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Lula

História do Brasil - Manual do Enem
Alanis Zambrini Publicado por Alanis Zambrini
 -  Última atualização: 27/9/2022

Introdução

Lula, apelido dado a Luiz Inácio Lula da Silva, é um político, ex-sindicalista e ex-metalúrgico, sendo o 35º presidente do Brasil, entre 2003 e 2011. Membro fundador e presidente de honra do Partido dos Trabalhadores (PT), elegeu-se presidente da República em 2002 e foi reeleito em 2006.

Após diversas controvérsias, acusações de corrupção e interferências da Operação Lava Jato, Lula está preso, tendo sido vedada a sua participação nas eleições de 2018, apesar de sua condição de preso político.

Hoje, vemos o movimento “Lula Livre”, com algumas pessoas clamando para que Lula seja solto e julgado de forma justa, porém, há aqueles que tenham um forte sentimento anti-PT, o que inclui Lula, principalmente por conta de denúncias de corrupção contra o partido.

Índice

Breve biografia e carreira política

Nascido em 1945, em Caetés, e de origem pobre, Lula migrou ainda criança de Pernambuco para São Paulo com sua família. Foi metalúrgico e sindicalista, época em que recebeu o apelido "Lula".

Durante a ditadura militar, liderou grandes greves de operários no ABC Paulista e, durante o processo de abertura política, o Partido dos Trabalhadores foi fundado, mais especificamente em 1980.

No período da redemocratização, Lula foi uma das principais lideranças das Diretas Já, iniciando a sua carreira política, pois em 1986 ele elegeu-se deputado federal pelo estado de São Paulo com votação recorde.

Em 1989, concorreu, pela primeira vez, à presidência da República, perdendo no segundo turno para Fernando Collor de Mello. Também foi candidato a presidente outras duas vezes, em 1994 e 1998, perdendo ambas as eleições no primeiro turno para Fernando Henrique Cardoso. Venceu a eleição presidencial de 2002, contra José Serra, e foi empossado em janeiro de 2003. Também venceu a eleição de 2006, derrotando Geraldo Alckmin.

O governo Lula teve como marco a introdução de programas sociais, como o Bolsa Família e o Fome Zero, ambos reconhecidos pela Organização das Nações Unidas como os programas que possibilitaram a saída do país do mapa da fome.

Durante seus dois mandatos, empreendeu reformas e mudanças radicais que produziram transformações sociais e econômicas no Brasil, triplicando o PIB per capita. Na política externa, desempenhou um papel de destaque, incluindo atividades relacionadas ao programa nuclear do Irã, ao aquecimento global, ao Mercosul e aos BRICS

Após a vitória de Dilma Rousseff (sua antiga ministra da Casa Civil), nas eleições para a presidência, Lula manteve-se ativo no cenário político e passou a dar palestras no Brasil e no exterior.

Em julho de 2017, foi condenado em primeira instância, no âmbito da Operação Lava Jato, a nove anos e seis meses de prisão por corrupção e lavagem de dinheiro. Com a confirmação em segunda instância da sentença, que aumentou a pena, teve sua prisão decretada e entregou-se à Polícia Federal em abril de 2018. Desde então, encontra-se detido em Curitiba.

Primeiro mandato

Tentando evitar os "erros" cometidos em campanhas anteriores, como a manifestação de posições tidas como radicais, Lula optou, em 2002, por um discurso moderado, prometendo uma boa economia, respeito aos contratos e reconhecimento da dívida externa do país, conquistando a confiança de parte da classe média e do empresariado. 

Em 27 de outubro de 2002, Lula foi eleito presidente do Brasil, derrotando o candidato apoiado pela situação, o ex-ministro da Saúde e senador paulista José Serra, do PSDB. 

