Brexit: Tudo o que você precisa saber para o Enem
Entenda o que levou o Reino Unido a deixar a União Europeia e as consequências do Brexit
No fim de janeiro de 2020, após anos de discussões, se oficializou a saída do Reino Unido da União Europeia, o famoso Brexit. O termo Brexit significa, literalmente, saída do Reino Unido (British + Exit, em inglês).
A saída do Reino Unido da União Europeia foi decidida por referendo, em junho de 2016. Quase 52% da população britânica (17,4 milhões) optaram por deixar a União Europeia. Após o resultado acirrado e inesperado, o então primeiro-ministro David Cameron, que era contra o Brexit, renunciou ao cargo.
A União Europeia (UE) é um bloco político e econômico atualmente formado por 27 países, sem o Reino Unido. Os blocos econômicos são associações entre países com o objetivo de fortalecer suas relações socioeconômicas e trazer desenvolvimento mútuo. Dentro da UE é permitida a livre circulação de produtos, pessoas, serviços e capital.
Atenção aos termos!
Reino Unido: País formado pelas nações da Inglaterra, Escócia, País de Gales e Irlanda do Norte. É uma monarquia parlamentarista da Rainha Elizabeth II.
Grã-Bretanha: Nome da maior ilha britânica, que abriga a Inglaterra, o País de Gales e a Escócia.
Inglaterra: Nação pertencente ao Reino Unido.
Por que o Brexit aconteceu?
Essa não foi a primeira vez que os britânicos cogitaram sair do bloco. Em 1975, houve um referendo e a maioria da população decidiu permanecer na União Europeia. Na atualidade, alguns motivos levaram ao Brexit, entre eles:
Liberdade econômica e soberania nacional
O Reino Unido nunca adotou o euro como moeda, mantendo a libra esterlina, e quando a Zona do Euro entrou em crise começaram a se discutir se valia a pena continuar no bloco ou ter mais liberdade econômica para decidir onde seria aplicado os milhões de euros destinados à União Europeia. Além disso, os defensores do Brexit afirmam que submetidos às regras da União Europeia, o Reino Unido teria perdido sua autonomia e soberania nacional.
Crise imigratória e terrorismo
Com a eclosão da Guerra na Síria, milhares de pessoas fugiram para a Europa. Enquanto a crise imigratória acontecia, os ataques terroristas na Europa aumentavam, fazendo com que muitos países quisessem fechar suas fronteiras. O impasse entre abrir as fronteiras para refugiados, assumindo gastos extras e riscos de ataques, e instituir um controle migratório dividiu o bloco.
O caminho até o Brexit
O professor Luis Felipe Valle, do Colégio Oficina do Estudante, explica que, durante as discussões sobre o Brexit, o país se dividiu entre progressistas e conservadores.
Os progressistas eram favoráveis à globalização e à integração econômica, política e social da União Europeia. Já os conservadores, liderados pelo UKIP (Partido de Independência do Reino Unido), se diziam prejudicados por contribuir financeiramente para a recuperação econômica de países em crise na União Europeia, como Grécia e Portugal.
Para sua saída do bloco, o Reino Unido convocou pela primeira vez na história o artigo 50º do Tratado de Lisboa. De acordo com a legislação, após notificado à União Europeia o desejo de sair do bloco, o país tem o prazo de dois anos para realizar um acordo de separação que agrade tanto o Parlamento Britânico como a União Europeia.
Com a demissão de Cameron, quem assumiu a missão de fazer o acordo foi a primeira-ministra Theresa May. Entretanto, seus acordos não tiveram aprovação do próprio Parlamento Britânico e a pressão aumentou, fazendo com que Theresa renunciasse ao cargo, em junho de 2019, quando o prazo já havia sido adiado.
No lugar de May, assumiu o então chanceler Boris Johnson com a missão de aprovar o Brexit dentro do novo prazo, 31 de outubro de 2019. Em seus discursos, Johnson prometeu concretizar o Brexit com ou sem acordo.
Depois de muitas discussões, mudanças de primeiro-ministro e adiamentos, o Brexit se concretizou em 31 de janeiro de 2020. Foi o fim de um casamento de 47 anos. Após o divórcio, as negociações seguem no período de transição que termina no final do ano.
Consequências da separação
Dentro do bloco, há livre circulação de pessoas e mercadorias e direitos em comum. A partir de agora deverá ser definido como ficam o trânsito e os direitos de europeus que moram e/ou trabalham no Reino Unido e vice-versa.
Já as tarifas de importação e exportação de alimentos, remédios e outros devem ser reajustadas. Com uma possível queda na economia britânica, muitas instituições financeiras podem deixar de negociar com o país.
O professor Luis também aponta o risco de fortalecimento de movimentos separatistas na Escócia e, em menor intensidade, no País de Gales e na Irlanda do Norte. Isso porque a maioria da população da Escócia e Irlanda do Norte votou pela permanência na União Europeia.
A Irlanda do Norte, que faz parte do Reino Unido, e divide território com a Irlanda, país independente que continua na União Europeia. Para ser independente, os irlandeses travaram décadas de uma guerra territorial e religiosa. De um lado havia maioria irlandesa católica que queria a independência e, de outro, o norte protestante e apoiador do governo britânico.
O estabelecimento de fronteiras entre as Irlandas e um dos pontos delicados do Brexit. Já que a livre circulação entre os países foi firmado no acordo de paz em 1998.
O que estudar para o Enem?
Pensando no Enem e outros vestibulares, o professor Felipe recomenda que os estudantes entendam a importância dos blocos econômicos: “Eles fortalecem regionalmente países subdesenvolvidos, periféricos ou mesmo aqueles que possuem menor força política, militar e econômica frente às potências tradicionais, como Estados Unidos, Rússia e China”.
Os alunos também precisam ficar ligados na polarização entre movimentos conservadores e nacionalistas de um lado e correntes progressistas e internacionalistas de outro, que remontam ao cenário bipolar da Velha Ordem durante a Guerra Fria.
“O exemplo pode funcionar, também, para pensar na importância de fortalecer as relações entre os países do Mercosul, bloco do qual o Brasil é fundador e do qual sempre foi importante liderança, e que tem se enfraquecido ao alinhar-se com o discurso antiglobalização de lideranças políticas atuais”, conclui o professor.
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