Mulheres são maioria em ingressantes em 6 cursos de engenharia
Número de mulheres ingressantes aumenta, inclusive, em carreiras tradicionais, como Engenharia Civil. Veja histórias de estudantes e profissionais da área.
Lugar de mulher é onde ela quiser, inclusive na engenharia. De acordo com dados do Censo da Educação Superior 2017 levantados pelo Quero Bolsa, o
Para obter os resultados, foram desconsiderados os cursos com menos de cem ingressantes no total, resultando assim em uma amostra com 58 cursos de engenharia.
Essa é uma tendência natural de resposta do gênero feminino em busca da igualdade nas profissões. A cultura do país está evoluindo e passando a aceitar as mulheres em áreas consideradas mais masculinas. Como elas estão mais participativas nas atividades econômicas, isso começa a despontar para a geração mais jovem e, consequentemente, aparecem mais meninas ingressando em cursos de ciências, tecnologia e engenharia.
Carreiras tradicionais
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“O incentivo desde criança é muito importante”
Curso | % de mulheres ingressantes em 2010 | % de mulheres ingressantes em 2017 |
Engenharia de Controle e Automação | 10,8% | 12,1% |
Engenharia Elétrica | 11,5% | 11,7% |
Engenharia de Software | 12% | 11,6% |
Engenharia Mecânica | 9,2% | 9,8% |
Engenharia Automotiva | 16,5% | 5,8% |
Engenharia Mecânica e Engenharia Elétrica, ambos cursos com alto número de ingressos, apontaram em números absolutos o dobro de ingressantes do sexo feminino, em comparação a 2010. Engenharia Mecânica passou de 1.769 para 3.773 e Engenharia Elétrica de 1.907 para 3.810.
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Discriminação
Embora não tenha passado por situações constrangedoras durante o curso, Jéssica Machado, 23 anos, estudante do quarto ano de Engenharia Civil da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, contou não ser apoiada por sua mãe ao escolher esse curso. “Meu pai sempre me apoiou, mas minha mãe preferia que eu optasse por algo mais feminino, ou que ficasse em casa para ajudar com as tarefas diárias”.
Mulheres engenheiras
“Eu sempre gostei da área de exatas e de desenhar casas e prédios quando criança. Meus avós eram engenheiros e eu adorava ouvir as histórias sobre as obras que eles faziam. Fazer Engenharia Civil é um sonho realizado. É importante que as mulheres se valorizem, mostrem que temos conhecimento igual e, às vezes, até superior que ao dos homens da área.”
“O curso de engenharia é extremamente desafiador. Para as mulheres que querem seguir a carreira, aconselho e peço para que sejam corajosas e enfrentem este desafio, para que a presença feminina e a busca por respeito e igualdade quebrem os paradigmas de que engenharia não é lugar para mulheres.”
“Acreditem em vocês mesmas e sejam firmes. Informem-se e empoderem-se, vocês não estão sozinhas. No fim vai ser gratificante trabalhar com o que você ama, exigindo o respeito e o reconhecimento que você construiu.”
Liedi Légi Bariani Bernucci, primeira mulher a assumir o cargo de diretora da Poli-USP.
“Tenho um desafio dobrado ao exercer essa função. Fazer uma boa gestão e ter uma conduta exemplar de mostrar que as mulheres podem ascender a cargos mais altos e ser um exemplo para as jovens, alunas e professoras.”