Júlio Prestes: trajetória política e contexto histórico

A trajetória de Júlio Prestes está diretamente ligada ao fim da Primeira República no Brasil. Último presidente eleito antes da Revolução de 1930, Prestes representa uma figura central para compreender as transformações políticas e sociais que levaram à ascensão de Getúlio Vargas e ao início de uma nova era.

Este conteúdo apresenta os principais marcos de sua carreira, o contexto de sua eleição, os motivos que o impediram de assumir a presidência, e o legado que deixou na história política brasileira.

Júlio Prestes de Albuquerque nasceu em 15 de março de 1882, no interior de São Paulo. Formado em Direito pela Faculdade do Largo de São Francisco (USP), iniciou sua atuação política ainda jovem, elegendo-se deputado estadual em 1909. Teve uma carreira marcada por sua filiação ao Partido Republicano Paulista (PRP), tradicional representante dos interesses da elite cafeeira paulista no período da República Velha.

Ao longo de sua trajetória política, ocupou cargos de destaque, sendo deputado federal, secretário estadual da Agricultura e, mais tarde, presidente do Estado de São Paulo, cargo equivalente ao de governador. Sua ascensão nacional se consolidaria ao ser indicado como candidato à presidência da República.

Em 1930, Júlio Prestes foi lançado como candidato à presidência da República, com o apoio do governo federal e da chamada política do café com leite. Essa expressão era usada para descrever o revezamento de poder entre São Paulo e Minas Gerais, que, naquele ano, foi rompido com a exclusão de um mineiro da chapa.

Sua eleição foi marcada por um clima de tensão. A oposição, reunida na Aliança Liberal, lançou Getúlio Vargas como candidato. Prestes venceu nas urnas, mas não chegou a assumir o cargo. A Revolução de 1930, deflagrada após o assassinato de João Pessoa (vice de Vargas) e a insatisfação generalizada com os rumos políticos do país, impediu sua posse.

Portanto, o motivo pelo qual Júlio Prestes não assumiu a presidência foi o golpe de Estado liderado por militares e civis que depuseram Washington Luís e impediram a posse do presidente eleito. Com isso, Getúlio Vargas iniciou um governo provisório que duraria até 1945.

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A rivalidade entre Júlio Prestes e Getúlio Vargas reflete o conflito entre duas visões distintas de país. Enquanto Prestes representava a continuidade da Primeira República, baseada nos interesses oligárquicos paulistas, Vargas encarnava um projeto de modernização do Estado, com apoio de setores urbanos, industriais e parte da classe média.

A Revolução de 1930 foi resultado da crise de legitimidade do regime, do colapso econômico provocado pela quebra da Bolsa de 1929, e da frustração com a exclusão de Minas Gerais da sucessão presidencial. A tensão culminou no golpe que depôs o governo vigente e inaugurou a chamada Era Vargas, encerrando um ciclo político marcado pela hegemonia das elites regionais.

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Antes de ser candidato à presidência, Júlio Prestes ocupou cargos de destaque na política paulista e nacional:

• Deputado estadual (1909 a 1923): atuou com base no PRP, alinhado aos interesses do setor agroexportador;
• Deputado federal (1924 a 1926): ampliou sua influência em Brasília;
• Presidente do Estado de São Paulo (1927 a 1930): seu mandato foi marcado por investimentos em infraestrutura e modernização da produção cafeeira.

Esses cargos anteriores demonstram a sólida formação política de Júlio Prestes e sua ligação direta com a elite agrária paulista, o que também contribuiu para a oposição que enfrentaria em 1930.

A Estação Júlio Prestes, localizada na cidade de São Paulo, é uma homenagem ao político e símbolo de sua importância no cenário nacional. Construída no início do século XX, a estação ferroviária foi um ponto estratégico para o escoamento do café e hoje abriga a Sala São Paulo, sede da Orquestra Sinfônica do Estado.

Mais do que um terminal ferroviário, a estação representa o vínculo entre Prestes e a capital paulista, cidade onde consolidou sua base política. A homenagem reforça seu legado como figura relevante da história paulista, mesmo sem ter assumido a presidência.

Após ser impedido de tomar posse, Júlio Prestes foi exilado na Europa, junto com sua família. Retornou ao Brasil alguns anos depois, mas sem retomar a vida política com protagonismo. Com o tempo, afastou-se dos debates públicos e optou pela discrição.

Júlio Prestes morreu em 9 de fevereiro de 1946, em São Paulo, aos 63 anos. Sua morte marcou o fim de um ciclo na história brasileira: o dos políticos da Primeira República que não conseguiram sobreviver politicamente às transformações iniciadas com a Revolução de 1930.

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Estudar a trajetória de Júlio Prestes permite compreender um dos momentos mais emblemáticos da história política brasileira: a transição da República Velha para o governo Vargas. Ele representa o fim de uma era marcada pela dominação das oligarquias e o início de um novo ciclo político e institucional no país.

Para quem está se preparando para o Enem e demais vestibulares, conhecer esse contexto é essencial para entender as mudanças no poder e as disputas entre elites e novos grupos sociais no século XX.

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