Em um movimento curvilíneo (como por exemplo um Movimento Circular Uniforme), a força centrípeta é a componente responsável por fazer a curva, mudar a direção do movimento. Dessa maneira, ela não está presente em movimentos retilíneos.
A força centrípeta está sempre normal (perpendicular) à velocidade, e sua função é alterar a direção do vetor velocidade. Ela está sempre apontando para o centro de curvatura da trajetória (direção radial), ou seja, “para dentro” da trajetória.
O valor da força centrípeta depende da massa do corpo, do raio da trajetória e da velocidade, sendo dado por:
\[ F_{cp} = \frac{m v^{2}}{R} \]
Em um movimento circular uniforme (sem variação no módulo da velocidade), a força centrípeta será a força resultante.
Em um movimento curvilíneo qualquer, pode existir, além da força centrípeta, a força tangencial. Ela é responsável por alterar o módulo da velocidade. Assim, ela está sempre na mesma direção da velocidade instantânea (direção tangencial), no mesmo sentido (acelerando) ou em sentido oposto (retardando, como na figura acima). Seu valor é dado por:
\[ F_{t} = m \cdot \frac{\Delta|\vec{v}|}{\Delta t} \]
Utilizando um pouco de cinemática vetorial, é possível determinar o valor da aceleração centrípeta (e, portanto, da força centrípeta):
O triângulo ABC é isósceles com ângulo \(\theta\), assim como o triângulo das velocidades (V1 = V2 , porque a velocidade é constante, ou, para um movimento qualquer, pode-se considerar que em um intervalo infinitesimal de tempo não há variação de velocidade). Assim, pela semelhança dos dois triângulos, e sabendo a expressão da aceleração vetorial média, tem-se:
\[ \dfrac{|\Delta \vec{V}|}{AB}=\dfrac{|\vec{V_{1}|}}{R}\] \[ |\vec{a}_{m}|= \dfrac{|\Delta \vec{V}|}{\Delta t} \]
Contudo, considerando um intervalo de tempo muito pequeno (infinitesimal, tendendo a zero), o ângulo \(\theta\) será muito pequeno. Assim, o segmento de reta AB será igual ao arco AB. Por sua vez, esse arco é dado por \(v\Delta t\) (velocidade escalar vezes o tempo = deslocamento escalar). Além disso, V1 = V = constante (MCU).
Então, recuperando a equação da semelhança dos triângulos:
\[ \dfrac{|\Delta \vec{V}|}{V \cdot \Delta t}=\dfrac{|\vec{V|}}{R}\qquad \xrightarrow{}\qquad \dfrac{|\Delta \vec{V}|}{V \cdot \Delta t}=\dfrac{V}{R}\qquad \xrightarrow{}\qquad \dfrac{|\Delta \vec{V}|}{\Delta t}=\dfrac{V^{2}}{R} \]
Como o lado esquerdo da equação é igual ao módulo da aceleração vetorial média:
\[ |\vec{a}_{m}|= |\vec{a}_{cp}|=\dfrac{V^{2}}{R} \]
Pela 2ª Lei de Newton:
\[ F = m \cdot a \qquad \xrightarrow{}\qquad F_{cp} = \frac{m v^{2}}{R} \]
Alternativamente, pode-se substituir v por \(\omega\) \(\cdot R\), e, assim:
\[ F_{cp} = m\cdot \omega^{2} \cdot R \]
É importante ter atenção para as relações de proporcionalidade que essas fórmulas guardam!
Ao traçar o diagrama de corpo livre, a força centrípeta não deve ser adicionada. Isso se deve ao fato de que ela será a força resultante entre outras, ou será uma componente de outra força. A seguir, são analisadas algumas situações clássicas de atuação da força centrípeta.
O pêndulo simples consiste em uma massa, geralmente uma partícula, na ponta de um fio ou haste, posta a oscilar. Um relógio de pêndulo é um exemplo de pêndulo simples.
No ponto mais baixo, deixa de existir a componente X do peso \((P_{Y}=P, P_{X}=0, \theta=0)\). A velocidade está na direção horizontal, seja para a direita ou para a esquerda.
Assim, no instante em que ele passa pelo ponto mais baixo, não há força tangencial. Esse instante também é o de maior tração no fio e maior velocidade do móvel.
\[ T-P=F_{CP} \]
\[ a_{t}=0 \]
Apesar de não ser um movimento circular uniforme, a resultante é a centrípeta, pois não há força tangencial no instante considerado.
