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Movimento Antropofágico: o que foi, caracteristicas e artistas

Literatura - Manual do Enem
Caroline Fazio Publicado por Caroline Fazio
 -  Última atualização: 29/8/2024

Índice

Introdução

“Tupi, or not tupi that is the question”. Corrente artística brasileira, o Movimento Antropofágico foi um movimento artístico de vanguarda que começou na década de 1920, desenvolvido principalmente no meio da literatura e das artes plásticas, iniciando também a primeira fase do modernismo brasileiro. 

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O que foi o Movimento Antropofágico?

Em 1922 aconteceu um dos principais eventos culturais da história: a Semana de Arte Moderna, dando início ao chamado modernismo brasileiro. Já em 1928, pouco  tempo depois, por meio da publicação do Manifesto Antropofágico, Oswald de Andrade deu início ao conceito de antropofagia cultural.

Considerado um texto polêmico e radical, o manifesto é composto de diversas metáforas e simbolismos. O termo “antropofágico” é utilizado como referência aos rituais de canibalismo, visto que, nesse tipo de cerimônia, acreditava-se que após engolir a carne de uma pessoa, seriam concedidos ao canibal todo o poder, conhecimentos e habilidades da pessoa devorada. 

Dessa maneira, por analogia, o Movimento Antropofágico seria o “canibalismo” de culturas estrangeiras e assimilação delas na própria arte nacional. Assim, a arte brasileira incorporaria esses elementos como uma identidade brasileira multicultural e original.

Contexto Histórico do Movimento

O Modernismo surgiu no período entre guerras (1918-1939) e a sua origem é marcada por uma época atravessada por conflitos, revoluções e transformações sociais profundas.

No Brasil, o movimento modernista também foi marcado e influenciado pelos processos de industrialização e avanços tecnológicos. Importa também lembrar que esse momento é caracterizado pela busca do progresso, e os artistas se inspiraram em movimentos de vanguardas de outros países.

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Modernismo no Brasil

O início do modernismo no Brasil tem como marco simbólico a Semana de Arte Moderna, de 1922, considerada um divisor de águas na cultura brasileira.

Organizado por um grupo de intelectuais e artistas da época, o movimento declarava o rompimento com o tradicionalismo cultural associado às correntes literárias e artísticas anteriores: o parnasianismo, o simbolismo e a arte acadêmica

O símbolo do modernismo no Brasil é o Manifesto Antropofágico, escrito por Oswald de Andrade.

O que é a Antropofagia na Arte?

Liderada por Oswald de Andrade, a antropofagia é uma manifestação artística. Seu conceito foi pensando quando o artista, após realizar suas inúmeras viagens na Europa, conheceu as ideias de Filippo Tommaso Marinetti, o idealizador do futurismo na arte, um movimento que promoveu a tecnologia, o nacionalismo, a inovação e a modernidade.

Com o pensamento voltado para o futuro, Oswald de Andrade criou o movimento antropofágico, marcado pela publicação do Manifesto Antropofágico, na revista Antropofagia, em São Paulo.

A proposta do artista foi a de “engolir” as técnicas e as influências de outros países, fomentando o desenvolvimento de uma nova estética artística brasileira, desvinculando-a da influência direta da cultura europeia.

Manifesto Antropofágico

O Manifesto Antropófago, ou Manifesto Antropofágico, foi publicado em 1928 pelo poeta brasileiro Oswald de Andrade, um dos fundadores do movimento cultural do modernismo brasileiro e colaborador da publicação Revista de Antropofagia

O manifesto, que deu bases para o movimento antropofágico, teve como inspiração a obra "Abaporu", pintura de Tarsila do Amaral, artista modernista e esposa de Oswald de Andrade na época.

O Manifesto Antropófago defendia a criação da poesia brasileira de “exportação”, valorizando o uso da "língua literária", além de explicar a antropofagia, conceito que propunha "deglutir" a cultura europeia chegada ao Brasil e "digeri-la" sob a forma de uma arte essencialmente brasileira.

Características do Movimento

O movimento antropofágico brasileiro tinha como objetivo assimilar outras culturas, partindo também da ideia de um país miscigenado, que possui várias culturas em sua formação.

