200 anos da Independência do Brasil: como o tema pode cair no Enem?
Conheça a história dos 200 anos da independência do Brasil e como o tema pode ser cobrado na redação e na prova do Enem
No dia 7 de setembro de 2022 completam-se 200 anos do dia que Dom Pedro I, príncipe regente da então colônia portuguesa, anunciou a Independência do Brasil às margens do rio Ipiranga. A partir deste momento, o país passa a ser uma nação independente e não mais colônia de Portugal.
Apesar da data ser tida como um marco oficial na história brasileira, é certo que a independência não ocorreu da noite para o dia, e muitos eventos foram necessários até que o país pudesse, de fato, cortar as relações com Portugal em 7 de setembro de 1822, como a Revolução Pernambucana de 1817 e o famoso Dia do Fico.
Além disso, a independência do Brasil gerou muitas consequências sociais, culturais, econômicas e políticas, que podem ser vistas até os dias de hoje. Todo esse processo histórico é um assunto sempre presente nos vestibulares das faculdades e, principalmente, no principal vestibular do país, o Enem (Exame Nacional do Ensino Médio).
Para entender como o processo da Independência do Brasil pode cair no vestibulares, a Revista Quero conversou com o Pedro Castellan, professor de história no Colégio Rio Branco e também coordenador do Portal do Bicentenário, site que produz pesquisas e materiais didáticos sobre a independência brasileira. Confira abaixo!
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O que a independência do Brasil significou na história do país?
Que a Independência do Brasil foi um momento histórico muito importante, muitas pessoas sabem. Mas o que, de fato, significou isso? Conforme explica o professor, para entender o seu real significado, é preciso primeiro entender que a independência simboliza uma ruptura com o período anterior da história, o período colonial brasileiro.
Antes da independência, o país era colônia de Portugal e, desta forma, os portugueses possuíam uma relação de monopólio com o Brasil, aplicando diversas restrições comerciais, explorando os recursos naturais e controlando as questões administrativas, econômicas e culturais do país, o que pode ser exemplificado pela não permissão de indústrias estrangeiras e de notícias de jornais estrangeiros no Brasil na época.
Assim, segundo o professor, a independência foi uma ação revolucionária, que rompe com as amarras impostas pela metrópole e constrói ou, pelo menos, dá início à construção de uma nação independente:
“O significado para a história brasileira é que a gente dá início à nação brasileira, à construção de uma nacionalidade, à construção do nosso primeiro conjunto de leis próprias. Esse processo é revolucionário porque marca essa ruptura, embora tenha se mantido características conservadoras”, pontua.
Como a Independência do Brasil pode cair no Enem?
Para o professor Pedro Castellan, principalmente em um ano que se comemora o bicentenário da independência, são grandes as chances do assunto estar presente no Enem e em outros vestibulares.
Uma forma do tema ser abordado nas provas é a partir de atualidades e processos históricos internacionais. Por exemplo, uma questão de vestibular pode abordar não somente o que ocorreu no Brasil em 1822, mas também em todo o contexto atlântico transnacional do século XIX, como a independência das colônias espanholas, a independência dos EUA e também do Haiti, ex-colônia francesa. Todos esses processos marcaram e influenciaram de certa forma o pensamento brasileiro independentista.
Outro ponto que o professor destaca são os conflitos internos e externos que levam à independência brasileira, como a expansão territorial de Napoleão Bonaparte na Europa, a fuga da família real portuguesa para o Rio de Janeiro e todo o período Joanino.
Já dentre os conflitos internos que impactaram o processo de independência estão a Inconfidência Mineira de 1789, a Conjuração Baiana de 1798 e, mais tarde, a Revolução Pernambucana, em 1817. No vestibular, todos esses conflitos podem ser relacionados com o pensamento e o desejo pela independência, uma vez que indicam o descontentamento da população contra o controle de Portugal e as desigualdades existentes.
Uma dica que o professor dá é olhar para as reivindicações políticas desses movimentos e entender quais eram seus interesses. “Uma questão de vestibular pode trazer tanto as questões internas anteriores à independência quanto às questões externas ou quanto o dialogo entre esses dois processos, um influenciando o outro de maneira cíclica”, afirma.
Outra perspectiva de como o assunto pode cair nas provas é a forma como ele se relaciona à memória e construção de identidades ao longo do tempo. Isso porque o processo de independência e a figura de Dom Pedro I foram ressignificados dentro da construção da memória brasileira, o que pode ser visto no final da monarquia em 1889, com o famoso quadro “Independência ou morte”, de Pedro Américo, ou na figura do “herói nacional” no centenário da independência em 1922 e também mais tarde, durante a Ditadura Militar em 1972, com a vinda dos restos mortais de Dom Pedro I enquanto símbolo do nacionalismo e do patriotismo.
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Como se preparar para responder às questões sobre esse período histórico?
De acordo com o professor, algo que muitos vestibulares vêm fazendo é contextualizar o que ocorreu no passado com o presente. Assim, nos estudos, apesar de ser importante saber as datas, nomes, personagens e locais de um fato histórico, é mais importante ainda entender como aquele acontecimento dialoga com o presente ou se relaciona com o panorama internacional.
Na leitura desse processo de independência, é importante compreender como a narrativa se forma, mas também analisar o fato partir de várias temáticas, como por exemplo a participação da população indígena no período e a questão da escravidão, como ela se insere no processo e porque ela continuou mesmo com a independência da nação.
“Tematizar a independência, fazer o diálogo entre o presente e o passado e estabelecer conexões entre outros processos de independência no século XIX, como américa espanhola, Haiti e Estados Unidos, em diálogo com o processo brasileiro, são formas que podemos construir argumentos e conhecimentos ligados a como essas questões vão cair no vestibulares e como a gente pode se preparar” esclarece.
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Conteúdos relacionados à Independência do Brasil que podem cair no vestibular
Na hora de estudar sobre o tema para o Enem, o professor afirma que, além de entender como foi o processo da independência no Brasil, é importante estar ligado a outros assuntos relacionados a esse período histórico, tais como:
- Ideias iluministas que circularam pela Europa nos séculos XVII e XVIII
- Expansão napoleônica
- Enfraquecimento das metrópoles europeias
- Período Joanino
- Lutas de independência dos escravizados no Haiti, que por meio disso conquistam sua independência
- Independência da América Espanhola
- Revoltas coloniais no Brasil
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Como a Independência do Brasil pode cair na redação do Enem?
No mesmo ano em que o Brasil comemora os 200 anos de independência, também é o ano em que serão realizadas novas eleições e discussões sobre a possível manutenção da Lei de Cotas. Assim, estão em alta vários assuntos que podem ser tema de redação e se relacionam com a forma sobre a qual pensamos e analisamos o que já foi realizado desde o 7 de setembro de 1822 .
Para o professor, pensar todo esse processo de independência, de luta, resistência e projetos políticos pode ser um bom gancho para pensar: qual o Brasil que queremos ter em mais 200 anos? Ou então, no ano do bicentenário da independência, pensar no que ainda há a ser feito para a conquista de uma sociedade mais justa e igualitária no país.
Dessa forma, os temas de redação podem trazer diálogos relacionados à construção da nação brasileira, aos projetos nacionais que estiveram em disputa em 1822, estiveram em disputa cem anos depois e agora, no bicentenário, ainda estão em disputa. Segundo o professor, além do assunto cair como tema central, a questão do bicentenário pode também ser utilizada indiretamente na abordagem de outros temas.
“Somos uma nação independente geopoliticamente. Economicamente, essa independência veio pra quem? Ainda temos muitos grupos de pessoas marginalizadas e que sofrem preconceito, racismo, xenofobia e homofobia. Temos um conjunto de problemas sociais atuais que remetem a essas características da independência brasileira e isso pode estar sendo discutido na prova e na redação do Enem”, finaliza.
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