O movimento negro no Brasil, assim como ao redor do mundo, corresponde a uma série de organizações de tamanhos diferentes que lutam contra o racismo, por inclusão e por direitos civis. E mais atualmente, incluíram em suas pautas a luta de liberdade religiosa, as lutas feministas e LGBT.
As primeiras organizações de negros no Brasil datam do período colonial, momento em que os negros viviam sob o regime da escravidão. Para escapar das terríveis condições a que eram submetidos os negros fugiam e organizavam-se em quilombos, que podem ser encarados como os primeiros movimentos negros, ligados principalmente, a resistência à escravidão.
Após a abolição da escravidão, em 1889 a população negra não foi efetivamente inserida na sociedade, os negros recém libertos sofreram com o preconceito do restante da população e não conseguiram empregos ou matricular suas crianças nas escolas.
A população negra ficou à margem da sociedade pós escravidão e como alternativa para sobreviver, passou a trabalhar em empregos muitas vezes inferiores, recebendo menores salários e morando nas periferias da cidade. Nesse contexto, uma série de grupos também se reuniu para lutar pelos direitos básicos e melhores condições de vida para a população recém liberta.
No decorrer da década de 1960, o movimento negro brasileiro é influenciado pelo pastor estadunidense Martin Luther King que defendia a inserção do negro na sociedade de maneira pacífica. Nessa mesma época, também nos Estados Unidos, Malcolm X e os Pantera Negras defendiam que a inserção do negro na sociedade estadunidense deveria acontecer de maneira violenta.
Martin Luther King
No ano de 1978, o movimento negro brasileiro ganha as ruas e deixa de ser restrito aos membros participantes. O Movimento Negro contra a Discriminação Racial, fundado em 1978, torna-se um marco para outras organizações pois reuniria todos os movimentos criados a partir daí em uma grande pauta: o combate à discriminação.
As lutas da década anterior intensificam-se na década de 1980. Com o fim da ditadura, os movimentos negros ganham força e começam a pressionar para maior participação política. No estado de São Paulo, o então governador Franco Montoro, criou em 1984 o Conselho de Participação da Comunidade Negra. Em 1986, o Movimento Negro Unificado durante a Conferência Nacional do Negro realizada em Brasília dá os primeiros passos para que os preconceitos racial e étnicos tornem-se crimes.
Em 1989, é promulgada a lei 7.716/1989 que determina que discriminação racial e étnica são crimes. Em 2003 é criada a Secretaria Especial de Promoção da Igualdade Racial, a SEPIR, que tem como objetivo promover a inclusão social da população negra. Ainda em 2003, é promulgada a lei 10.639 que determina obrigatoriedade do ensino de história africana.
Em 2006 foi criada a Lei de cotas, sancionada em 2012 que garante um número de vagas reservadas para negros em universidades públicas e concursos públicos.
Embora o movimento tenha agido ao longo dos anos para promover mudanças nas condições de vida da população negra, os negros ainda são vítimas de preconceito social e racial, ainda sofrem preconceito e ainda lutam diariamente contra o preconceito, por isso, a luta dos movimentos negros é constante e de total importância para tentar alterar as estruturas racistas da sociedade brasileira.