Como o próprio nome já diz, no modo indicativo, o tempo presente é utilizado quando se quer retratar uma situação atual, ou seja, uma situação que ocorre no momento da fala. Além disso, esse tempo também é empregado para indicar ações e estados permanentes ou considerados permanentes (por exemplo, uma verdade científica), para expressar uma ação habitual ou um fato relacionado a determinado sujeito, para conferir vivacidade a fatos vivenciados no passado (também pode ser chamado de presente histórico ou presente narrativo) e, por fim, para marcar um fato futuro, mas que esteja próximo, nesse caso, a fim de evitar ambiguidade, utiliza-se adjuntos adverbiais como “amanhã”, “outro dia”... Observe alguns exemplos:
- O céu está limpo. (situação atual)
- A Terra gira em torno do próprio eixo. (verdade científica)
- Sou uma pessoa muito falante. (fato relacionado a um sujeito)
- Como muito pouco ao longo da semana. (ação habitual)
- [...] Desce o menino a montanha, atravessa o mundo todo, chega ao grande rio, com as mãos recolhe quanta de água lá cabia, volta o mundo atravessar, pelo monte se arrasta, três gotas que lá chegaram, bebeu-as a flor com sede. Vinte vezes cá e lá...[...] – José Saramago, em A maior flor do mundo (presente histórico)
- Amanhã mesmo vou verificar o que houve de errado em casa. (futuro próximo)
Quanto ao pretérito imperfeito, trata-se de um tempo utilizado para designar um fato passado, mas não concluído, por isso é chamado de imperfeito = não perfeito, inacabado. Se analisarmos bem, trata-se de um tempo verbal que demonstra continuidade. Esse tempo costuma ser empregado quando nos transportamos, pelo pensamento, a um tempo passado e descrevemos o que era presente. Veja um exemplo:
- O frio ia aumentando conforme explorávamos o lugar.
Além disso, o pretérito imperfeito também é utilizado para indicar, em situações simultâneas, o que estava acontecendo quando uma outra ação foi iniciada, denotar uma ação passada habitual ou repetida, designar fatos passados contínuos ou permanentes, denotar um fato que seria consequência (futuro do pretérito), como forma de cortesia para atenuar uma afirmação ou um pedido (presente do indicativo) e, por último, situar vagamente no tempo contos, lendas, fábulas…, caso em que se utiliza o imperfeito do verbo “ser”, com sentido existencial. Observe alguns exemplos de cada uma das situações respectivamente:
- Falava alto, e as crianças acordaram.
- Se a professora lia, todos a acompanhavam.
- Os alunos se adaptavam mais facilmente às novas aulas.
- Se eu não tivesse que estudar, eu ia também.
- Faltei ontem e vinha pedir desculpas pelo atraso.
- Era uma vez um coelho branco...
Quanto ao pretérito perfeito, há duas formas: a simples e a composta, constituída do presente do indicativo do verbo auxiliar “ter” e do particípio do verbo principal. Nesse sentido, enquanto a forma simples indica uma ação produzida em certo momento do passado, a forma composta exprime a repetição de uma ação ou a sua continuidade até o presente em que se fala. Agora, veja dois exemplos, um da forma simples e outro da forma composta:
- Li com uma pressa incomum e fiquei com ressaca literária. (forma simples)
- Tenho lido muitos livros.
Ainda sobre os tempos do modo indicativo, o pretérito mais-que-perfeito indica uma ação que ocorreu antes de uma outra ação já passada. Além disso, esse tempo também pode denotar um fato vagamente situado no passado ou uma situação passada em relação ao momento presente, quando se deseja amenizar uma afirmação ou um pedido. Confira alguns exemplos:
- A aula tornara-se tão interessante que os alunos não ouviram o sinal.
- Estudara, trabalhara e fizera sucesso, mas nada disso o alegrara.
- Eu tinha vindo para pedir a mudança da data da prova.
Assim como o pretérito perfeito, o futuro do presente também é dividido em forma simples e forma composta. A forma simples é utilizada para indicar situações certas ou prováveis, posteriores ao momento da fala, para exprimir uma incerteza, também pode ser utilizada como forma sofisticada do presente, como expressão de súplica, desejo, ordem e nas afirmações condicionadas (realização provável). Veja alguns exemplos:
- As aulas começarão amanhã. (situação certa)
- Serei, talvez, uma professora de química. (incerteza)
- Eu lhe direi que não. (sofisticada)
- Honrarás pai e mãe. (ordem/tom imperativo)
- Se estudares muito, dominarás todo o conteúdo.
Já a forma composta do futuro do presente é empregada para indicar que uma ação futura estará finalizada antes de outra, expressar a certeza de uma situação futura e manifestar uma incerteza sobre fatos passados. Confira alguns exemplos:
- Os seres humanos serão escravos das tecnologias que terão criado. (ação futura finalizada antes de outra)
- Só a verdade permanecerá e não terá sido vão o esforço para manter a honestidade. (certeza de uma situação futura)
- Quanto tempo terá levado essa trajetória? (incerteza sobre um fato passado)
Por último, o futuro do pretérito simples é utilizado para apresentar ações posteriores à época de que se fala, indicar incerteza sobre fatos passados, como forma sofisticada do presente (desejo), em algumas frases interrogativas/exclamativas (surpresa/indignação) e nas afirmações condicionais para se referir a fatos que não foram e que provavelmente não serão realizados. Veja exemplos:
- Passadas as primeiras horas, não lamentaria a falta de atitude? (ação posterior à época de que se fala)
- Quem seria aquela pessoa? (incerteza)
- Desejaríamos ouvi-lo falar sobre o livro novo. (sofisticação)
- Quem diria!
- Se não houvesse tanta indiferença, nós seríamos todos iguais.
Enquanto isso, o futuro do pretérito composto é utilizado para indicar que uma situação teria ocorrido no passado, mas com alguma condição, para indicar a possibilidade de um fato passado e demonstrar a incerteza sobre situações passadas e em algumas frases interrogativas que não necessitam da resposta do interlocutor. Confira exemplos:
- Teria sido diferente se eu fizesse isso?
- Ela teria sido uma ótima médica.
- Quem teria escrito isso?
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