Na área econômica, a gestão do Governo Lula foi caracterizada pela estabilidade econômica e por um superávit na balança comercial. Além disso, durante o governo Lula, houve incremento na geração de empregos. Segundo o IBGE, de 2003 a 2006 a taxa de desemprego caiu e o número de pessoas contratadas com carteira assinada cresceu mais de 985 mil, enquanto o total de empregos sem carteira assinada diminuiu 3,1%.

Em seu primeiro ano de governo, Lula empenhou-se em realizar uma reforma da previdência, por via de emenda constitucional, caracterizada pela imposição de uma contribuição sobre os rendimentos de aposentados do setor público e maior regulação do sistema previdenciário nacional.

A questão econômica tornou-se, consequentemente, sua pauta maior e, ao fim de seu governo, sua popularidade era maior do que a que possuía ao ser eleito. Pesquisas do instituto Datafolha, divulgadas no dia 17 de dezembro de 2006, mostram que 52% consideravam seu governo ótimo ou bom.

As relações políticas do governo Lula com a oposição e a mídia foram conturbadas. Eleito presidente com uma bancada minoritária, formada pelo PT, Partido Socialista Brasileiro (PSB), PCB, Partido Comunista do Brasil (PCdoB) e PL, Lula buscou formar alianças com diversos partidos, inclusive com alguns situados mais à direita no espectro político brasileiro.

Conseguiu apoio do PP, PTB e parcela do PMDB, às custas de dividir com estes o poder. Após dois anos de governo mantendo maioria no congresso, o que facilitava a aprovação de projetos de interesse do executivo, uma disputa interna de poder entre os partidos aliados (PT, PSB, PCdoB, PL, PP, PTB) resultou no escândalo do mensalão.

Após denúncias de Roberto Jefferson, deputado do PTB, envolvido em esquema de propina na Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos, houve enorme desarranjo político entre o poder executivo e a sua base, aumentado o grau de ataque dos partidos de oposição.

Essa crise desdobrou-se em outras, que geraram a queda de ministros e a cassação de deputados. Nesse período, compreendido entre abril e dezembro de 2005, o índice de aprovação do governo Lula atingiu o seu mais baixo percentual desde o começo de seu mandato.Também houve a demissão dos ministros José Dirceu, Benedita da Silva e Luiz Gushiken, por suspeitas de envolvimento em casos de corrupção.

Em meio a isso, várias denúncias começaram a vir à tona contra Lula, sua família e membros de seu governo, resultando em várias crises políticas, como a crise do uso de cartões corporativos, denúncias de corrupção do filho de Lula, denúncias de maior gasto do que é permitido pela legislação e o pagamento de uma multa por Lula, que estava fazendo propaganda eleitoral antecipada.

Mesmo com todas essas crises, Lula voltou a ter uma aprovação boa de governo e, em julho de 2006, declarou que nunca foi um "esquerdista", admitindo que em um eventual segundo mandato, prosseguiria com as políticas econômicas consideradas conservadoras adotadas no seu atual governo, principalmente para atrair as pessoas de direita.

Segundo mandato

Após ganhar as eleições e assumir seu segundo mandato, Lula lançou o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), um conjunto de medidas que visava a aceleração do ritmo de crescimento da economia brasileira, com previsão de investimentos de mais de 500 bilhões de reais para os quatro anos do segundo mandato do presidente, além de uma série de mudanças administrativas e legislativas.

Além disso, ele lançou também o Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE), que estabelecia o objetivo de nivelar a educação brasileira com a dos países desenvolvidos até 2021 e previa medidas até 2010 (entre elas a criação de um índice para medir a qualidade do ensino e de um piso salarial para os professores de escolas públicas).

Na economia, o ano de 2007 foi marcado pela retomada da atividade em vários setores, em virtude, principalmente, da recuperação da renda da população e da expansão do crédito no país. O maior destaque é a agropecuária, cujo desempenho foi puxado pelo aumento do consumo interno de alimentos e da demanda internacional por commodities. As melhores condições de renda e crédito também incrementaram o desempenho da indústria e trouxeram um crescimento considerável ao PIB.

