150 anos do fim da Guerra do Paraguai: Pode cair no Enem?
Confira um resumo da Guerra do Paraguai e veja como o assunto é cobrado no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem)
A Guerra do Paraguai, que durou de 1864 a 1870, foi considerada a mais violenta e longa de toda história da América do Sul. O conflito colocou o Paraguai contra a Tríplice Aliança, formada por Brasil, Argentina e Uruguai.
Neste post, você confere um resumo da Guerra do Paraguai e vê como o assunto é cobrado no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem)!
Contexto histórico
A Guerra do Paraguai foi gerada por conflitos de interesses, tensões políticas e disputas territoriais. Para entender os fatores que desencadearam o conflito, é preciso conhecer os interesses dos países envolvidos no conflito, principalmente do Paraguai.
Na década de 1860, o Paraguai era uma república hierárquica governada pelo ditador Solano López, que havia recebido o cargo de seu pai, Carlos Antonio López. Apesar de ser um país ainda muito pobre, agrário e recém-emancipado, López investia pesadamente no desenvolvimento das forças militares paraguaias e na indústria bélica.
Devido a isso, por muitos anos, os historiadores acreditaram que a guerra foi causada pelo imperialismo da Inglaterra, que teria visto na industrialização do Paraguai uma possível concorrência.
Mas, a interpretação foi superada nos anos 1990, já que o Paraguai ainda dependia muito do capital inglês e não era desenvolvido a ponto de ser considerado uma ameaça para a Inglaterra. A ideia de que a guerra foi causada somente pelo desejo expansionista de López também foi superada, uma vez que todos os envolvidos tinham seus interesses no conflito.
Disputa pelo controle da Bacia do Rio da Prata
Um dos fatores decisivos para o conflito foi a disputa pela Bacia do Rio da Prata, que ocupa o território das quatro nações envolvidas na guerra. Décadas antes, os países já rivalizavam entre si para ampliar suas fronteiras e, consequentemente, ter mais controle sobre os rios platinos. Afinal, na época, basicamente todo comércio, transporte e comunicação era possível pelo meio fluvial.
O interesse na livre navegação na região da Prata pelo Paraguai era maior ainda, pois o país não tinha saída para o mar. Com o objetivo de conquistar mais território, ser uma potência regional e ter acesso ao mar pelo porto de Montevidéu, López apoiava o governo do partido dos blancos no Uruguai e os rebeldes federalistas da Argentina.
Entretanto, os blancos uruguaios eram adversários da Argentina e do Brasil, assim como os federalistas eram oposição ao governo argentino. Ao mesmo tempo, o Uruguai passava por uma instabilidade política pela disputa de poder entre os blancos e os colorados.
Estopim da guerra
A tensão aumentou quando o governo brasileiro de Dom Pedro II, a fim de defender seus interesses econômicos na região, decidiu apoiar os colorados e intervir militarmente no Uruguai.
O governo paraguaio reprovou a atitude e exigiu que o governo brasileiro não interviesse no conflito uruguaio, mas sem sucesso. O Brasil invadiu o Uruguai em setembro de 1864 e colocou os colorados na presidência.
Em resposta, em dezembro de 1864, Solano López aprisionou um navio brasileiro que ia rumo a província de Mato Grosso e fez seus passageiros de reféns, incluindo o coronel Frederico Carneiro de Campos, recém-nomeado presidente da província. Semanas depois todos os brasileiros aprisionados morreram de fome e maus tratos.
Ainda no mês de dezembro, o governo paraguaio invadiu a província de Mato Grosso (atual Mato Grosso do Sul). Dava início, então, a Guerra do Paraguai, declarada oficialmente em 13 de dezembro de 1864.
O desenvolvimento da guerra
No começo, a guerra estava declarada somente entre o Paraguai e o Brasil. Entretanto, meses depois, López também decretou guerra à Argentina, pois o governo argentino não permitiu que as tropas paraguaias invadissem o sul do Brasil atravessando por seu território. O Uruguai, que também acabou sendo invadido, entrou no conflito ao lado do Brasil e da Argentina, formando a Tríplice Aliança em maio de 1865.
O início da guerra foi marcada pelas vitórias do Paraguai, que tinha o dobro de soldados. Estima-se que o exército paraguaio contava com 64 mil homens, além de mais 28 mil reservistas. Já o exército brasileiro tinha cerca de 18 mil soldados, a Argentina contava com 8 mil e o Uruguai apenas com mil homens.