Com isso, a ideia era absorver ou “devorar” técnicas de outras culturas, reelaborando-as e convertendo-as em símbolo nacional. 

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Principais Representantes

Além de Oswald de Andrade, os artistas que mais contribuíram para o desenvolvimento desse grupo foram: Tarsila do Amaral, Alcântara Machado, Mário de Andrade, Manuel Bandeira, Menotti del Picchia, Raul Bopp, Guilherme de Almeida e Ronald Carvalho. 

Oswald de Andrade (1890-1954)

Oswald de Andrade foi um escritor e dramaturgo brasileiro. Em 1910 viajou pela Europa, onde toma contato com o ambiente artístico marcado pelo manifesto futurista do poeta italiano Marinetti.

Durante a Semana de Arte Moderna de 1922, que ajuda a preparar, lê trechos do romance Os Condenados (posteriormente chamado Alma) sob vaias do público. 

Em 1928, em diálogo com a obra da pintora Tarsila do Amaral (1886-1973), com quem estava casado, criou o Movimento Antropofágico, divulgado pelo "Manifesto Antropófago" e pela Revista de Antropofagia.

Tarsila do Amaral (1886-1973)

Tarsila do Amaral foi uma pintora e desenhista influenciada por vanguardas europeias, especialmente pelo cubismo. A artista cria um estilo próprio na busca por uma pintura de caráter tipicamente brasileiro.

Em junho de 1922, depois da Semana de Arte Moderna, volta ao Brasil para “descobrir o modernismo” no país. Conhece os escritores Mário de Andrade, Oswald de Andrade e Menotti del Picchia, com eles e Anita Malfatti funda o Grupo dos Cinco. 

Em 1928, Tarsila presenteia Oswald de Andrade com seu mais famoso quadro, Abaporu. A pintura estimula o escritor a fundar o movimento antropofágico. 

A partir de 1933, seu trabalho passa a ter uma aparência mais realista. Influenciada pela mobilização socialista, pinta, no mesmo ano, quadros como Operários e 2ª Classe, que apresentam uma preocupação com as mazelas sociais.

Manuel Bandeira (1886 - 1968)

Manuel Bandeira foi um dos mais importantes escritores da Primeira fase do Modernismo e um dos pontos mais altos da poesia lírica nacional. É considerado um clássico da literatura brasileira do século XX.

Para a Semana de Arte Moderna de 1922, enviou o poema “Os Sapos”, lido por Ronald de Carvalho, altamente criticado pelo público, com vaias e gritos. O poema satiriza os princípios do parnasianismo, com um deboche agressivo dirigido à métrica e à rima desses poemas.

Os temas mais comuns da obra de Bandeira ao longo do tempo são: a paixão pela vida, a morte, o amor e o erotismo, a solidão, a angústia existencial, o cotidiano e a infância.

Anita Malfatti (1889-1964)

Anita Malfatti foi uma artista plástica. A mostra expressionista da pintora realizada em São Paulo na Exposição de Pintura Moderna foi um marco para a renovação das artes plásticas no Brasil.

Incentivada pelos amigos, Anita participou da Semana de Arte Moderna de 1922 e integrou, ao lado de Tarsila do Amaral, Mário de Andrade, Oswald de Andrade e Menotti De Picchia, o Grupo dos Cinco.

Em 1942, Anita Malfatti foi nomeada presidente do Sindicato dos Artistas Plásticos de São Paulo.

Mário de Andrade (1893-1945)

Mário de Andrade (1893-1945) foi um escritor, poeta, romancista, contista, crítico literário, professor, pesquisador e folclorista. Publicou "Paulicéia Desvairada", o primeiro livro de poemas da primeira fase do Modernismo. 

Mário se interessava por tudo aquilo que dissesse respeito ao seu país e teve papel importante na implantação do Modernismo no Brasil, tornando-se a figura mais importante da Geração de 22. 

O romance "Macunaíma" foi sua criação mais prestigiada e conhecida.

Murilo Mendes (1901-1975)

Murilo Monteiro Mendes foi um poeta, prosador e crítico de artes plásticas e fez parte da segunda fase do modernismo.