Em 2008, aconteceu a crise financeira global, que gerou um aumento do desemprego no país e fez com que, em 2009, o governo de Lula sofresse queda em popularidade. Porém, a queda na avaliação positiva foi bastante rápida, já que, logo no mês de maio de 2009, pesquisas voltaram a trazer crescimento na aprovação do governo, também em consequência da estabilidade do Brasil frente à crise econômica internacional.

Em meio às relações internacionais, Lula focou na OMC e na formação de grupos de trabalho formados por países em desenvolvimento, bem como em interações específicas com a União Europeia, melhorando a exposição do país internacionalmente.

Essa forte atuação gerou resultados na ampliação do comércio brasileiro com diversos países e na diminuição da dependência das exportações brasileiras nos Estados Unidos e na União Europeia, gerando um crescimento inédito.

Ainda na política externa, o governo Lula atuou para integrar o continente Sul Americano e para expandir e fortalecer o Mercosul, obtendo alguns avanços, como o aumento de mais de 100% nas exportações para a América do Sul, fortalecendo o comércio regional.

A política externa do governo Lula também é considerada controversa por alguns órgãos de imprensa, pelo suposto apoio do Brasil a países acusados de violações a direitos humanos, tanto em votações na ONU, quanto na aproximação política com essas nações.

Casos notórios que causaram polêmica foram a abstenção do Brasil na votação de um pedido de investigação sobre violações de direitos humanos no Sudão, a visita do presidente iraniano ao Brasil em 2009 e o apoio à conduta do governo cubano de prender opositores políticos, inclusive com críticas de Lula àqueles que protestavam com greve de fome.

Apesar do grande número de escândalos políticos que envolveram o PT durante seu mandato, a popularidade do então presidente da república continuava expressiva, fato atribuído por seus adversários a uma forma de governo populista, por conta dos benefícios monetários e alimentícios oferecidos às famílias de baixa renda através de programas sociais como o Bolsa Família. 

Após o fim de seu segundo mandato, sua antiga ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, assumiu a presidência, e Lula continuou dando palestras e sendo ativo politicamente, até ocorrerem as acusações da Operação Lava Jato, que levaram-no a ser preso em Curitiba.

Exercício de fixação
Passo 1 de 3
UFU/2006

A foto anterior, publicada na "Folha de S. Paulo", em 07 de maio de 2005, mostra imagens de uma marcha dos trabalhadores sem-terra, entre Goiânia e Brasília. Ao final da marcha, representantes do movimento foram recebidos em audiência pelo Presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Sobre os significados políticos dessa marcha e sobre o relacionamento entre o Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra e o governo Lula, assinale a alternativa correta. 

A A defesa do "impeachment" do Presidente Lula, em função das denúncias de corrupção no seu governo, foi a principal bandeira levantada pelo movimento dos trabalhadores sem-terra, na marcha de Goiânia à Brasília.
B Na audiência com o Presidente da República, os representantes do movimento dos trabalhadores sem-terra entregaram-lhe um documento que continha, entre outras reivindicações, a necessidade do governo aumentar significativamente o número de famílias assentadas até o fim de seu mandato, além de liberar crédito especial para os trabalhadores assentados.
C A marcha de Goiânia à Brasília unificou as organizações dos trabalhadores sem-terra que externaram, em documento, a sua completa desconfiança em relação ao Presidente da República, considerando-o representante dos setores conservadores da sociedade brasileira, portanto, sem nenhuma credibilidade para implementar os assentamentos de reforma agrária pretendidos.
D A decisão do Presidente Lula de compor seu governo com ministros do campo progressista foi determinante para lhe assegurar maioria no Congresso Nacional, possibilitando o cumprimento das promessas de campanha relativas ao número de assentamentos de reforma agrária e colocando fim aos conflitos e à violência no campo. Por isso, a marcha objetivou explicitar o apoio do movimento ao Presidente da República.
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