Para reforçar as forças militares, o Império do Brasil apela ao patriotismo e cria a campanha “Voluntários da Pátria”, oferecendo recompensas aos alistados, inclusive a escravos, que poderiam se alistar em troca de sua liberdade. Acredita-se que a campanha mobilizou de 130 mil a 200 mil homens.
Com o desenvolvimento do exército, a Tríplice Aliança começa a controlar o conflito. A batalha que muda os rumos da guerra é a Batalha do Riachuelo, em 1865, na qual o Paraguai é duramente derrotado e passa a ficar na defensiva. Outro combate importante foi a Batalha de Tuiuti, a maior e mais sangrenta batalha campal da América do Sul, onde cerca de 10 mil soldados morreram.
Sob o comando de Duque de Caxias, as tropas aliadas conseguiram conquistar a Fortaleza de Humaitá, em 1868, ponto estratégico para a defesa paraguaia, e invadir Assunção, a capital do Paraguai, em 1869. Para Duque de Caxias, a guerra já estava vencida e não havia mais razões para continuar o sangrento conflito, pois era só questão de tempo capturar Solano López.
O duque, então, assumiu um cargo administrativo e a captura de López ficou a cargo do comandante Conde d’Eu, genro de Dom Pedro II. A morte do líder paraguaio durante a Batalha de Cerro Corá pôs fim à guerra há 150 anos, em 1º de março de 1870.
Consequências da guerra
O conflito consolidou as fronteiras territoriais do Uruguai e da Argentina e encerrou as tensões políticas da região. Mas, significou perdas para todos os lados. Contrário à guerra, o brasileiro Barão de Mauá profetizou: “A maldita guerra será a ruína do vencedor e a destruição do vencido”.
O Paraguai foi a nação mais prejudicada do conflito e não voltou mais a ser a potência que era antes. O país perdeu parte de seu território e teve inúmeras perdas materiais, já que a maioria das batalhas foi em solo paraguaio.
A guerra foi a mais sangrenta da América do Sul. Estima-se que de 100 mil a 300 mil paraguaios morreram no conflito, mais de 70% da população da época. O saldo de mortos do Brasil foi de 50 mil, da Argentina, 18 mil, e do Uruguai, cerca de 3 mil.
Para o Brasil, a guerra significou o aumento da dívida externa, principalmente da Inglaterra, já que diversos empréstimos vieram de bancos ingleses. O grande número de brasileiros mortos e as consequências econômicas negativas para o Brasil fizeram cair a popularidade de Dom Pedro II e deram início à crise da monarquia.
Outra consequência da guerra para o Brasil foi o fortalecimento do movimento abolicionista. Isso porque os soldados antes escravizados voltaram da guerra como homens livres e honrados, mas encontraram seus familiares ainda como escravos.
A guerra também contribuiu para o fortalecimento do exército brasileiro. A instituição não recebeu o reconhecimento e a participação política esperados pela monarquia e ideias republicanas ganharam cada vez mais força. Apenas 19 anos depois, seria o próprio exército que proclamaria a República do Brasil.
Pode cair no Enem?
Sim! De acordo com Bárbara Chrystina Munhoz, professora de História do Colégio Anglo 21, a Guerra do Paraguai é um tema recorrente no Enem por sua importância histórica e pelo protagonismo exercido pelo Brasil nesse evento.
“Como o Enem privilegia assuntos relacionados à história do Brasil, o fato do ano de 2020 marcar os 150 anos do fim desse conflito aumenta essa probabilidade”, alerta Bárbara.
Para mandar bem na prova, a professora enfatiza que o estudante precisa saber relacionar o conflito à consolidação do Exército Brasileiro como ator político do país, que gerou a crise e o posterior fim do regime monárquico, e à intensificação do declínio do escravismo no Brasil, destacando o papel exercido pelos escravizados que foram libertos para incorporarem as unidades dos Voluntários da Pátria nesse processo.
Outro tipo de questão sobre o tema que tem ganhado espaço no Enem são os debates historiográficos. Como, por exemplo, na questão abaixo, que contrapõe a versão de que o Brasil participou do conflito influenciado pelos interesses imperialistas da Inglaterra e outra na qual o Brasil entrou na guerra por interesses próprios. A professora Bárbara explica que o candidato não precisa escolher uma interpretação e sim saber identificar cada uma delas.
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