A Idade Média, que durou aproximadamente do século V ao XV, é um período complexo e diversificado na história europeia, marcado por transformações significativas em muitos aspectos da vida social, política, religiosa e cultural.
As invasões bárbaras
As mudanças na Europa se iniciam, principalmente, à partir da crise do Império Romano e das invasões bárbaras. O termo bárbaro era utilizado genericamente para denominar povos, em geral de características tribais e quase nômades, que não compartilhavam a cultura greco-romana. Essa denominação incluía, por exemplo, povos germânicos como os godos, vândalos, francos, entre outros.
Alguns desses bárbaros estabeleceram acordos com o Império e chegaram a lutar pelo exército romano como mercenários, ou seja, mediante pagamento, estabelecendo um contato relativamente pacífico. A presença dos bárbaros em regiões do Império proporcionou, inclusive, um intercâmbio cultural nas áreas de contato entre os povos, fazendo com que bárbaros e romanos incorporassem elementos culturais uns dos outros.
A convivência entre bárbaros e romanos, contudo, também apresentou conflitos. Em algumas regiões, as tribos que se estabeleceram não eram aceitas por oficiais do Império. O avanço dos hunos, vindos da Ásia, sobre a Europa, ao mesmo tempo em que levou germânicos e romanos a lutarem juntos em certas oportunidades, também acirrou conflitos entre eles, e até internamente entre as tribos bárbaras. Gradualmente essas tribos se estabeleceram no território antes dominado pelo Império que, já em crise, não conseguiu reagir e manter sua unidade.
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O feudalismo
Os sucessivos confrontos e invasões provocaram crises econômicas e amedrontaram a população das cidades, que buscou refúgio e meios de subsistência no campo. Esse êxodo urbano foi um dos responsáveis para o estabelecimento - à partir do século IX - do feudalismo, sistema político, econômico e social que vigorou em diversas regiões da Europa durante a Idade Média.
Esse sistema se caracterizava pela descentralização política, pela concentração da vida social e econômica em áreas rurais, os feudos, por uma sociedade estamental, e pelo declínio das cidades e do comércio.
O feudalismo viveu seu auge durante a Alta Idade Média, entre os séculos IX e XI e, como possuía como característica a descentralização política, se manifestou com especificidades em cada região que surgiu.
As relações feudais eram baseadas na doação de terras de um suserano (grande proprietário de terras) a outros membros da nobreza. Os que recebiam as terras se tornavam vassalos, e estabeleciam uma relação de fidelidade e dependência com o suserano. Essas terras, por sua vez, baseavam sua produção no trabalho servil.
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Os francos
Durante a Alta Idade Média, os francos foram um dos principais povos a se consolidarem na Europa Ocidental, na região da Gália (onde hoje está localizada parte do território a França). A dinastia Merovíngia consolidou sua ocupação na região a partir de Clóvis, durante os séculos V e VI.
Além do poder militar, sua conversão ao cristianismo garantiu a Clóvis o apoio da Igreja e dos camponeses. O período merovíngio durou até o século VIII, abalado por sucessivos conflitos e disputas pelo poder.
Carlos Martel, que ocupou o cargo de “Prefeito do Palácio” durante o período merovíngio, um dos mais importantes dentre a nobreza franca, liderou a vitória sobre os árabes na Batalha de Poitiers, em 732, e ganhou influência sobre os francos e apoio da Igreja. Seu filho, Pepino, o Breve, aproveitando-se da reputação do pai e do apoio que havia conquistado, toma o poder e consolida a dinastia Carolíngia, que governaria os francos até 843.
O principal líder carolíngio foi Carlos Magno, filho de Pepino, o Breve, declarado imperador dos romanos pelo Papa Leão III, ainda que seu império não fosse o mesmo da Antiguidade. Durante seu reinado, Carlos Magno tentou expandir o cristianismo pela Europa, mas as disputas entre seus netos provocaram a fragmentação do Império Carolíngio e impediram a unificação do continente.
Dentro desse quadro geral, podemos sintetizar as principais transformações iniciadas pelas invasões bárbaras ao Império Romano em alguns pontos principais:
- A queda do Império Romano do Ocidente, que resultou na descentralização política da Europa, com o surgimento de diversos reinos bárbaros;
- O surgimento das relações feudais e da produção baseada na servidão;
- A ascensão da Igreja Católica como força política e social daquele período.
Cabe ressaltar que essas transformações foram um processo, ou seja, possuem pontos de ruptura e continuidade. Algumas tradições romanas se perpetuaram, ao passo que outras foram substituídas por costumes bárbaros.
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