Entre 1924 e 1929, escreveu para as primeiras publicações modernistas, como a Revista de Antropofagia, de São Paulo, e a Verde, de Cataguases, Minas Gerais. 

Em 1930, seu primeiro livro, "Poemas", recebeu o prêmio Graça Aranha. Nessa publicação o autor  demonstra a influência do Movimento Modernista dos anos 20, quando aborda temas como o nacionalismo, o folclore, a linguagem coloquial, o humor e a paródia.

Menotti del Picchia (1892-1988)

Menotti Del Picchia  foi um poeta, romancista, ensaísta, cronista, jornalista, advogado e político brasileiro. Foi ativista do Modernismo, mas sua obra mais marcante é o poema “Juca Mulato”, mais caracterizada por referências Pré-Modernistas.

O poeta foi um dos articuladores, ativistas e colaboradores da Semana de Arte Moderna de 1922, e abriu a segunda noite do evento, sendo a mais importante  tumultuada da Semana.

Em 1960 Menotti recebe o Prêmio Jabuti de Poesia e em 1968 foi agraciado com o título de Intelectual do Ano. 

Em 1987, foi inaugurada em Itapira, a Casa Menotti Del Picchia, para preservação do seu acervo.

Raul Bopp (1898-1984)

Raul Bopp foi um poeta, cronista, jornalista e diplomata brasileiro. Seu livro "Cobra Norato" tornou-se uma das maiores realizações do Movimento Antropofágico.

Em 1926 Bopp vai para São Paulo, onde manteve contato com o Grupo Verde Amarelo, de Plínio Salgado, Menotti del Picchia e Cassiano Ricardo. Em 1928, aproximou-se de Oswald de Andrade e Tarsila do Amaral, integrou o Movimento Antropofágico e tornou-se gerente da Revista de Antropofagia.

Em 1932, Raul Bopp ingressou na carreira diplomática. Viveu em Los Angeles, Suíça, Rio de Janeiro, Brasília e Porto Alegre. Chegando ao cargo de embaixador em 1958.

Victor Brecheret (1894-1955)

Victor Brecheret foi um escultor ítalo-brasileiro, considerado o pioneiro e introdutor da arte moderna na escultura brasileira. É o autor da obra “Monumento às Bandeiras” localizado no Parque do Ibirapuera, na capital paulista.

Mesmo ausente, participou da Semana de Arte Moderna de 1922 com a exposição de vinte esculturas no saguão e corredores do Teatro Municipal de São Paulo.

Em 1951 foi premiado na I Bienal de São Paulo, como melhor escultor nacional. No dia 25 de janeiro de 1953 é inaugurado o “Monumento às Bandeiras”, em São Paulo.

Fim do Movimento

O Movimento Antropofágico marca a primeira fase do modernismo brasileiro e termina na década de 1930, quando tem início a segunda fase do modernismo, mais conhecida como a fase de consolidação. 

Os trabalhos deste momento refletem o interesse por temas nacionais e regionais, mostrando sinais de maturidade no pensamento sobre o imaginário nacional. 

Curiosidades

Além do Movimento Antropofágico, outro movimento se destacou no contexto do Modernismo brasileiro, o chamado Movimento Verde-amarelismo, marcado por seu caráter extremamente nacionalista e com tendências nativistas.

No contexto do modernismo, a obra Abaporu, de Tarsila do Amaral, tornou-se a pintura mais cara do mundo.

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Passo 1 de 3
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Uma linha de coerência se esboça através dos zigue-zagues de sua vida. Ora espiritualista, ora marxista, criando um dia o Pau-Brasil, e logo buscando universalizá-lo em antropofagia, primitivo e civilizado a um tempo, como observou Manuel Bandeira, solapando o edifício burguês sem renunciar à habitação em seus andares mais altos, Oswald manteve sempre intacta sua personalidade, de sorte a provocar, ainda em seus últimos dias, a irritação ou a mágoa que inspirava quando fauve modernista de 1922. (Carlos Drummond de Andrade, Poesia e prosa.) Carlos Drummond de Andrade identifica, no texto transcrito, uma linha de coerência na vida de Oswald de Andrade. Esta coerência se verifica, segundo o texto,

A nos aspectos ideológicos e políticos.
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