Metaverso na universidade? Veja as instituições que já aderiram
Entenda o que é o metaverso e como ele poderá influenciar a área da educação, sobretudo nas universidades e cursos superiores
O metaverso é um termo que vem sendo cada vez mais usado nos últimos anos e, consequentemente, as dúvidas e inquietações sobre o tema também. Atualmente, além de marcar presença nas inovações relacionadas às redes sociais, economia, internet 5G e na própria tecnologia em si, o metaverso passa a ser, cada vez mais, uma realidade dentro da área educacional.
Entrando na onda de inovação e com a promessa de possibilitar a “sala de aula do futuro”, recentemente algumas instituições de ensino superior anunciaram que já garantiram o seu espaço ou aderiram ao uso do metaverso, como é o caso da Universidade de São Paulo (USP) e da Fundação Instituto de Administração (FIA Business School), ambas localizadas na capital paulista.
Embora a consolidação de um mundo totalmente digital na educação a partir do metaverso esteja em construção e ainda deva percorrer um longo caminho no país, as iniciativas dessas instituições já demonstram uma tendência de crescimento nesse ramo em um futuro próximo. Confira abaixo o cenário do metaverso no país e como o recurso pode impactar na área educacional!
Aproveite para entender tudo sobre metaverso aqui: Atualidades: Metaverso
Leia mais: Mensalidade nas universidades públicas: veja a opinião de especialistas e estudantes
+ 10 profissões em alta na área de Tecnologia
Mas, afinal, o que é o metaverso?
Embora tenha ganhado grande repercussão nos dias atuais, o termo ‘metaverso’ foi criado há quase 30 anos, quando a internet ainda estava se estabelecendo, pelo escritor norte-americano Neal Stephenson, que o citou em seu livro de ficção científica chamado “Snow Crash”. Posteriormente, a expressão ainda foi mencionada em uma palestra do CEO da Microsoft, Satya Nadella, ocorrida em uma conferência em maio de 2021.
Mas a grande visibilidade sobre o assunto veio de fato quando o criador do Facebook e dono também do WhatsApp e Instagram, Mark Zuckerberg, anunciou a mudança de nome da empresa para Meta e revelou que o grupo estaria desenvolvendo um metaverso: mundo virtual em que as pessoas interagem entre si por meio de seus próprios avatares digitais 3D e outras tecnologias, como a realidade aumentada e virtual, sensores de movimento, criptomoedas, dentre outros.
Na prática, é basicamente como se você estivesse dentro de uma internet incorporada, uma representação virtual do mundo real, capaz de interagir com todas as pessoas que você conhece e administrar sua rotina. Entretanto, para aqueles amantes de The Sims, Zuckerberg explica que o metaverso vai além de uma realidade virtual de jogos de computador, embora estes sejam partes importantes do todo.
Veja também: 5 cursos técnicos da área da tecnologia que mais empregam
+ Atualidades Enem: Internet 5G
O que o metaverso possibilita?
Indo além de um jogo, o recurso pode transformar e impactar no dia a dia da vida real das pessoas. “No metaverso, você será capaz de fazer quase tudo que você possa imaginar: reunir-se com amigos e família, trabalhar, aprender, brincar, fazer compras, criar, bem como experiências completamente novas que realmente não se encaixam na forma como pensamos sobre computadores ou telefones hoje”, afirmou Zuckerberg em entrevista ao portal The Verge.
Segundo o pronunciamento da companhia de Zuckerberg, já foram investidos mais de US$ 50 milhões na criação desse novo universo digital. O fundador do Facebook ainda esclarece a importante habilidade do metaverso de melhorar a sensação de presença entre as pessoas que estão longe, tornando-a mais natural e confortável do que aquelas permitidas por videochamadas:
“As interações que teremos serão muito mais ricas, parecerão reais. No futuro, em vez de apenas fazer isso por telefone, você poderá se sentar como um holograma no meu sofá, ou eu poderei sentar como um holograma no seu sofá, e vai realmente parecer que estamos no mesmo lugar, mesmo se estivermos em estados diferentes ou a centenas de quilômetros de distância. Acho que isso é muito poderoso”, disse.
Alex Buelau, diretor de tecnologia da Parfin, empresa brasileira do mercado de criptomoedas (tipo de dinheiro totalmente digital), afirma que, o avanço da tecnologia 5G e suas conexões ultrarrápidas, interligado com o crescimento da capacidade de processamento de dados de computadores e celulares gera um bom panorama para o desenvolvimento do metaverso. Ele também dá um exemplo de como o recurso impactará na forma que nos comunicamos hoje:
“Nas plataformas tradicionais de reunião por vídeo, por exemplo, o que vemos basicamente é um álbum de fotos em que podemos ver e ouvir o outro. No 3D do metaverso, você vira a cabeça, você vê o corpo da outra pessoa sentada em uma mesa e você tem a sensação que está lá mesmo. Sensorialmente, isso faz uma diferença gigante”, explicou em entrevista ao portal Valor Investe.
Entretanto, para além das atividades rotineiras, o metaverso traz grandes implicações a praticamente todos os setores e áreas da sociedade. Falando apenas da saúde, por meio dele, por exemplo, é possível melhorar a aprendizagem de estudantes da saúde e dos próprios profissionais a partir da simulação de procedimento cirúrgicos e de atendimento a emergências, estudo da anatomia do corpo humano, doenças e organismos em 3D animado, além de, claro, ampliar os diagnósticos a distância, com atendimentos de qualquer lugar do mundo.
