Pode ser sobre a saudade, sobre um amor não correspondido ou sobre um romance. O que muita gente não sabe é que o interesse por esse estilo musical é muito antigo e tem origem na Idade Média.
No século XII, essas canções já eram as mais pedidas nomovimento literário que ficou conhecido como trovadorismo. Entenda o que é o trovadorismo e veja como ele está presente nas músicas atuais!
O Trovadorismo foi um movimento literário e cultural que floresceu na Idade Média, particularmente na Península Ibérica, entre os séculos XII e XIV. Esse movimento está associado ao surgimento da poesia lírica em língua vulgar, sendo um dos primeiros grandes momentos da literatura portuguesa e galega.
As produções desse período são conhecidas por sua musicalidade, já que os poemas eram geralmente acompanhados por música e interpretados por trovadores, que eram poetas-compositores.
Neste período, Portugal estava em processo de formação nacional. A europa se recuperava das grandes invasões e o progresso econômico e cultural estava em reconstrução.
Sem as guerras, era necessário que os cavaleiros encontrassem um novo ofício. E foi por meio das trovas, canções apresentadas à nobreza, que eles se adequaram aos novos tempos.
A devoção que antes era dedicada aos senhores feudais, donos de grandes terras, no trovadorismo foi dedicada às damas da sociedade. Ou seja, o trovador subordinado à sua dama soberana.
As cantigas de amor são composições líricas do trovadorismo em que o trovador expressa seu amor platônico e idealizado por uma dama de posição social superior. Essas cantigas seguem o modelo do amor cortês, onde o trovador assume uma postura de servidão e devoção à sua amada, que muitas vezes é inatingível.
A linguagem utilizada é refinada e formal, refletindo a idealização do amor e da figura feminina. O tema central dessas cantigas é o sofrimento amoroso, com o trovador lamentando a distância, a indiferença ou a impossibilidade de seu amor ser correspondido.
Cantigas de Amigo
As cantigas de amigo são poemas em que a voz feminina expressa seus sentimentos de amor, saudade ou lamento pela ausência do amado. Embora escritas por homens, essas cantigas adotam a perspectiva feminina, colocando uma mulher jovem como sujeito poético.
Elas frequentemente fazem referência a elementos da natureza, como rios e campos, servindo como cenário para o lamento amoroso. A linguagem utilizada é mais simples e direta em comparação com as cantigas de amor, refletindo uma expressão mais espontânea e natural dos sentimentos.
Cantigas de Escárnio
As cantigas de escárnio são poemas satíricos que criticam ou ridicularizam uma pessoa, grupo social ou situação de maneira indireta e velada. Elas utilizam ironia e ambiguidade, com jogos de palavras e trocadilhos, para transmitir a crítica de forma disfarçada, sem mencionar diretamente o alvo da sátira. Essa forma de composição permite ao trovador criticar comportamentos, figuras públicas ou situações sociais sem se expor diretamente.
Cantigas de Maldizer
As cantigas de maldizer também são satíricas, mas diferem das cantigas de escárnio por serem diretas e explícitas nas críticas. Nelas, a linguagem é agressiva e direta, com o alvo da crítica sendo claramente identificado.
Frequentemente, essas cantigas são usadas como forma de ataque pessoal ou denúncia, focando em comportamentos inadequados ou injustiças sociais. A linguagem contundente e ofensiva é utilizada para evidenciar a crítica, sem a preocupação de mascarar a intenção por trás dos versos.
Exemplos de cantigas trovadoras nas músicas atuais
As canções trovadoras são divididas em:
Satíricas: Cantigas de Maldizer e Cantigas de Escárnio
Líricas: Cantigas de Amor e Cantigas de Amigo
Cantigas de Maldizer: sátiras diretas, chegando muitas vezes a agressões verbais. Há casos em que o nome de uma pessoa poderia aparecer explicitamente. Exemplo: a música do cantou Latino, “Renata”.
Cantigas de Escárnio: nestas cantigas o nome da pessoa satirizada não aparecia. As sátiras eram feitas de forma indireta, utilizando o duplos sentidos. Exemplo: a música da dupla Maiara e Maraisa, “Quem ensinou fui eu”.
Cantigas de Amor: o foco da cantiga é nas qualidades da mulher amada, onde o trovador se coloca em uma posição inferior (de vassalo) a ela. O tema mais comum é o amor não correspondido. Exemplo: a música da dupla sertaneja Henrique e Juliano, “O céu explica tudo”.
Cantigas de Amigo: enquanto nas Cantigas de Amor o eu-lírico (voz que expressa a subjetividade do poeta) é um homem, nas cantigas de amigo é uma mulher, embora os escritores sejam homens.
A palavra amigo nestas cantigas tem o significado de namorado e o tema principal é a lamentação da mulher pela falta do amado. Exemplo: a música da cantora Marília Mendonça, “Ausência”.
O trovadorismo foi a primeira manifestação literária da língua portuguesa e seu marco inicial aconteceu com a “Cantiga da Ribeirinha” (conhecida também como “Cantiga da Garvaia”), escrita por Paio Soares de Taveirós no ano de 1189.
O movimento se espalhou por toda a Europa e teve seu declínio no século XIV, quando começou o humanismo.
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