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Golpe Militar de 1964: como foi, as causas e um resumo do fato

História do Brasil - Manual do Enem
Maria Clara Cavalcanti Publicado por Maria Clara Cavalcanti
 -  Última atualização: 28/10/2024

Introdução

O Golpe Militar de 1964 destituiu o então presidente João Goulart do poder e implantou uma Ditadura Militar no Brasil que durou mais de 20 anos.

Sem dúvida, o Golpe foi um marco de transformação dos panoramas sociais, políticos, econômicos e culturais no país, isso porque interrompeu a democracia e instalou um regime decididamente violento. 

O Golpe teve como principal justificativa a reação a uma possível “ameaça comunista”, resultado da interpretação sobre as políticas de João Goulart e influenciada pelo temor de que algo como a Revolução Cubana acontecesse no país.

É importante pontuar que o Golpe Militar brasileiro fez parte de uma conjuntura de ascensão de diversos regimes políticos ditatoriais na América Latina nas décadas de 1950 e 1960. Vários foram os fatores que influenciaram o Golpe Militar, como veremos a seguir.

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Índice

Contexto Histórico

Após a Segunda Guerra Mundial, a conjuntura global viveu anos de tensão com a chamada Guerra Fria. O conflito girou em torno das disputas entre os modelos do socialismo e capitalismo, representados concomitantemente pela União Soviética e pelos Estados Unidos. A Guerra Fria criou uma extrema bipolaridade no contexto mundial.

A resistência da União Soviética e a força do projeto socialista geraram um enorme temor quanto a possibilidade do comunismo em vários países, inclusive entre uma parcela da população no Brasil.

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Contexto interno nacional: O Governo Jango

Foi nesse contexto que João Goulart, o Jango, assumiu a presidência da República no ano de 1961, após a renúncia de Jânio Quadros. Na época da renúncia de Jânio, o até então vice-presidente João Goulart estava em visita à República Democrática da China, uma ditadura comunista.

A aproximação de Jango com projetos comunistas gerou um grande temor entre políticos e militares brasileiros. Alguns desses fizeram uma investida na tentativa de impedir a posse de Jango em 1961. Entretanto, não obtiveram sucesso principalmente pela intervenção de Leonel Brizola e alguns militares que eram favoráveis à sua posse.

O governo de João Goulart foi alvo de muitas críticas de políticos como Carlos Lacerda, de esferas civis - como a classe média paulista - e militares da população, que acusavam uma tendência “esquerdista” do Presidente da República.   

Uma das principais marcas do governo de Jango foi a tentativa de uma série de reformas de base, entre elas, a Reforma Agrária e a criação de leis trabalhistas para os trabalhadores do campo. Essa política foi mais uma vez interpretada como fruto de uma tendência para esquerda do então presidente, gerando insatisfação entre as classes médias e entre os militares nacionais.

O Golpe

O temor de uma possível Revolução Comunista e o desagrado com as políticas de João Goulart levaram às movimentações em torno da tentativa de impeachment do presidente. 

Mediante a essa movimentação, João Goulart promoveu o chamado Comício na Central do Brasil, onde convocou a população e defendeu as reformas de base. Quase 200 mil pessoas acompanharam o comício onde foram pautadas as reformas tributária, eleitoral, pelo voto dos analfabetos, pela emancipação e justiça social.

O comício contou com bandeiras populares que pediam a legalidade do Partido Comunista Brasileiro, a Reforma Agrária, etc.

Como resposta ao Comício da Central do Brasil e a uma suposta “ameaça comunista” que este representava, setores políticos, civis e militares conservadores organizaram a chamada Marcha da Família com Deus pela Liberdade. Essa movimentação foi financiada pelos Estados Unidos, que no contexto da Guerra Fria tinha muito interesse em conter possíveis regimes de esquerda e movimentações comunistas nos países.

Essa marcha teve como um de seus organizadores o político Carlos Lacerda, a participação da Igreja Católica, de famílias e setores conservadores da população. A Igreja Católica temia a expansão e proliferação do ateísmo comunista. Esses grupos defendiam que João Goulart era um típico líder comunista que pretendia promulgar um golpe socialista no país.

É importante pontuar que as pesquisas historiográficas não comprovam a existência do planejamento de um golpe de esquerda nesse período e contexto no Brasil.

É nesse contexto que no dia 1º de Abril de 1964, tropas militares saídas de Minas Gerais invadiram o Rio de Janeiro e tomaram o poder. Inaugurou-se assim a Ditadura Militar Brasileira, que durou até o ano de 1985.

João Goulart pediu asilo político e se mudou para o Uruguai.

João Goulart, presidente deposto pelo Golpe Militar em 1964.

João Goulart.

Carlos Lacerda, jornalista e político brasileiro, um dos organizadores da Marcha da Família com Deus pela Liberdade.

Carlos Lacerda.
 
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Exercício de fixação
Passo 1 de 3
ENEM-2017

No período anterior ao golpe militar de 1964, os documentos episcopais indicavam para os bispos que o desenvolvimento econômico, e claramente o desenvolvimento capitalista, orientando-se no sentido da justa distribuição da riqueza, resolveria o problema da miséria rural e, consequentemente, suprimiria a possibilidade do proselitismo e da expansão comunista entre os camponeses. Foi nesse sentido que o golpe de Estado, de 31 de março de 1964, foi acolhido pela Igreja.
 

 MARTINS, J.S. A política do Brasil: lúmpen e místico. São Paulo: Contexto, 2011 (adaptado).
 
 Em que pesem as divergências no interior do clero após a instalação da ditadura civil-militar, o posicionamento mencionado no texto fundamentou-se no entendimento da hierarquia católica de que o(a):

A luta de classes é estimulada pelo livre mercado.
B poder oligárquico é limitado pela ação do Exército.
C doutrina cristã é beneficiada pelo atraso do interior.
D espaço político é dominado pelo interesse empresarial.
E manipulação ideológica é favorecida pela privação material.
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