Uma aplicação análoga é a de um skatista passando pelo ponto mais baixo de uma rampa, na qual, em vez da tração, há a força normal.
Enquanto o movimento do pêndulo simples se dá inteiramente em um plano, o pêndulo cônico se move no espaço, de maneira que o fio ou haste descreve um cone. O móvel realiza um movimento circular uniforme em um plano paralelo ao chão, de maneira que o ângulo \(\theta\), que o fio forma com a vertical, se mantém constante.
Nessa situação, a tração é decomposta em componentes vertical e horizontal. A componente vertical deve ser igual ao peso para manter o móvel sempre na mesma altura, enquanto a componente horizontal age como força centrípeta no MCU. O raio desse MCU será \(L \cdot sen \theta\), pela geometria do problema.
\[ T_{Y}=T\cdot cos \theta=P \]
\[ T_{X}=T\cdot sen \theta = F_{CP} \qquad \xrightarrow{}\qquad T\cdot sen \theta = \frac{m v^{2}}{L \cdot sen \theta} \]
A sobrelevação é um ângulo implementado em trechos curvos de estradas e rodovias, a fim de melhorar a segurança em tais curvas. A pista é inclinada “para dentro” da trajetória, de modo que uma componente da força normal atua como centrípeta.
Corte transversal da pista, com as forças atuantes sobre o veículo, e vista superior da trajetória, com a resultante centrípeta.
Em uma situação sem atrito, têm-se:
Equilíbrio na vertical: \[ F_{Ny} = P \qquad \xrightarrow{}\qquad F_{N} \cdot cos \theta = m \cdot g \qquad \xrightarrow{}\qquad F_{N} = \frac{m \cdot g}{cos \theta}\]
Na horizontal, a componente x da força normal será a força resultante centrípeta (apontando para o centro da trajetória):
\[ F_{R} = F_{cp} \qquad \xrightarrow{}\qquad F_{N} \cdot sen \theta = \frac{m v^{2}}{R} \]
Com o valor da força normal obtido do equilíbrio na vertical, pode-se determinar o valor do raio da curva, ou da velocidade, ou do ângulo de sobrelevação (um por vez, sendo os outros dados):
\[ \frac{m \cdot g \cdot sen \theta}{cos \theta}=\frac{m v^{2}}{R} \qquad \xrightarrow{}\qquad g\cdot tg \theta = \frac{v^{2}}{R} \]
O rotor pode ser encontrado como brinquedo em alguns parques de diversão. Nessa situação, uma pessoa fica encostada em uma parede, no interior de um cilindro oco rotativo, e a força normal da parede exerce o papel de força centrípeta, enquanto o atrito entre a pessoa e a parede a mantém em equilíbrio na vertical.
A fim completar um loop, por exemplo em um “globo da morte”, é necessário que o móvel tenha uma velocidade mínima.
Globo da morte, dentro do qual motociclistas executam loops.
No caso geral, no ponto mais alto do
loop
, a força centrípeta é exercida pelo peso somado com a força normal (ambas estão apontando para o centro da trajetória). Contudo, quando o corpo está completando o
loop
com a velocidade mínima possível, ele está na
iminência de perder o contato
, e a
força normal é nula
!
Então, para determinar a velocidade mínima, dado o raio do loop:
\[ P = F_{R} = F_{cp} \qquad \xrightarrow{} \qquad m \cdot g = \frac{m v^{2}}{R} \]
\[ v^{2}= g\cdot R \qquad \xrightarrow{} \qquad v_{min} = \sqrt{g \cdot R} \]
Em um show de patinação no gelo, duas garotas de massas iguais giram em movimento circular uniforme em torno de uma haste vertical fixa, perpendicular ao
plano horizontal. Duas fitas, F1 e F2, inextensíveis, de massas desprezíveis e
mantidas na horizontal, ligam uma garota à outra, e uma delas à haste. Enquanto as
garotas patinam, as fitas, a haste e os centros de massa das garotas mantêm-se num
mesmo plano perpendicular ao piso plano e horizontal.
Considerando as informações indicadas na figura, que o módulo da força de tração na fita F1 é igual a 120 N e desprezando o atrito e a resistência do ar, é correto afirmar que o módulo da força de tração, em newtons, na fita F2 é igual a