessoas e paisagens. Alguns dos artistas cubistas mais conhecidos incluem:
Pablo Picasso (1881-1973): Considerado um dos fundadores do Cubismo, Picasso é talvez o artista mais famoso associado a esse movimento. Ele criou obras revolucionárias, como "Les Demoiselles d'Avignon" e "Guernica", que exemplificam a abordagem cubista em diferentes fases de sua carreira.
Georges Braque (1882-1963): Outro dos principais pioneiros do Cubismo, Braque colaborou estreitamente com Picasso na criação e desenvolvimento dessa corrente artística. Juntos, eles desenvolveram o que é conhecido como Cubismo Analítico, caracterizado por uma fragmentação acentuada das formas e uma paleta de cores reduzida.
Juan Gris (1887-1927): Artista espanhol que foi influenciado pelo trabalho de Picasso e Braque, Gris tornou-se conhecido por suas pinturas cubistas sintéticas. Suas obras são frequentemente compostas por formas geométricas e cores vibrantes.
Fernand Léger (1881-1955): Léger contribuiu para o desenvolvimento do Cubismo Orfista, uma vertente que explorava a abstração e as cores puras. Seu estilo se caracteriza por formas geométricas simplificadas e uma sensibilidade moderna para o ritmo e movimento.
Robert Delaunay (1885-1941): Junto com sua esposa Sonia Delaunay, Robert Delaunay contribuiu para o desenvolvimento do Cubismo Órfico, uma corrente que explorava a abstração, o uso intensivo de cores e a sobreposição de formas.
Marcel Duchamp (1887-1968): Embora Duchamp seja mais conhecido por suas contribuições ao movimento Dada e ao Surrealismo, suas primeiras obras, como o "Nu Descendo uma Escada No. 2", mostram uma influência clara do Cubismo, especialmente na representação do movimento e na desconstrução da forma.
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Na literatura, em 1913, após as exposições dos artistas citados, o poeta francês Guillaume Apollinaire lança o primeiro manifesto cubista. Veja um trecho:
As virtudes plásticas: a pureza, a unidade, a verdade tem abaixo de si a natureza domada.
Inutilmente se cobre o arco-íris, as estações mudam, as multidões correm até a morte, a ciência desfaz e recompõe o que existe, os mundos se distanciam para sempre de nossa concepção, nossas fugazes imagens se repetem ou ressuscitam sua inconsciência e suas cores, os odores, os rumores, que impressionam nossos sentidos nos surpreendem, para desaparecer depois na natureza.
Este fenômeno de beleza não é eterno. Sabemos que nosso espírito não teve princípio e que nunca cessará, porém, diante de tudo, formamos o conceito de criação e de fim do mundo. Sem dúvida, muitos artistas-pintores seguem adorando as plantas, as pedras, a onda ou os homens.
O cubismo deveria aliar as ideias de destruição dos futuristas ao desejo de criar algo novo.
Na literatura, eles usaram a falta de lógica, o uso do simultâneo, o fascínio pelo instantâneo e o humor.
Eles queriam criar novas perspectivas e manter os objetos em permanente relação.
No Brasil, a influência do cubismo surge nas obras de Oswald de Andrade. Veja o poema “Hípica”:
Saltos records
Cavalos da Penha
Correm jóqueis de Higienópolis
Os magnatas
As meninas
E a orquestra toca
Chá na sala de cocktails
Nele, o autor constrói uma sobreposição de imagens, por meio de fragmentos, mostrando todos os pontos de vista. Dessa forma, ele criou uma imagem multifacetada, cheia de pontos de vistas, com diferentes planos de realidade, exatamente como o cubismo pedia.
O Cubismo foi introduzido no Brasil por meio de diversos artistas e influências ao longo do tempo. Acredita-se que a primeira exposição cubista no Brasil tenha ocorrido em 1912, durante a 17ª Exposição Geral de Belas Artes, no Rio de Janeiro. Nessa ocasião, o artista brasileiro Milton Dacosta apresentou uma tela com características cubistas.
Outros artistas brasileiros também foram influenciados pelo Cubismo e contribuíram para sua difusão no país, como Tarsila do Amaral, que experimentou formas geométricas e elementos cubistas em suas pinturas.
O cubismo surge para revolucionar a forma como o ser humano enxerga as formas. Agora, há muito mais do que um ponto de vista, há um caleidoscópio inteiro de ângulos pelos quais o indivíduo deve se questionar, ainda mais em um contexto histórico de guerras, violência e destruição.
Para conhecer um pouco mais sobre a vida intensa de Picasso, os aficionados por série podem ficar felizes: a National Geographic lançou “Genius” (2017), uma série que retrata a vida do pintor sendo interpretado pelo também espanhol Antonio Banderas.
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O pintor espanhol Pablo Picasso (1881–1973), um dos mais valorizados no mundo artístico, tanto em termos financeiros quanto históricos, criou a obra Guernica em protesto ao ataque aéreo à pequena cidade basca de mesmo nome. A obra, feita para integrar o Salão Internacional de Artes Plásticas de Paris, percorreu toda a Europa, chegando aos EUA e instalando-se no MoMA, de onde sairia apenas em 1981.
Essa obra cubista apresenta elementos plásticos identificados pelo