Universidades com maior presença de alunos negros no Brasil, segundo o MEC
Somente 24,1% das universidades com mais matriculados no Brasil possuem taxa de alunos negros superior à média da população negra nacional, que é de 50,7%
Entre as universidades brasileiras com mais de 10 mil alunos matriculados, apenas 40 possuem a taxa de representatividade de negros superior à média da população negra no país. Esse número representa somente 24,1% das instituições com esse perfil, sendo elas 23 públicas e 17 privadas.
Os números foram levantados pelo Quero Bolsa, plataforma de inclusão de estudantes no Ensino Superior, com os dados do Censo da Educação Superior de 2018, disponibilizados no último mês de setembro pelo Ministério da Educação.
De acordo com o Censo Demográfico de 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a taxa da população negra no Brasil, isto é, pretos e pardos que vivem no país, é de 50,7%. Em treze estados brasileiros, a média de alunos negros em instituições de Ensino Superior é superior à taxa dessa população nacional. Todos estados localizados nas regiões Norte e Nordeste.
Metade das 40 universidades que possuem a taxa acima da média nacional da população negra está localizada no Nordeste. As regiões Norte e Centro-Oeste contam com sete instituições nessa lista, seguidas pela região Sudeste, com seis. A região Sul não tem nenhuma universidade com presença de alunos negros superior à taxa da população negra do Brasil.
A lista de representatividade negra é encabeçada pelo Centro Universitário Planalto do Distrito Federal (Uniplan), onde 84,3% dos estudantes são negros. Em seguida, está a Universidade Federal do Piauí (UFPI), com uma taxa de 79,7%, seguida pela Universidade Federal de Sergipe (UFS), o Centro Universitário Fametro e o Centro Universitário do Norte (Uninorte), com taxas de 77,7%, 75,4% e 72,2%, respectivamente.
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Veja a lista com as 40 universidades com maior representatividade de alunos negros:
*Universidades públicas da lista.
– Alunos autodeclarados “pretos” e “pardos” são considerados “negros”.
– A Revista Quero incluiu as universidades com mais de 10.000 alunos matriculados, segundo o MEC.
– Foram incluídos apenas os estudantes com o status “Cursando” e “Formado” apresentado no Censo de 2018.
Universidades com menos alunos também se destacam
Entre as universidades que possuem mais de 1 mil alunos, o destaque vai para duas universidades da Bahia que possuem quase sua totalidade de estudantes pretos e pardos. São elas Faculdade Santo Antônio (FSA) e Faculdade São Salvador (FSS). A porcentagem de negros em cada uma das universidades é de 99,5% e 99,4%, respectivamente.
Outras sete instituições contam com mais de 90% de representatividade de estudantes negros em seu corpo discente: Centro Universitário Ateneu (UniAteneu), Centro Universitário Dom Pedro II, Instituto de Ensino Superior Múltiplo (IESM), Faculdade Superior de Ensino Programus (ISEPRO), Faculdade Paraíso do Ceará (FAP), Faculdade da Amazônia (FAAM) e Faculdade Dom Pedro II de Tecnologia (FAB).
Em números absolutos, a universidade que mais possui estudantes negros no Brasil é a Universidade Paulista (Unip), que tem 145.284 alunos pretos e pardos, número que representa 33,7% dos matriculados da instituição paulista.
Representatividade negra nas universidades
Na última década, a representatividade negra nas universidades brasileiras cresceu cerca de quatro vezes, mas, segundo os dados, segue inferior à taxa nacional. O número de alunos negros, que representava 8,9% em 2009, chegou a 35,8% do total de universitários matriculados em 2018. Em números absolutos, o número atual é quase seis vezes maior, saltando de pouco mais de meio milhão em 2009 para 3.027.572 estudantes negros em 2018.
Apenas cinco estados brasileiros contam com uma média inferior à média nacional de 35,8% de estudantes pretos ou pardos vinculados à alguma universidade: Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina.
Desde que a Lei de Cotas foi promulgada no Brasil, em 2012, a presença de negros nas universidades do país passou a crescer exponencialmente. De 2009 para 2012, o crescimento foi de apenas 4,4 pontos percentuais, chegando a 13,3%. De 2012 para 2018, esse aumento foi para 22,5 pontos percentuais, alcançando a taxa atual de 35,8%.
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