Cachorro, mesa, anjo, fada, unicórnio. Todas essas palavras possuem algo em comum: serem substantivos concretos. Isso porque você consegue imaginar o que cada uma delas seriam de forma concreta.
Substantivo concreto refere-se a termos que nomeiam seres, objetos ou fenômenos com existência física ou imaginária, perceptíveis pelos sentidos. Inclusive, inclui elementos tangíveis e intangíveis, como "casa", "carro", "fantasma" e "sonho".
Entenda o que são os substantivos concretos e como eles caem em provas do Enem e de outros vestibulares.
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Substantivo concreto é uma classe dos substantivos que nomeia tudo aquilo que é possível “ver”, “tocar” ou “imaginar” concretamente, seja um ser existente no mundo real ou não. Em outras palavras, o substantivo concreto refere-se a todo ser ou objeto possível de ser imaginado em uma figura ou forma.
Exemplos: cachorro, mesa, anjo, fada, unicórnio.
Podemos perceber que o substantivo concreto não tem a ver somente com a existência de um ser ou objeto no mundo real, mas com a existência de uma forma ou imagem concreta no pensamento.
Vejamos o exemplo: a palavra fada é classificada como um substantivo concreto, pois, apesar de ser um ser mitológico, ela pode ser descrita e imaginada com certas características particulares, que dão a ela sua forma específica. Desta maneira, apesar de não ser um ser do mundo real, a fada já foi representada diversas vezes em histórias, imagens, e pode ser imaginada ou até mesmo representada, se considerarmos imagens, textos, descrições, que fazem dela uma figura concreta, e que, por essa razão, também a torna um substantivo concreto.
Para não se confundir, aqui vai uma dica: imagine que você abra o “Google imagens” e pesquise por “fada”, “unicórnio” ou “criança”. Certamente o site encontrará imagens que mostrarão características e formas bastante específicas dessas palavras que, gramaticalmente serão classificadas como substantivos concretos.
Agora, imagine que você faça uma busca pelas palavras “amor”, “raiva” ou “fome”, certamente você encontrará imagens que representem esses sentimentos e sensações, mas, ao contrário dos exemplos anterior, não encontrará formas específicas que caracterizam essas palavras. Não há, portanto, imagens concretas para esses substantivos, sendo eles classificados como substantivos abstratos.
Para além da dica, devemos ter em conta o contexto em que cada substantivo é empregado na frase, pois a depender das condições, eles podem ser tanto concreto como abstrato. Vejamos alguns exemplos:
A diferença entre o substantivo concreto e o substantivo abstrato é que o abstrato não tem uma forma e nem existência própria, pois dependende de outro ser para existir. Já o substantivo concreto, como já visto, possui uma forma própria que dá a ele a qualidade de concreto. Vejamos alguns exemplos de diferenças entre substantivo concreto e substantivo abstrato:
Meu coração está alegre. (coração = substantivo concreto)
Você é o amor da minha vida. (amor = substantivo abstrato)
Qual é o motivo do seu sorriso? (sorriso = substantivo concreto)
Qual é a razão da sua felicidade? (felicidade = substantivo abstrato)
Para saber o que é um substantivo abstrato é necessário entender quais são as palavras que, para existirem, necessitam de outros seres. Essas palavras, representam sentimentos, qualidades, noções, ações e emoções, por isso não existem por si só.
Tomemos como exemplo a palavra fome. Esse substantivo é classificado como substantivo abstrato pois representa uma sensação que depende de outro ser para existir. Podemos relacionar a fome com imagens ou características, mas elas são sempre imateriais e impalpáveis, uma sensação que não tem uma forma específica de se representar.
Exemplos de substantivos abstratos:
Além dos substantivos concretos e abstratos, existem ainda outras classes de substantivos. São elas:
Texto I
Voltou dali a duas semanas, aceitou casa e comida sem outro estipêndio, salvo o que quisessem dar por festas. Quando meu pai foi eleito deputado e veio para o Rio de Janeiro com a família, ele veio também, e teve o seu quarto ao fundo da chácara. Um dia, reinando outra vez febres em Itaguaí, disse-lhe meu pai que fosse ver a nossa escravatura. José Dias deixou-se estar calado, suspirou e acabou confessando que não era médico. Tomara este título para ajudar a propaganda da nova escola, e não o fez sem estudar muito e muito; mas a consciência não lhe permitia aceitar mais doentes.
- Mas, você curou das outras vezes.
- Creio que sim; o mais acertado, porém, é dizer que foram os remédios indicados nos livros. Eles, sim, eles, abaixo de Deus. Eu era um charlatão... Não negue; os motivos do meu procedimento podiam ser e eram dignos; a homeopatia é a verdade, e, para servir à verdade, menti; mas é tempo de restabelecer tudo.
Não foi despedido, como pedia então; meu pai já não podia dispensá-lo. Tinha o dom de se fazer aceito e necessário; dava-se por falta dele, como de pessoa da família.
Quando meu pai morreu, a dor que o pungiu foi enorme, disseram-me; não me lembra. Minha mãe ficou-lhe muito grata, e não consentiu que ele deixasse o quarto da chácara; ao sétimo dia, depois da missa, ele foi despedir-se dela.
- Fique, José Dias.
- Obedeço, minha senhora.
Teve um pequeno legado no testamento, uma apólice e quatro palavras de louvor.
Copiou as palavras, encaixilhou-as e pendurou-as no quarto, por cima da cama.
"Esta é a melhor apólice", dizia ele muita vez. Com o tempo, adquiriu certa autoridade na família, certa audiência, ao menos; não abusava, e sabia opinar obedecendo. Ao cabo, era amigo, não direi ótimo, mas nem tudo é ótimo neste mundo. E não lhe suponhas alma subalterna; as cortesias que fizesse vinham antes do cálculo que da índole. A roupa durava-lhe muito; ao contrário das pessoas que enxovalham depressa o vestido novo, ele trazia o velho escovado e liso, cerzido, abotoado, de uma elegância pobre e modesta. 6 Era lido, posto que de atropelo, o bastante para divertir ao serão e à sobremesa, ou explicar algum fenômeno, falar dos efeitos do calor e do frio, dos polos e de Robespierre. Contava muita vez uma viagem que fizera à Europa, e confessava que a não sermos nós, já teria voltado para lá; tinha amigos em Lisboa, mas a nossa família, dizia ele, abaixo de Deus, era tudo.
- Abaixo ou acima? Perguntou-lhe tio Cosme um dia.
- Abaixo, repetiu José Dias cheio de veneração. E minha mãe, que era religiosa, gostou de ver que ele punha Deus no devido lugar, e sorriu aprovando. José Dias agradeceu de cabeça. Minha mãe dava-lhe de quando em quando alguns cobres. Tio Cosme, que era advogado, confiava-lhe a cópia de papéis de autos.
(Machado de Assis, Dom Casmurro. http://www.bibvirt.futuro.usp.br/content/view/full/1429
Acesso em 08/09/08)
Na primeiro parágrafo, escravatura é exemplo de recurso de estilo em que: