Segundo o Ministério da Educação (MEC), a versão digital do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), criada em 2019, será cancelada. Assim, o exame voltou a ser aplicado somente na versão impressa em 2023.
A informação foi anunciada pelo presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), Manuel Palácios, ao jornal O Estado de São Paulo em março deste ano. “Resolvemos cancelar a edição digital e não há planos para que volte a ocorrer”, disse o presidente em entrevista.
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O motivo do cancelamento é a adesão de poucos estudantes por essa versão nos últimos anos. Segundo o Inep, na última edição foram oferecidas 100 mil vagas para o Enem digital. Mas somente 66 mil candidatos se inscreveram e menos da metade, cerca de 30 mil, compareceram à prova.
A versão digital do Enem foi criada em 2019. A ideia era de que a preferência por essa versão aumentasse gradualmente e que, em 2026, o Enem fosse feito só digitalmente. Contudo, nem a quantidade de vagas oferecidas, nem a de inscritos cresceu desde então.
Outro motivo para o fim desse tipo de aplicação é que a versão digital tem um custo maior ao governo, se comparado ao impresso. Segundo o Inep, em 2022, o Enem digital custou R$ 25,3 milhões e, se comparado à quantidade de inscritos, teve um valor de R$ 860 por candidato. Já o Enem impresso custou R$ 324 milhões, mas teve um número muito maior de inscritos, resultando no valor de R$ 160 por participante.
Assim, conforme explica o presidente do Inep, o alto custo também impede o Inep de expandir em escala a prova digital para que todos pudessem fazê-la neste formato.
Além do alto custo, a aplicação da versão digital passou por problemas frequentes durante a aplicação ao longo das edições, com computadores não funcionando muitas das vezes e os candidatos tendo que finalizar a prova no modelo impresso.
Conforme analisa Fabrício Garcia, professor e CEO da Qstione, plataforma educacional de análise de dados, apesar de haver vantagens na avaliação online, ela não substitui a impressa. Segundo ele, ao contrário do que muitos pensam, a aplicação de provas online requer investimentos altos em infraestrutura.
“O MEC não deu justificativas técnicas plausíveis para trocar as provas em papel pelas digitais. Desde o momento em que foi lançado o piloto do Enem digital, nunca consegui visualizar essa prova sendo aplicada no Brasil todo, uma vez que isso envolve uma infraestrutura muito complexa”, afirma.
Já para a diretora de Desenvolvimento de Negócios em mercados de língua portuguesa da TestWe, Rafaela Manes, a exclusão da versão digital do Enem é uma medida negativa e um “enorme retrocesso para o país”.
Segundo ela, a opção de fazer o exame digitalmente trouxe uma série de benefícios, como a praticidade no momento de criar e corrigir as provas, não ser preciso gastar dinheiro e tempo com a logística de impressão, salas e supervisores e também o maior sigilo quanto ao conteúdo.
“Ao cancelar a versão digital do Enem, o país dá uma passo para trás na modernidade e também no quesito da ecologia, continuando a utilizar uma grande quantidade de papel”, reitera a diretora.
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Segundo o Inep, as provas do Enem 2024 serão aplicadas nos dias 3 e 10 de novembro de 2024.
No primeiro dia, os participantes resolvem questões de Linguagens e Códigos, Ciências Humanas e fazem uma redação. No segundo dia, enfrentam as provas de Ciências da Natureza e Matemática.
Em ambos os dias, os portões são abertos às 12h e são fechados às 13h, pelo horário de Brasília. O início da prova está previsto para 13h30 nos dois dias de prova, mas o horário de término varia: no dia 3 de novembro, as provas são finalizadas às 19h e no dia 10 de novembro, às 18h30.
A divulgação do gabarito oficial está prevista para o dia 20 de novembro de 2024.
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