Veja mais: Biotecnologia: saiba tudo sobre essa profissão
+ Veja qual faculdade é mais fácil de passar em Medicina
Metaverso nas instituições brasileiras
Na FIA Business School já é possível participar de uma sala de aula a partir do metaverso: em suas aulas, a professora e diretora do núcleo Labdata da FIA, Alessandra Montini, usa óculos de realidade virtual para ensinar e se encontrar com seus alunos virtualmente, no espaço criado. Caso o aluno ainda não possua o aparelho, sem problemas, pois também dá para entrar para o espaço por meio de videochamada.
“Para eles é uma experiência incrível. Não estamos falando de um mundo ‘chapado’, e sim de um universo diferente. O aluno pode participar de casa, deitado na cama, quando é transportado para a sala de aula. Ali, ele anda, fala, bate palma e interage com os colegas, enquanto escrevo na lousa, passo uma apresentação e tiro dúvidas”, explicou Alessandra em entrevista ao portal Exame.
A diretora conta que, apesar da interatividade e inovação, uma aula dentro do metaverso se constitui como um grande desafio para os educadores, que precisam saber toda a matéria de cor, acompanhar as expressões dos avatares e ainda controlar todos os recursos tecnológicos disponíveis. “Dar uma aula no metaverso é como uma maratona. Tem de parar uns 15 minutos e descansar depois”, afirma.
Leia mais: Inteli oferece 100 bolsas de estudo para cursos na área de tecnologia em 2022
+ Tecnologia na educação: entenda os benefícios e desafios
Universidade de São Paulo
No caso da USP, por enquanto a universidade ainda não conta com aulas sendo ministradas essencialmente no metaverso. O que ocorreu foi que, por meio da parceria firmada com a United States of Mars (formalmente conhecida como Radio Caca – RACA), a instituição recebeu um NFT (Non-Fungible Token, ou token não-fungível), que pode ser explicado como um ativo criado a partir da tecnologia que garante a posse de um bem exclusivo, que nenhuma outra pessoa tem.
Por sua vez, o NFT corresponde a uma “terra virtual” dentro do metaverso, ou seja: um ambiente de realidade virtual, aumentada ou mista, dentro do qual será possível construir diferentes espaços voltados para a interação dos usuários (que podem ser os alunos, os professores, os pesquisadores, visitantes, dentre outros).
Desta forma, a universidade se consagra como a primeira da América Latina a ter uma parceria com a RACA para apoiar na construção do seu metaverso. A parceria, inicialmente desenvolvida pelos pesquisadores da Escola Politécnica da USP, deve ir muito além da engenharia e envolver a colaboração de uma grande variedade de áreas de conhecimento, uma vez que os mecanismos internos ao metaverso também podem ser objeto de pesquisa nas áreas de economia, direito, medicina, comunicação, artes, dentre outros.
Para se ter ideia do amplitude que o recurso abrange, algumas das áreas que podem ser estudadas e desenvolvidas pelos pesquisadores são: modelagem 3D, realidade virtual/ aumentada que “recriam” o espaço real da universidade dentro da plataforma; avaliação do aprendizado e comportamento dos alunos em aulas e interações dentro da realidade virtual pelos pesquisadores de educação e psicologia e, ainda, a eficácia de diferentes dispositivos de realidade virtual para acesso ao próprio metaverso, o que pode ser analisado pelos acadêmicos das áreas tecnológicas.
Confira: 12 citações sobre tecnologia para usar na redação
+ 10 profissões com os maiores salários na área de tecnologia
As principais bolsas de estudos para você com a Quero Bolsa!
Mostrando bolsas de estudos em "São Paulo"
Não encontramos bolsas de estudos para a cidade selecionada.
Qual a realidade do metaverso na educação?
Atualmente, empresas e universidades nos Estados Unidos, China, México e partes da Europa já têm investido em oferecer treinamentos e cursos com aulas exclusivamente a partir da realidade virtual. Além de todas as possibilidades que o recurso permite, as instituições destacam a grande vantagem de poder receber alunos e funcionários de todo o mundo.
Agora, falando especificamente do Brasil, embora a pandemia da covid-19 tenha trazido a necessidade de implementação de recursos tecnológicos e plataformas de ensino a distância para muitas escolas, faculdades e universidades, o avanço do metaverso na área educacional do país ainda encontra fortes desafios.
Conforme explica a doutora em Educação pela USP, com especialização em Tecnologias Digitais Aplicadas à Educação, Luciana Allan, o recurso ainda levará um tempo para se estabelecer de fato nas salas de aula do país e estar presente no dia a dia dos estudantes e professores.
“Antes de pensarmos no metaverso, é preciso entender que ainda não temos tecnologias que permitam usufruir de todas as possibilidades que ele traz. Para isso, são necessários equipamentos sofisticados, o que não é uma realidade no Brasil”, relata em entrevista ao portal Abc do Abc.
Na opinião da especialista, embora o metaverso possa se tratar de uma nova forma de ensinar e trabalhar, muitas pessoas ainda não tem conhecimento sobre o recurso e podem ter grandes dificuldades de acompanhar profissionalmente toda a revolução digital e virtual que poderá ocorrer.
Portanto, será necessário prover acesso à informação e investir em um processo de formação dos educadores, para que aprendam primeiro a lidar com essa nova tecnologia e entendam todas as possibilidades oferecidas para que, posteriormente, esse mundo virtual/real seja trazido para o contexto educacional de forma benéfica.
Veja também: Gosta de Tecnologia? Conheça os 10 cursos técnicos do eixo de Informação e Comunicação
+ Pós-Graduação em TI: conheça 7 cursos de especialização em Tecnologia
+ Os 10 melhores cursos de Análise e Desenvolvimento de Sistemas EaD, segundo o MEC